segunda-feira, 19 de dezembro de 2011


A influência da energia elétrica no nosso organismo:
Thomas Edison inaugura nova era da puberdade precoce
Leonardo de Souza Vasconcellos, Marília de Freitas Maakaroun
Centro de Atenção à Saúde do Adolescente (CASA) da Fundação Libanesa de Minas Gerais
Faculdade de  Ciências Médicas de Minas Gerais

Introdução
Com a descoberta da lâmpada elétrica por Thomaz Alva Edison em 1879, inaugurou-se uma revolução radical no ritmo circadiano. Com a possibilidade de prolongar o período de vigília, ficar acordado até mais tarde, trabalhar à noite e adquirir aparelhos eletromagnéticos, o homem passou a ficar mais tempo em contato com a luz artificial. Uma vez questionada que a exposição prolongada à luz pode contribuir com maior tempo de inativação da glândula pineal e, consequentemente, menor atuação da mesma sobre as diversas funções fisiológicas, principalmente, no que se refere a inibição do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, o desenvolvimento da puberdade estaria ficando, iatrogenicamente, cada vez mais precoce com o avançar da história, em contraposição à teoria de que o ambiente cada vez mais favorável facilitaria a expressão fenotípica do evento genético do início da puberdade.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

NARCISISMO



Atualmente temos ouvido dizer que nossa sociedade “está muito narcísica”, ou que as pessoas “estão muito narcisistas”. O que viria a ser isso?

O conceito de narcisismo tem sido empregado de modo diverso. Comumente é associado a egoísmo, auto-admiração,  a auto-imagem  e auto-erotismo.  Para a psicanálise, o narcisismo faz parte do processo do desenvolvimento psíquico do sujeito. Freud o utilizou para responder ao funcionamento das fases primárias do psiquismo infantil, bem como o colocou como um dos mecanismos de defesa que o sujeito utiliza para lidar com o mundo.

sábado, 3 de dezembro de 2011


SOCIEDADE 
ENTREVISTA  
A era do bebê turbinado

Para o neurologista Saul Cypel, está provado que crianças hiperativas são fruto de pais ansiosos e desencontros familiares contornáveis



 Revista Época, 04 de julho de 2001, p. 60 e 61.
                   
 por: CRISTIANE SEGATTO

Há três décadas, Saul Cypel, espe­cialista em neurologia infantil observa crianças hiperativas. É impossível não notar a chegada de uma delas ao consultório. O alvoroço logo toma conta da sala de espera. Quase simulta­neamente, arrastam cadeiras, avançam sobre lápis e canetas, pulam sem parar. A inquietude e o interesse pulverizado costumam ser interpretados pelos pais como sinais de vivacidade. Para Cypel, de 58 anos, pai de quatro filhas adul­tas, podem ser indícios de hiperativi­dade e dificuldade de atenção. O proble­ma é sério. Aparece nos primeiros meses de vida e desencadeia dificuldades de aprendizado e convivência social ao lon­go da vida. O neurologista explica que o distúrbio pode ser revertido com acom­panhamento adequado e, só em alguns casos, prescrição de medicamentos.

ÉPOCA: Por que as crianças de hoje se tor­nam hiperativas e desatentas? A culpa é dos pais ou do meio em que vivem? 

Saul Cypel: Tentar atribuir culpas não é uma boa estratégia. O comportamen­to da criança nasce da conjunção de fa­tores familiares com individuais. É difí­cil determinar a origem exata do pro­blema. Vemos famílias com três filhos nas quais apenas um é hiperativo. Tudo depende da interação de cada crian­ça com o ambiente em que vive. No en­tanto, notamos semelhanças na história dos hiperativos. Em geral, são crian­ças geradas em uma gravidez difícil, num ambiente cheio de ansiedade. Já nos primeiros meses, o bebê mostra­se inquieto. Com 2, 3 meses tem dificuldade para dormir. Acorda muitas vezes à noite. A solicitação da criança é tamanha que os pais ficam exauridos.



quarta-feira, 30 de novembro de 2011


O Seminário Idade Penal para Adolescentes, que aconteceu ontem, 29 de novembro de 2011, no Auditório da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais foi um sucesso. Alcançou o objetivo esperado de discutir de forma ampla e multidisciplinar sobre a questão da proposta de Redução da Maioridade Penal. Os conferencistas contribuíram com visões e reflexões em torno desta problemática, apontando que cabe a família e à sociedade cuidar das crianças, para que elas possam chegar à adolescência e, acima de tudo, ter uma adolescência feliz enquanto seu desenvolvimento biopsicosocial estiver por ser “concluído”.  E sabe-se, por fundamentação científica, que este desenvolvimento não se faz antes dos 18 anos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011


ESTRESSE NA INFÂNCIA: A SÍNDROME DO PEQUENO EXECUTIVO

Crianças e adolescentes com a agenda mais carregada do que a dos pais, sem tempo para brincar, apáticos, mal-humorados e introspectivos. Este perfil é cada vez mais freqüente e pode caracterizar uma criança estressada, que acabou absorvendo as ansiedades e expectativas de seus próprios pais. O mais grave no estresse infantil é que os pais demoram a perceber o problema. “estas crianças só são levadas ao médico especialista quando começam a atrapalhar a rotina e a relação familiar ou quando tornam-se agressivas demais para serem notadas”, diz o Dr. Bernik. No entanto, esta falta de atenção pode ter conseqüências bem mais graves do que as doenças psiquiátricas ou físicas: o suicídio. No Brasil ainda não há estatísticas gerais, mas no National Institute for Mental Health (NIMH - EUA) patrocionou uma série de estudos no começo da década de 90 e constatou que, em 1991, o suicídio infanto-juvenil já representava 0,3% das causas de morte nas crianças e adolescentes entre 5 e 14 anos, e 14% de todas as mortes na faixa etária entre 15 e 19 anos – a segunda causa geral de óbitos nessa idade. Na maioria das vezes, o jovem age por impulso e, em quase todos os casos, as principais causas são o medo de punição dos pais face ao mau rendimento escolar ou dos castigos impostos pelos colégios.

domingo, 13 de novembro de 2011


Adolescente em conflito com a lei, o que precisamos reduzir?

Raquel Assunção Silveira
Psicóloga – PUC/MG 1995, Pós Graduada em Educação Social  - UNISAL/Campinas – 2002, Mestranda em Administração Pública com ênfase  em Gestão de Políticas Sociais – 2006/2007, Diretora do Centro de atendimento ao Adolescente - CEAD  - BH/MG

Reduzir a idade penal tem sido a solução apontada pelo senso comum para a diminuição da violência que envolve o adolescente em conflito com a lei. Reduzir é um verbo adequado para a questão, porém é necessário descobrir de fato o que é preciso reduzir e o que é preciso ampliar para superar as causas diversas da violência. 

Na problemática do adolescente em conflito com a lei convergem fatores socioeconômicos, culturais, familiares, individuais e institucionais. Esses adolescentes têm perfis diversos e trajetórias diferenciadas ainda que se possa perceber situações sociais similares marcadas no limite pela pobreza, exclusão e desigualdades.

Da inconstitucionalidade da redução da maioridade penal



Transcrevo abaixo, artigo que trata da inconstitucionalidade da redução da maioridade penal.

 Por: Josué de Matos Ferreira - Acadêmico do 10º Período do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Ubá/MG – UNIPAC; Estagiário do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
Artigo publicado no link: http://www.modusfaciendi.com.br/eca.pd visitado em 13/11/2011, as 10:07 horas - Publicação da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Ano II - Edição Especial, Outubro – 2007, ISSN 1809-8673

Da inconstitucionalidade da redução da maioridade penal
 “É MELHOR prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve procurar
antes impedir o mal do que repará-lo, pois uma boa legislação não é senão a arte de proporcionar aos homens o maior bem-estar possível e preservá-los de todos os sofrimentos que se lhes possam causar, segundo o cálculo dos bens e dos males desta vida”.

Cesare Beccaria
1. Introdução

Movida pelo clamor e profunda comoção social, atrelada aos auspícios de um pensamento massificado pela mídia, é recorrente a intenção de alguns parlamentares – ao menos em discurso – à redução da maioridade penal.

Trata-se de resquícios de um direito penal máximo, que vem perdendo força, progressivamente, nos ordenamentos jurídicos contemporâneos, substituído por medidas de reeducação social, atreladas a políticas públicas sociais e de descriminalização de condutas.

Essa nova mentalidade vem evoluindo desde o pensamento de Michel Foucaut e Cesare Beccaria, propondo uma reflexão acerca da legitimidade do jus puniendi e da efetividade da pena. Muito evoluiu a civilização humana no que se refere ao abandono das penas cruéis. Constatou-se que, apesar de a dosimetria da pena necessariamente dever ser conjugada à lesividade e gravidade da conduta praticada, muito mais importante o aspecto ressocializador e reeducador da intervenção ativa do Estado em face da prática delituosa (incluindo aqui tanto a pena quanto as medidas protetivas e socioeducativas) do que a gravidade do “castigo” aplicado.

Nosso ordenamento pátrio não deixou de acompanhar tal evolução. Desde a promulgação da Constituição da República de 1988, cujo corpo de direitos individuais e sociais fez com que fosse conhecida como “Constituição Cidadã”, foram editados diversos diplomas normativos com essa nova mentalidade. Notadamente a lei dos juizados especiais criminais (lei 9.099/95) e o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), associados à reforma da parte geral do Código Penal (que autoriza, e. g., a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos), são sinais do rumo tomado pelo legislador brasileiro.

Entretanto, como, em se tratando de uma sociedade capitalista e consumista, mais aparentemente fácil é isolar, marginalizar, excluir, segregar, que efetivamente compreender, trabalhar e transformar condutas, a sociedade não tem alcançado a plena acepção dessa nova política criminal. Diante das alternativas de
reeducar um infrator ou depositá-lo à margem do convívio social, infelizmente a sociedade não titubeia em optar pela segunda. Não obstante esses e outros desvalores sociológicos e filosóficos que renderiam uma discussão infinitamente mais aprofundada sobre o tema2, , o presente artigo se propõe a uma análise jurídica acerca da possibilidade ou não da redução da maioridade penal no ordenamento jurídico brasileiro.

sábado, 12 de novembro de 2011


FILHOS AUTORITÁRIOS DE PAIS OBEDIENTES

Parece que, atualmente, um dos maiores problemas dos educadores, sejam eles pais ou professores, tem sido o de entender como praticar uma educação democrática com seus filos ou alunos. Na teoria, tudo parece ser muito simples. Mas ali, no dia-a-dia em que a educação acontece, a coisa se complica, e os alunos se atrapalham. Por que? Porque na verdade não é mesmo nada fácil educar levando em consideração a participação de quem está sendo educado.

Todos conhecem o tipo de educação autoritária, em que criança ou adolescente tem apenas uma coisa a fazer: cumprir o que lhe é determinado. Nesse tipo de educação nada mais importa, a não ser o que os pais querem que ele faça. Se é bom ou não para ele, se ele consegue ou não atender o que é dele exigido, se o jeito de ele ser tem a ver com o que ele tem que fazer e do modo como tem que fazer, nada disso é considerado. Vale apenas uma coisa: a convicção e a certeza dos pais, ou professores, de que isso é bom para ele. E ainda tem gente que sente saudades do tempo em que a educação praticada era essa! Nesse tipo de educação o que importa é a obediência. Dos filhos!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011


Pai não tem que ser o homem ... e mãe não precisa ser a mulher.

A orientação sexual dos pais não faz diferença na educação da criança: o que importa é cada um exercer uma função diferente.

Uma criança não precisa de um homem e uma mulher, necessariamente, para que seja educada da melhor maneira. Mães não precisam ser mulheres, nem pais precisam ser homens. Desde que cada um cumpra sua função, é perfeitamente possível que uma família constituída por pais homossexuais eduque seus filhos de maneira saudável, sem nenhuma diferença entre famílias cujos pais são heterossexuais.
Em um estudo qualitativo, mostramos, a partir de fragmentos de discursos de casais homossexuais com filhos, e embasados na teoria de Lacan, que o desenvolvimento mental (ou psíquico) de uma criança criada em um lar assim não seria nada diferente do modelo familiar tradicional.

sábado, 5 de novembro de 2011


REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Está em tramitação no Congresso um projeto de lei que regulamentaria a menoridade penal. Um adolescente de 16 anos seria um cidadão com direito a dirigir automóveis, consumir bebidas alcoólicas, viajar para o exterior, bem como seria punido segundo os seus crimes. É interessante notar que a lei tem visado atingir, especialmente a punição dos delitos cometidos por adolescentes, mas uma minoria de adolescentes na sociedade é que cometem crimes. A grande maioria deles, tendo acesso a habilitação, bebidas alcoólicas, etc, uma vez que sejam liberados legalmente, utilizariam dos seus direitos sem restrições.  Se a adolescência é uma fase de curiosidades, experimentações, desafios e riscos, onde o pensamento mágico do adolescente diz a ele: "Comigo isso não vai acontecer!" ao mesmo tempo em que a impulsividade e o imediatismo predomina, será que aos 16 anos o adolescente realmente conseguirá utilizar desses direitos com responsabilidade?   Essa é uma das questões que eu gostaria de ver discutida pela sociedade em geral.  Dra. Marília de Freitas Maakaroun, referência em adolescência em Minas Gerais e a sua equipe tem buscado mobilizar a sociedade para discutir esse tema, já que dentro dos próximos 100 dias poderá ser votado no Congresso esse projeto que passará, então, a ser Lei.
Como poderíamos mobilizar a sociedade para uma discussão? Deixe aqui a sua opinião.

domingo, 30 de outubro de 2011

Trabalho Intelectual: proteção e resiliência para o adolescente

Resumo da comunicação apresentada na VI EIDE - Encontro Ibero Americano de Educação, na cidade de Araraquara, em 28/10/2011, por Eliana Olimpio, Adriana Caetano Olimpio e José Antônio Baeta Zille.

TRABALHO INTELECTUAL: proteção e resiliência para o adolescente.



Sabemos que a adolescência é uma fase de transição na vida da pessoa. É uma fase de intensas mudanças tanto do ponto de vista biológico, quanto psicológico e social. O adolescente sai de um estado de total dependência para um estado de relativa autonomia. Utiliza do seu desenvolvimento cognitivo e emocional para ampliar seus contatos sociais, saindo de um estado de inatividade para um momento de produtividade. Todos esses aspectos vão contribuir para o amadurecimento psicológico do jovem, dirigindo-o para a fase adulta.

É claro que ele ainda depende em muito da orientação dos adultos e é por isso que o adulto deve estimulá-lo a exercitar essas faculdades, bem como facilitar o seu desenvolvimento. 

Por ser um momento em que o jovem quer explorar uma variedade de situações das quais ainda não experimentou ele muitas vezes pode se colocar em situações de risco. Se o adolescente não é resiliente, ele terá maiores dificuldades em superar e sobreviver às exigências do cotidiano, às pressões e restrições sociais, às crises familiares ou a um entorno negativo, ficando assim, susceptível a possíveis vulnerabilidades.

Nesse sentido, entender quais os fatores e recursos favoreceria a superação dos problemas desta população e quais intervenções preventivas estão disponíveis na escola e na comunidade passa a ser um objeto de investigação. O que se sabe, de antemão, é que a educação e o trabalho se constituem como algumas das formas de intervenções preventivas que poderão ser consideradas como redutores de possíveis disfunções ou desordens na vida do adolescente.  

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Transcrevo abaixo relato de caso, editado na revista do Curso de Especialização em Adolescência, 1a Jornada de Pesquisa em Adolescência em Belo Horizonte, dias 02 e 03 de julho de 1999.
Para preservar identidade da adolescente, iniciais do nome, data, horários e resultados de exames foram omitidos.

RELATO DE CASO: GRAVIDEZ AOS 11 ANOS
Maternidade Hilda Brandão – Serviço Dr. Sinval Ferreira de Oliveira
Adriana Biagioni de Almeida Magalhães Carneiro, Cristina Maria Abud Seabra Matos
Agradecimentos aos professores Mário Dias Corrâ e José Mariano Sales Alves Jr.

RESUMO
O presente artigo relata um caso de gravidez em uma adolescente de 11 anos, na qual não ocorrera menarca, colocando em discussão as implicações materno fetais da gravidez na adolescência.
Palavras chave: gravidez na adolescência.

sábado, 15 de outubro de 2011


ADOLESCÊNCIA E CONTEMPORANEIDADE

O ser adolescente sempre existiu, mas o comportamento “adolescente”, com todas as suas características e significados vêm mudando de época em época. Segundo Philippe Ariès, a descoberta da adolescência propriamente dita se deu a partir do momento em que se criaram escolas para educar os filhos e estes, aglomerados por faixa etária, demonstravam comportamentos típicos, diferentes de outros grupos.

Assim nasceu a nomenclatura “adolescência”. Adolescer significa maturar, e compreende aspectos como maturação física com possibilidade do exercício sexual e da reprodução, construção da identidade e possibilidade de produzir algo que possa ser dirigido para a sociedade, como o trabalho, criações artísticas ou outras atividades.

Essas características são universais e de acordo com cada cultura o jovem passa por rituais que marcam a sua passagem da infância para a adolescência. É conhecido os rituais tribais, em que o adolescente se submete a práticas em que deverá demonstrar força, coragem e inteligência.

Na sociedade contemporânea, os rituais de passagem dos adolescentes acompanha o avanço tecnológico e as influências do sistema, como as provas de vestibular para ingresso na universidade, tirar a carteira de motorista, o título eleitoral, os bailes de formatura, os bailes de debutantes, as viagens com os grupos de amigos sem a presença dos pais e outros.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011


Excelente texto da jornalista Leila Ferreira

Estamos obcecados com "o melhor".  Não sei quando foi que começou essa mania, mas  hoje só queremos saber do "melhor".

Tem que ser o melhor computador, o melhor carro,  o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor  operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.

Bom não basta. 

domingo, 9 de outubro de 2011


Trabalho publicado na revista do NETE – Jul/dez – 2006, vol. 15 no. 2 - Trabalho & Educação, ISSN 1516-9537, editada pela FAE-UFMG

TRABALHO E EDUCAÇÃO: EM BUSCA DE UMA SÍNTESE
Work and Education: In search of a synthesis

SILVA, Gilmar Pereira da[1]
Resumo
O presente trabalho é resultado parcial de levantamento bibliográfico de tese de doutorado do autor, intitulada “Trabalho, Educação e Desenvolvimento: O norte da educação da CUT na Amazônia”. O artigo busca refletir a respeito da relação Trabalho, Educação e Desenvolvimento, tendo como referência o trabalho como princípio educativo.
Palavras-Chave: Trabalho; Educação; História

ABSTRACT
The present work is a partial resulto f a bibliographical survey of author’s doctorate thesis, entitled “Work, Education and Development: The nort of the education of the CUT in the Amazon Area”. The article searches to reflect on the relation Work, Education and Development, having as reference the work as educative principle.
Key-words: Work; Education; History.


[1] Professor adjunto de Sociologia UFPA

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Transtorno Afetivo Bipolar ou Ciclotimia

Este artigo procura, através do olhar psiquiátrico e psicanalítico, discorrer sobre o Transtorno Afetivo Bipolar, também chamado Psicose Maniaco Depressiva (PMD) e que tem como característica principal uma alteração do estado de ânimo ou humor.
Ao longo da história da psiquiatria, este trasntorno recebeu várias denominações, quais sejam, transtornos afetivos, psicose maniaco depressiva, transtorno bipolar, ciclotimia, transtorno com episódio mixto e outros. Foi Kraeplin que em 1899, na Alemanha, denominou pela primeira vez  o transtorno bipolar como Psicose Maníaco Depressiva por revelar-se uma sintomatologia compatível com faces diferentes da mesma moeda. Atualmente,  a  expressão psicose  maníaco-depressiva entrou em desuso e foi substituída por   Transtorno  Afetivo  Bipolar  com  sintomas  psicóticos ou Transtorno Esquizoafetivo, para os casos em que os sintomas psicóticos são muito persistentes.

sábado, 23 de julho de 2011

ADOLESCÊNCIA: UMA REEDIÇÃO DA INFÂNCIA

Marília de Freitas Maakaroun*


“Tem-se a impressão que a cada época corresponderia uma idade privilegiada...: a
juventude, a idade privilegiada do século XVII; a infância, do século XIX e a adolescência, do século XX..”.
Philippe Ariès)(1975)

“Crescer é por natureza um ato agressivo.”
Winnicott,(1950-5)


1.1. Reflexões conceituais:
O reconhecimento de uma etapa da vida, marcada pela transitoriedade, entre a infância e a idade adulta sempre existiu em todas as sociedades e durante todas as épocas da história. Mas as fronteiras da adolescência têm variado, apesar de que, em um passado relativamente recente, ela ainda tenha permanecido como um período curto da existência sincreticamente unido à infância e à juventude. 

domingo, 17 de julho de 2011

Automutilação: a forma dolorosa de falar

A sociedade contemporânea é definida como a era da comunicação e da abundância de bens materiais.  Estamos inseridos num mundo onde existe muito barulho e, muitas vezes, fazemos barulho para evitarmos o silêncio. Preenchemos com os objetos e com o barulho as lacunas que nos sugere falta, não presença, solidão. Ora, onde existe o barulho e acumulo de objetos não é possível a partilha, o diálogo, o entendimento, a humanidade. 

Para que haja humanidade é preciso que haja encontro, e os encontros se dão quando um espera do outro algo. Para que haja encontro é necessário demandar. É comum as pessoas fugirem do encontro com os outros e consigo mesmas, fugirem da possibilidade de falar. Por outro lado, quantos necessitam falar e não lhes é dado a palavra, ou não têm como dizer – não encontram palavras. 

A automutilação seria uma dessas formas de gritar, tentativas de se comunicar, de dizer da dor e do sofrimento apesar da falta de palavras ou da falta de escuta. Se por um lado, faltam palavras, talvez,  por outro, hajam excessos que devam ser cortados.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ressaca Moral

Quero compartilhar com vocês reflexões de uma psicóloga, Luciana Gaudio*, que achei muito interessante.
Espero que apreciem.
Ressaca Moral
Muitas vezes queremos tomar certas atitudes, adotar determinados modelos de comportamento, melhores que os atuais, mas não conseguimos, pois, o simples ato da vontade (embora seja o passo inicial e fundamental) não faz com que deixemos para traz todos os maus hábitos cultivados há tempos.
Parece simples fazer isto, se analisarmos racionalmente, mas quando há o atravessamento da emoção (e sempre há) tudo ganha nova dimensão. A  vontade de acertar e fazer tudo diferente é tão grande que  o  desejo de que seja assim faz parecer que vai ser tão fácil. Na realidade porém, é tudo mais difícil e nos vemos diante de desafios inimagináveis e nem mesmo narráveis,  pois só sentindo para saber do que se trata. Geralmente subestimamos a força das fraquezas morais que ainda residem em nós. Prometemos a nós mesmos fazer diferente e nos vemos fazendo tudo que não gostaríamos. Lembrando o apóstolo Paulo “O mal que não quero, faço. O bem que quero, este não faço.” A questão é que estamos saindo da lama moral rumo a uma postura melhor agora, mas esquecemos que nosso pé está muito mais encharcado na lama do que fora dela e nos candidatamos a angelitude antecipadamente, sem termos lastro para isso.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

As mil e uma noites

Rubem Alves


 Estou me entregando ao prazer ocioso de reler As mil e uma noites. O encantamento começa com o título que, nas palavras de Jorge Luis Borges, é um dos mais belos do mundo. Segundo ele, a sua beleza particular se deve ao fato de que a palavra mil é, para nós, quase sinônimo de infinito. "Falar em mil noites é falar em infinitas noites. E dizer mil e uma noites é acrescentar uma além do infinito." As mil e uma noites são a estória de um amor - um amor que não acaba nunca. Não existe ali lugar para os versos imortais do Vinícius (tão belos que o próprio Diabo citou em sua polêmica com o Criador): "Que não seja eterno, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure..." Estas são palavras de alguém que já sente o sopro do vento que dentro em pouco apagará a vela: declaração de amor que anuncia uma despedida.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Observar e pensar!

Stephen Kanitz
(Revista Veja, 4 de agosto de 2004 - edição: 1865, ano 37 - n° 31)

O primeiro passo para aprender a pensar, curiosamente, é aprender a observar. Só que isso, infelizmente, não é ensinado. Hoje nossos alunos são proibidos de observar o mundo, trancafiados que ficam numa sala de aula, estrategicamente colocada bem longe do dia-a-dia e da realidade. Nossas escolas nos obrigam estudar mais os livros de antigamente do que a realidade que nos cerca. Observar, para muitos professores, significa ler o que os grandes intelectuais do passado observaram: gente como Rousseau, Platão ou Keynes. Só que esses grandes pensadores seriam os primeiros a dizer: “Esqueçam tudo o que escrevi e vejam com seus próprios olhos. Observem!" Será isso o que eles nos diriam se estivessem vivos?

domingo, 12 de junho de 2011

Educação e Trabalho: fatores de proteção para o adolescente

O trabalho é peculiar ao homem e é através do trabalho que o homem ajusta as relações humanas.  Para o adolescente, o trabalho tem a função de promover o seu desenvolvimento psicológico, uma vez que confere um sentimento de produtividade, resultando no aumento da sua auto-estima e da auto-confiança. Para os adolescentes de classes menos privilegiadas, o trabalho freqüentemente é um meio de adquirir habilidades e contatos que podem ser valiosos para o seu futuro.
A educação cumpre um importante papel na preparação do individuo para o trabalho, oferecendo informações e promovendo situações para o desenvolvimento de comportamentos próprios que possam contribuir para a constituição da sua identidade profissional.
Porém, a sociedade brasileira não privilegia o ingresso do adolescente no mercado de trabalho como uma forma de inseri-lo na dinâmica do desenvolvimento psíquico e social. Muitas vezes, esse ingresso se dá por imposição das necessidades materiais vivenciadas por ele e sua família. Mesmo o trabalho intelectual que se faz através do estudo, normalmente não é valorizado como tal e qualquer outra atividade que o adolescente desenvolva é muitas vezes vista como entretenimento.
É necessário, porém, perceber que o adolescente quando está estudando ou desenvolvendo atividades acadêmicas está trabalhando no sentido literal do termo. Vincular a produção acadêmica à produção laborativa é essencial para que nessa fase da vida, o adolescente possa sentir-se contextualizado no sistema produtivo de forma a elevar a sua auto-estima e diminuir a sua vulnerabilidade.
É pensando nas várias dimensões da educação e do trabalho que buscaremos um sentido de proteção e resiliência para o adolescente, ampliando-lhe os horizontes e dissuadindo-o da alienação e vulnerabilidade que o consumismo,  as drogas e a violência lhes impõe.

sábado, 11 de junho de 2011

Tricotilomania: arrancar os cabelos

Este texto trata de um estudo sobre o hábito de arrancar os cabelos. Segundo o DSM-IV-TR, a Tricotilomania (312.39) pertence à Classificação dos Transtornos Mentais por descontrole dos impulsos, como um tipo de ansiedade (CID-10 F63.3).
A tricotilomania tem como característica essencial o arrancamento recorrente do cabelo de qualquer região do corpo, onde o mesmo cresça (cabeça, sombrancelhas, barba, região púbica e anal). Nos locais onde os pêlos são arrancados surgem alopécia, presença de folículos normais, porém lesionados e enrrugados, cabelos curtos e fracos. Circunstâncias provocadoras de estresse, ou mesmo de extremo relaxamento e distração aumentam o comportamento. Antes de arrancar o cabelo o indivíduo sente uma sensação de crescente tensão, que alivia-se a medida que inicia o comportamento de arrancar os pelos e, subsequentemente, diminui a intenção de resistir ao ato, podenso ou não haver arrependimento, auto-recriminação ou culpa. Há uma gratificação ou bem estar, apesar de ao mesmo tempo, provocar um significativo deterioramento da atividade social, profissional ou outras áreas importantes de atividade do indivíduo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

O que significa "viver bem"?

Para sentirmos que estamos vivendo bem a vida, temos que ter projetos.
No meu caso, viver bem exige:
- Autonomia: preciso ter um certo nível de independência e decisão. Autonomia requer maturidade, segurança, experiência, confiança. Requer ainda o apoio incondicional das pessoas com quem convivo.
- Focar nos detalhes faz parte do planejamento. Um projeto requer uma idéia do todo e das partes. As realização das partes necessitam capricho, zêlo e cuidado para que o todo se faça quase que perfeito.
- Para eu viver bem necessito equilibrar minhas despesas com a minha receita. Isso é fundamental para a manutenção e construção do meu projeto. Viver bem é saber que o que gasto está dentro das minhas possibilidades financeiras. Minhas compras, minhas dívidas, minhas necessidades não devem perturbar minhas noites de sono.
- Logo, preciso sentir satisfação com meu jeito de ser, minhas coisas, meus relacionamentos. E melhorar tudo o que for preciso. Se sei das minhas limitações, também sei do meu potencial. Assim, posso canalizar energia para melhorar os meus pontos fracos e fortalecer ainda mais os meus pontos fortes.
- Otimismo é ver as possibilidades futuras, o que de bom pode advir e procurar minimizar circunstâncias ou fatores que poderiam interferir negativamente na minha vida, na vida das pessoas ao meu redor ou na vida do planeta como um todo. Sou uma otimista realista. Sei que a vida faz uma curva como a de "Gaus". Iniciamos nossa vida subindo até um patamar que então se estende por algum tempo e então iniciamos um declínio físico, financeiro, relacional. Isso é comum, é natural para todo e qualquer ser humano. O que nao posso é antecipar os infortúnios e trazer para o presente a derrota.
- Viver bem é procurar ampliar meu circulo de amizades. Buscar a alegria no meu convívio familiar e social. Participar dos eventos com júbilo. Interessar em cultivar as amizades.
- Viver bem é morar bem. É fundamental ter um lugar em que sintamos confortáveis, acolhidos. O lar conta com um lugar legal, uma vizinhança boa, um bairro, uma cidade, um pais em que me sinto orgulhoso e satisfeito. Viver bem é buscar atender essas necessidades.
- É preciso fazer tudo o que for possível, relaxar e deixar as coisas acontecerem. Não é com minha ansiedade que mudarei o mundo. Faço a minha parte e deixo as outras pessoas fazerem a delas, do jeito delas.
E, acima de tudo, saber que a minha receita serve para mim e nem sempre se aplica aos outros. O meu jeito de ser feliz, o meu jeito de viver bem é meu. Cada um encontra o seu próprio jeito, suas próprias prioridades. Então...
Encontre já o seu!!!!

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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Transtornos do sono e sonambulismo

Sono agitado, mexer muito ao ponto de cair da cama ou amanhecer nos pés da cama, conversar durante o sono, levantar da cama durante a noite e andar pela casa sem uma intenção consciente são queixas que aparecem mais comumente na infância e adolescência e são relatados pelos pais sem muita preocupação, ao que eles denominam como “sonambulismo”.  Muitas vezes ainda esses portadores apresentam dores de cabeça, sensibilidade à luz, sonolência diurna, falta de concentração, queda no rendimento escolar e irritabilidade.

Um sono mal dormido pode ter causas puramente orgânicas, como adenóide, rinite, sinosite ou outras obstruções do trato respiratório, má digestão, distúrbios na acuidade visual (escotomas), problemas neurológicos ou outros. Para tanto, é necessário uma avaliação médica.  Para a avaliação do sonambulismo é importante exames neurológicos específicos, como o EEG (Eletroencefalograma) e outros. Fenômenos de origem psíquica podem também estar presentes como ansiedades que se apresentam por mudança na rotina da família ou do ambiente no qual a criança está inserida, aumento ou diminuição dos membros familiares, perdas, cobranças excessivas, etc.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Contrata-se gente que goste de gente

Por: Maria Elaine Avelar Cambraia


Fazemos parte de uma sociedade onde tudo acontece e “deve” acontecer rapidamente. Não conseguimos mais esperar pelas coisas, pelas pessoas, pelos acontecimentos. Queremos tudo rápido e de preferência pronto. Não conseguimos esperar pelo elevador, a nossa internet que é lenta demais, se tem fila reclamos que vamos perder muito tempo nela, mas queremos aquilo que se encontra ao final da fila... Esse é um dos dilemas atuais da nossa sociedade, a gestão do tempo. Num mundo que muda tão rapidamente, nos cobramos também o tempo todo uma adaptação a essas mudanças que ainda não estamos preparados. Queremos dar conta de tudo, queremos ser ótimos profissionais, esposas, maridos, filhos, professores, amigos, amantes, estar em plena forma física e magros, bonitos, alegres e bem humorados. Queremos aquilo que é impossível conseguir de uma só vez e ao mesmo tempo. Diante disso, exigimos dos outros, dos serviços e da vida a mesma presteza, iniciativa e rapidez.

A questão se complica quando lidamos com aprendizagem. Educação e aprendizagem estão relacionadas a convívio, à observação, à assimilação e às devidas integrações e sínteses. O processo de ensinar e aprender envolve pessoas em relação: elas e suas histórias de vida; elas e o conhecimento; elas e outras formas de viver e de pensar (Parolin I., p.148 – Professores formadores).

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Relação Pais e Filhos

Ola leitores,
Compartilho com voces, esquema que preparei para uma palestra ministrada para pais de filhos adolescentes. Trata, especialmente, da importância da autoridade, afetividade e sabedoria para lidar com os mesmos.
Um abraço
Eliana
1.      A primeira coisa que devemos delimitar é o conceito de adolescência – adolescência é um conceito novo, mas sua etimologia é antiga e remonta ao latim, que significa crescer, desenvolver-se. Ocorre por intensas mudanças físicas, em que o corpo deixa de ser infantil e toma um aspecto que ainda não é adulto, mas está a caminho dessa maturidade. A adolescência envolve aspectos como a maturidade sexual, que é a possibilidade de gerar filhos, a construção de uma nova identidade – o adolescente começa a se ver e ser visto de um novo jeito, com um estilo próprio e isso gera grande expectativa nele mesmo e nos familiares. Por outro lado a adolescência gera autonomia: assim ele não quer mais a proteção acentuada dos pais, necessita de maior liberdade, maior confiança, ao mesmo tempo que deverá ser exigido dos mesmos maior responsabilidade. A adolescência é fase também para a produtividade: o jovem quer sentir-se ativo, presente, construindo historia, com sentimento de ser util. A maior produtividade da juventude esta em se rebelar com a intenção de construir um mundo melhor. É assim que se processam todas as revoluções no mundo. As revoluções, as transformações partem dos jovens. Nós, os velhos queremos manter o status quo, manter aquilo que tem dado certo. Dificilmente nos arriscamos. Ao jovem cabe arriscar, a a nós orientarmos para que eles se arrisquem sem correr riscos.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Rebelde sem causa

Rebelde sem causa
Composição: Roger moreira
Meus dois pais me tratam muito bem
(O que é que você tem que não fala com ninguém?)
  Meus dois pais me dão muito carinho
  (Então porque você se sente sempre tão sozinho?)
Meus dois pais me compreendem totalmente
(Como é que
se sente, desabafa aqui com a gente!)
  Meus dois pais me dão apoio moral
  (Não dá pra ser legal, só pode ficar mal!)
MAMA MAMA MAMA MAMA
(PAPA
PAPA PAPA PAPA)
  Minha mãe até me deu essa guitarra
  Ela acha bom que o filho caia na farra
  E o meu carro foi meu pai que me deu
  Filho homem tem que ter um carro seu
Fazem questão que eu só ande produzido
Se orgulham de ver o filhinho tão bonito
Me dão dinheiro prá eu gastar com a mulherada
Eu realmente não preciso mais de nada
  Meus pais não querem
  Que eu fique legal
  Meus pais não querem
  Que eu seja um cara normal
Não vai dar, assim não vai dar
Como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar
Não vai dar, assim não vai dar
Pra eu amadurecer sem ter com quem me rebelar

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Os "matadores" na nossa sociedade

Há um tempo atrás escrevi um texto sobre um professor assassinado na escola, em Belo Horizonte. Recentemente deparamos novamente com um ex-aluno que assassina 12 crianças numa escola no Rio de Janeiro. O texto que eu havia escrito continua atual. Precisamos refletir sobre o fruto que nossa sociedade tem criado.

Professor morto por aluno: uma possível paranóia?

Este texto é fruto de uma inquietação a respeito de fatos presentes na nossa sociedade atual, marcada por violência e agressão. Nesta semana deparamos com a mídia noticiando sobre o assassinato de um professor de educação física por um aluno, apesar de ser esse professor extremamente querido pela maioria do meio acadêmico. É interessante notar que após atos bárbaros ouvirmos os depoimentos de pessoas que achavam aquele sujeito que cometeu o assassinato estranho, esquisito mas que não suspeitavam que tal pessoa poderia cometer um crime.
Subjacente a esta posição, coloca-se uma questão: o que afinal pode ser feito pelas pessoas de uma forma geral e mesmo pelos profissionais que de alguma forma têm contato com sujeitos que muitas vezes apresentam comportamentos bizarros, encimesmamentos, timidez excessiva, intolerâncias, verbalizações agressivas e outros gestos que não caberiam a um cidadão saudável ou educado?

O que está acontecendo com nosso assombramento, com o nosso horror, com a nossa intuição que nos alertaria para a proteção, a segurança, a sobrevivência? Por que aceitamos que um colega da escola, um colega de trabalho, um vizinho ou um parente tenham atitudes que achamos estranhas, mas não suspeitamos que essas atitudes podem fazer parte de um rol de características próprias de quem está doente e necessita de ajuda? Por que nos negamos a oferecer tal ajuda, alertando a pessoa  para a necessidade de um cuidado médico ou alertando a família da pessoa?
Parto da premissa de que, se entre os nossos iguais deparamos com comportamentos que nos parecem estranhos, nem sempre os denunciamos como indícios de patologias porque, na maioria das vezes, os denominamos como estravagantes e psicodélicos, ou justificamos que fazem parte do jeito de ser, da individualidade ou do estilo daquele sujeito. 
Utilizar do instrumento poderoso que é a psicanálise para aprofundar no conhecimento das características estruturais, que organizam a subjetividade e as ações dos sujeitos,   buscando um olhar diferenciador e efetivo para a interpretação da realidade, permitindo-nos a crítica e decisões para intervir em circunstâncias que se apresentam legítimas, com coragem e determinação para resistir a quaisquer resistências é sairmos do lugar da indiferença para nos apresentarmos enquanto agente que faz juz ao legado freudiano.  
É com essa inquietação que desenvolvo um estudo sobre a paranóia, patologia que se apresenta na maioria dos crimes inexplicados, e insuspeitadamente possíveis de serem cometidos.
Considerações teóricas:
No DSM-IV é a Paranóia é denominada como Transtorno Delirante, e faz parte de um dos tipos de esquizofrenia. A caracteristica essencial do transtorno delirante é a presença de uma ou mais idéias delirantes, persistentes que se apresentam, principalmente com relação às atividades sociais do sujeito, se apresentam como estranhas, mas perfeitamente possíveis que ocorram na vida real (por exemplo, ser seguido, envenenado, enganado, perseguido, etc). O sujeito, muitas vezes mantêm conservados seus papéis sociais e laborais, porém, ao longo do tempo o sujeito vai apresentando importante isolamento social, deterioração das atividades laborais e pobreza nos relacionamentos. Isto se deve às crenças delirantes, porque o sujeito acredita que de fato está sendo seguido, precisa sair disfarçado ou não poderá mais sair de casa. Ainda assim, os sujeitos com transtorno delirante apresentam uma aparente normalidade no seu comportamento e aspecto quando suas idéias delirantes não estão sendo questionadas ou colocadas em jogo. Raramente há um comprometimento intelectual do sujeito.
Há vários tipos de paranóia, segundo as manifestações dos delírios, que podem ser:
a)     Erotomaníaco: se aplica quando o tema central da idéia delirante é que outra pessoa está enamorada do sujeito, referindo-se a um amor romantico, idealizado, muito mais que a uma atração sexual. Normalmente a pessoa a que se recai essa convicção ocupa um status mais elevado, sendo muitas vezes uma pessoa famosa, um chefe de trabalho ou uma pessoa que se lhe apresenta completamente estranha. Muitas vezes o sujeito com este transtorno se envolvem em problemas legais muitas vezes por importunar ou por excessivas tentativas de socorrer aquela pessoa que ele supões que o ama de perigos
b)     Grandeza: a idéia delirante é a convicção de ter algum extraordinário talento ou intuição, ou ser um descobridor importante, ou ainda manter um relacionamento com uma pessoa muito importante (um presidente por exemplo). As idéias delirantes ainda podem ter um conteúdo religioso, em que o delirante se vê como mensageiro divino.
c)     Celotípico: é predominantemente ciumento, com idéias de que o conjuge lhe é infiel. Essa crença aparece sem nenjum motivo e se baseia em inferências errôneas que se apoiam em insignificantes provas (por exemplo, roupas amassadas ou manchadas) que são guardadas e utilizadas para justificar a idéia delirante. O sujeito delirante briga frequentemente com o conjuge e procura intervir cortando a liberdade de movimentos do conjuge, seguindo-o secretamente ou investigando o suposto amante).
d)     Persecutário: o temacentral da idea delirante se refere a crença de que está sendo objeto de conspiração, está sendo enganado, perseguido, envenenado, caluniado ou ainda, que está sendo obstruído da consecução das suas metas. Pequenas trivialidades podem ser exageradas e convertidas em núcleo do sistema delirante, sendo muitas vezes delirando que alguma injustiça que lhe cometeram deve ser remediada mediante uma ação legal (paranóia querulante), apelando para os tribuinais ou outras instituições governamentais. Os sujeitos com idéias delirantes de perseguição são frequentemente ressentidos e irritáveis, podendo reagir de forma violenta contra os que acredita estar lhes causando dano.
e)     Somático: a idéia delirante se refere a funções ou sensações corporais, em que o sujeito acredita emitir odor insuportável pela pele, boca, reto ou vagina; ou que tem infestação de insetos dentro do corpo, que possui malformações corporais evidentes, ou que partes do corpo não funcionam.
f)      Tipo mixto: este subtipo se aplica quando não há nenhum tema delirante que predomine, mas há crenças infundadas dos diversos tipos acima.
Os sintomas mais comuns são problemas sociais, conjugais ou no trabalho como consequência das idéias delirantes. Frequentemente, acontecimentos casuais tem um significado especial, com interpretações que segundo o delirante, dizem ser consistentes. Muitos sujeitos com transtorno delirante desenvolvem um estado de ânimo irrável, com reações agressivas, apresentando acessos de ira ou comportamento violento, especialmente os tipos persecutórios e celotípico. Envolvem-se com comportamentos litigantes, enviando cartas de protesto ao governo e aos tribunais. Os sujeitos do tipo somático podem ser-se submetidos a exames médicos desnecessários.
O transtorno delirante pode associar-se ou confundir-se com o transtorno obsessivo compulsivo, ao transtorno dismorfico e aos transtornos de personalidade. 
Ao se avaliar a possível presença de um transtorno delirante, deve-se ter em conta a história cultural e religiosa do sujeito. Algumas culturas têm crenças amplamente difundidas e culturalmente aceitas que podem ser consideradas delirantes em outros contextos culturais.
A psicanálise aborda a paranóia sob o signo da psicose. Freud utiliza o “Caso Shereber (1911), em que desenvolve suas noções centrais sobre a paranóia e a psicose. Para Freud, a psicose é um modo de afastamento da realidade em que mecanismos de defesa são acionados para dar conta da angústia do sujeito. Freud não acreditava na cura da psicose e, por esse motivo, não se empenhava em buscar uma técnica para o tratamento. Assim,  para teorizar sobre a paranóia, ele não nos traz relatos de atendimentos a pacientes paranóicos, mas utiliza dos relatos autobiográficos, escritos por Shereber. Freud se preocupava com o desencadeamento da psicose, porque segundo a sua concepção, a psicose é uma abertura do inconsciente para o mundo externo. Aquilo que o sujeito não recalca com eficiência apresenta-se como alucinações e delírios, ou seja, o fracasso do processo de recalcamento provoca o retorno do que escapou ao recalcamento na forma de sintomas, e especificamente na psicose, em forma de alucinações e delírios. Lacan refere-se aos delírios paranóicos como “aquilo que foi forcluído no simbólico retorna no real”.  Vejamos:
Segundo Freud, no complexo edípico, constituído pela tríade pai/mãe/filho circulam afetos diversos, amorosos e hostís e é essa organização edípica que estrutura o sujeito.  Na psicose, o sentimento ambivalente de amor e hostilidade que o filho muitas vezes nutre pelo pai é transferido para alguém  respeitado e admirado, lugar anteriormente ocupado pelo pai na tríade edípica. Porém, um outro fator se associa a essa transferência para a erupção da doenca: nos primórdios do desenvolvimento psíquico do sujeito a libido estaria organizada em torno de um mecanismo narcísico onde a fantasia homossexual está presente. Somente mais tarde a orientação sexual se processa e a fantasia homossexual poderá então ser recalcada ou não. No caso da orientação heteressexual, as tendências homossexuais são interrompidas. Porém, no caso da paranóia, apesar do sujeito muitas vezes ter uma orientação heterossexual, a fantasia homossexual não é recalcada porque na psicose não existe o recalque e sim a forclusão, também chamada denegação. Denegação ou forclusão é a suspensão do recalque permitindo que conteúdos inconscientes aflorem, não em formas de sintomas, atos falhos, sonhos, chistes ou lapsos; mecanismos próprio da neurose; mas em conteúdos delirantes e alucinatórios.
Assim,  o aparecimento dos conteúdos inconscientes na paranóia se apresentam como vindos de fora, como intrusão de uma ou várias idéias delirantes, acompanhadas de fenômenos corporais e que mais tarde se constituirão na construção de um delírio sistematizado. O psicótico tenta através de um delírio sistematizado, com uma história, um planejamento e um propósito, organizar o seu mundo para aliviar sua angústia. O que caracteriza a psicose é o fato do sujeito ter certeza de que o que lhe ocorre é real e verdadeiro e em função disso, tudo o que pensa ou realiza circula em torno do seu delírio.
Retomando a discussão sobre o processo edípico, no desencadeamento da paranóia a outra pessoa que para o doente é significativa passa a lhe ser aterradora. Há uma ambivalência de sentimentos que oscilam entre o amor e o ódio. A pessoa que outrora fora amada e admirada agora ocupa o lugar de alguém que lhe causa ódio e repúdio Quanto mais o paranóico admira alguém por uma qualidade ou atributo que este possua ou que o doente acredite que esse outro possua, mais ele o perseguirá. O paranóico o perseguirá porque em seu delírio sente-se perseguido por esse outro. Isso é o que Freud denomina mecanismo de projeção: o sujeito atribui ao outro um sentimento, um pensamento ou uma idéia que é sua.
No seu delírio, ele atribui ao outro tanto poder que ele teme que esse outro possa dominá-lo, invadí-lo, perseguí-lo, pois esse outro tem um poder de tudo saber. É contra essa ameaça delirante vinda do outro que o paranóico luta. Assim, na paranóia o doente dirige seus afetos para aquele que ele acredita que tudo pode, tudo vê e tudo sabe. A base do delírio paranóico é uma fantasia homossexual inconsciente, não suportada, que transforma-se em delírio de perseguição.
A possibilidade de estabilidade da paranóia é quando o sujeito, na sua construção delirante organiza um mundo de forma a poder viver nele, mesmo que este mundo exterior apresente a desorganização e a ruina do seu mundo interno. Na sua tentativa de reorganização, o sujeito afasta-se das pessoas e coisas isolando-se.  Há um desligamento da libido, dificultando o estabelecimento de laços sociais. A libido, na paranóia, é então dirigida para o próprio ego do sujeito, engrandecendo-o e tornando-o megalomaniaco. Há um retorno ao estágio do narcisismo. Ele prescinde das pessoas porque é muito superior a elas. Assim, para a psicanálise, o delírio é a tentativa de cura realizada pelo próprio sujeito.
Conclusão:
Para o desencadeamento da psicose, algumas estapas se processam no comportamento do sujeito: afastamento das pessoas que lhe são mais afetas, isolamento,falta prazer em atividades corriqueiras, atenção voltada para atividades pouco comuns ou de nenhuma utilidade prática, dificuldade de expressar as idéias de forma coerente ou organizada, criação de um mundo de fantasia afastado da realidade ou em substituição a ela,  julgamentos precipitados e sem nexo sobre determinadas pessoas ou fenômenos. São esses apenas indícios de que o sujeito encontra-se num mundo imaginário e em plena construção de um delírio que poderá irromper-se, inclusive, como homicídio.
Vale refletir que a nossa volta algumas pessoas podem estar vivenciando alguma dessas fases e passa-nos despercebido. É claro que não cabe a nós, leigos cidadãos, sairmos fazendo diagnóstico ou propondo soluções para o mundo, mas podemos, afetivamente, oferecermos nossa ajuda acolhendo e orientando sempre que se fizer necessário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CALLIGARIS, Contardo, Introdução a uma clínica diferencial das psicoses. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
DSM-IV - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas, 2002.
FREUD, S. Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia (dementia paranoides – 1911) In: Obras Psicológicas Completas. Ed. Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1980. Volume VII
FREUD, S. A perda da realidade na neurose e na psicose (1924). In: Obras Psicológicas Completas. Ed. Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1980. Volume XIX
QUINET, Antônio. Teoria e clínica da psicose. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.

domingo, 10 de abril de 2011

Confiança, amor e autoridade: estabelecendo limites

Anotações da Conferência proferida pela Prof. e Dra. Alitta Guimarães C. R. Ribeiro Silva, para a Ama - Associação Mineira de Adolescência em agosto/2000.

Para estabelecer limites é necessário:
- Ter confiança em si mesmo, acreditar que é possível e ter segurança.
- Ter empatia – procurar ver tudo de outra forma, no lugar do outro.
- Ter auto-controle – não se deixar levar pelos outros, não ser controlado pelo outro, mas se controlar.
- Ter amor.
- Ter trabalho – ser ético, dar o exemplo, ter coerência.
- Autoridade é querer o bem àquela pessoa que eu estou mandando/orientando.
- O déspota não deixa crescer.

Estabelecer limites é em certo sentido frágil.
É difícil saber quando deixo de exercer minha própria vontade em favor do outro.

Frases:
“Gosto de você e não posso permitir isso”.
“Não vai ser possível. Se eu deixasse não seria bom pra você!”
Explicar a razão.
Jamais diga: “Porque não quero!” – Diga: “Vou ver... deixe-me pensar um pouco nisso”! e ao decidir, seja sincero.

Usar sempre a linguagem do adolescente, porém com atitudes coerentes.
Não se impor pela sofisticação, pelo poder ou pela força.

Esclarecer que: prevenção é “econômico”.
Não querer todas as respostas, porque se a tivéssemos, enlouqueceríamos.
Esclarecer que um encontro tem quer ser bom para as duas pessoas.