quinta-feira, 16 de junho de 2011

As mil e uma noites

Rubem Alves


 Estou me entregando ao prazer ocioso de reler As mil e uma noites. O encantamento começa com o título que, nas palavras de Jorge Luis Borges, é um dos mais belos do mundo. Segundo ele, a sua beleza particular se deve ao fato de que a palavra mil é, para nós, quase sinônimo de infinito. "Falar em mil noites é falar em infinitas noites. E dizer mil e uma noites é acrescentar uma além do infinito." As mil e uma noites são a estória de um amor - um amor que não acaba nunca. Não existe ali lugar para os versos imortais do Vinícius (tão belos que o próprio Diabo citou em sua polêmica com o Criador): "Que não seja eterno, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure..." Estas são palavras de alguém que já sente o sopro do vento que dentro em pouco apagará a vela: declaração de amor que anuncia uma despedida.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Observar e pensar!

Stephen Kanitz
(Revista Veja, 4 de agosto de 2004 - edição: 1865, ano 37 - n° 31)

O primeiro passo para aprender a pensar, curiosamente, é aprender a observar. Só que isso, infelizmente, não é ensinado. Hoje nossos alunos são proibidos de observar o mundo, trancafiados que ficam numa sala de aula, estrategicamente colocada bem longe do dia-a-dia e da realidade. Nossas escolas nos obrigam estudar mais os livros de antigamente do que a realidade que nos cerca. Observar, para muitos professores, significa ler o que os grandes intelectuais do passado observaram: gente como Rousseau, Platão ou Keynes. Só que esses grandes pensadores seriam os primeiros a dizer: “Esqueçam tudo o que escrevi e vejam com seus próprios olhos. Observem!" Será isso o que eles nos diriam se estivessem vivos?

domingo, 12 de junho de 2011

Educação e Trabalho: fatores de proteção para o adolescente

O trabalho é peculiar ao homem e é através do trabalho que o homem ajusta as relações humanas.  Para o adolescente, o trabalho tem a função de promover o seu desenvolvimento psicológico, uma vez que confere um sentimento de produtividade, resultando no aumento da sua auto-estima e da auto-confiança. Para os adolescentes de classes menos privilegiadas, o trabalho freqüentemente é um meio de adquirir habilidades e contatos que podem ser valiosos para o seu futuro.
A educação cumpre um importante papel na preparação do individuo para o trabalho, oferecendo informações e promovendo situações para o desenvolvimento de comportamentos próprios que possam contribuir para a constituição da sua identidade profissional.
Porém, a sociedade brasileira não privilegia o ingresso do adolescente no mercado de trabalho como uma forma de inseri-lo na dinâmica do desenvolvimento psíquico e social. Muitas vezes, esse ingresso se dá por imposição das necessidades materiais vivenciadas por ele e sua família. Mesmo o trabalho intelectual que se faz através do estudo, normalmente não é valorizado como tal e qualquer outra atividade que o adolescente desenvolva é muitas vezes vista como entretenimento.
É necessário, porém, perceber que o adolescente quando está estudando ou desenvolvendo atividades acadêmicas está trabalhando no sentido literal do termo. Vincular a produção acadêmica à produção laborativa é essencial para que nessa fase da vida, o adolescente possa sentir-se contextualizado no sistema produtivo de forma a elevar a sua auto-estima e diminuir a sua vulnerabilidade.
É pensando nas várias dimensões da educação e do trabalho que buscaremos um sentido de proteção e resiliência para o adolescente, ampliando-lhe os horizontes e dissuadindo-o da alienação e vulnerabilidade que o consumismo,  as drogas e a violência lhes impõe.

sábado, 11 de junho de 2011

Tricotilomania: arrancar os cabelos

Este texto trata de um estudo sobre o hábito de arrancar os cabelos. Segundo o DSM-IV-TR, a Tricotilomania (312.39) pertence à Classificação dos Transtornos Mentais por descontrole dos impulsos, como um tipo de ansiedade (CID-10 F63.3).
A tricotilomania tem como característica essencial o arrancamento recorrente do cabelo de qualquer região do corpo, onde o mesmo cresça (cabeça, sombrancelhas, barba, região púbica e anal). Nos locais onde os pêlos são arrancados surgem alopécia, presença de folículos normais, porém lesionados e enrrugados, cabelos curtos e fracos. Circunstâncias provocadoras de estresse, ou mesmo de extremo relaxamento e distração aumentam o comportamento. Antes de arrancar o cabelo o indivíduo sente uma sensação de crescente tensão, que alivia-se a medida que inicia o comportamento de arrancar os pelos e, subsequentemente, diminui a intenção de resistir ao ato, podenso ou não haver arrependimento, auto-recriminação ou culpa. Há uma gratificação ou bem estar, apesar de ao mesmo tempo, provocar um significativo deterioramento da atividade social, profissional ou outras áreas importantes de atividade do indivíduo.