sábado, 23 de julho de 2011

ADOLESCÊNCIA: UMA REEDIÇÃO DA INFÂNCIA

Marília de Freitas Maakaroun*


“Tem-se a impressão que a cada época corresponderia uma idade privilegiada...: a
juventude, a idade privilegiada do século XVII; a infância, do século XIX e a adolescência, do século XX..”.
Philippe Ariès)(1975)

“Crescer é por natureza um ato agressivo.”
Winnicott,(1950-5)


1.1. Reflexões conceituais:
O reconhecimento de uma etapa da vida, marcada pela transitoriedade, entre a infância e a idade adulta sempre existiu em todas as sociedades e durante todas as épocas da história. Mas as fronteiras da adolescência têm variado, apesar de que, em um passado relativamente recente, ela ainda tenha permanecido como um período curto da existência sincreticamente unido à infância e à juventude. 

domingo, 17 de julho de 2011

Automutilação: a forma dolorosa de falar

A sociedade contemporânea é definida como a era da comunicação e da abundância de bens materiais.  Estamos inseridos num mundo onde existe muito barulho e, muitas vezes, fazemos barulho para evitarmos o silêncio. Preenchemos com os objetos e com o barulho as lacunas que nos sugere falta, não presença, solidão. Ora, onde existe o barulho e acumulo de objetos não é possível a partilha, o diálogo, o entendimento, a humanidade. 

Para que haja humanidade é preciso que haja encontro, e os encontros se dão quando um espera do outro algo. Para que haja encontro é necessário demandar. É comum as pessoas fugirem do encontro com os outros e consigo mesmas, fugirem da possibilidade de falar. Por outro lado, quantos necessitam falar e não lhes é dado a palavra, ou não têm como dizer – não encontram palavras. 

A automutilação seria uma dessas formas de gritar, tentativas de se comunicar, de dizer da dor e do sofrimento apesar da falta de palavras ou da falta de escuta. Se por um lado, faltam palavras, talvez,  por outro, hajam excessos que devam ser cortados.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ressaca Moral

Quero compartilhar com vocês reflexões de uma psicóloga, Luciana Gaudio*, que achei muito interessante.
Espero que apreciem.
Ressaca Moral
Muitas vezes queremos tomar certas atitudes, adotar determinados modelos de comportamento, melhores que os atuais, mas não conseguimos, pois, o simples ato da vontade (embora seja o passo inicial e fundamental) não faz com que deixemos para traz todos os maus hábitos cultivados há tempos.
Parece simples fazer isto, se analisarmos racionalmente, mas quando há o atravessamento da emoção (e sempre há) tudo ganha nova dimensão. A  vontade de acertar e fazer tudo diferente é tão grande que  o  desejo de que seja assim faz parecer que vai ser tão fácil. Na realidade porém, é tudo mais difícil e nos vemos diante de desafios inimagináveis e nem mesmo narráveis,  pois só sentindo para saber do que se trata. Geralmente subestimamos a força das fraquezas morais que ainda residem em nós. Prometemos a nós mesmos fazer diferente e nos vemos fazendo tudo que não gostaríamos. Lembrando o apóstolo Paulo “O mal que não quero, faço. O bem que quero, este não faço.” A questão é que estamos saindo da lama moral rumo a uma postura melhor agora, mas esquecemos que nosso pé está muito mais encharcado na lama do que fora dela e nos candidatamos a angelitude antecipadamente, sem termos lastro para isso.