terça-feira, 31 de janeiro de 2012


SENTIMENTO DE VERGONHA

Em séculos precedentes, era comum a pessoa “morrer de vergonha” para preservar a honra. Morria-se literalmente, porque a vergonha pela desonra era tanta que o sujeito preferia morrer de fato, e se matava. Qualquer equívoco cotidiano poderia fazer o sujeito sentir-se desonrado e,  portanto, morrer de vergonha.
Atualmente não se morre mais de vergonha. O que seria desonroso, privado, íntimo, coberto de pudor deseja-se que seja escancarado aos olhos dos expectadores e aplaudido por eles. E quanto mais desavergonhado, melhor!  Os índices de audiência aumentam e o sujeito despudorado ganha fama, torna-se herói. É a completa inversão de valores.

Mas, em contrapartida, encontramos pessoas que são tomadas por intensa vergonha:
“Eu não ... porque tenho vergonha!”
 O campo das reticências nessa frase pode ser preenchida com várias palavras: “fui lá”, “me apresentei”, “olhei”, “falei”,  “pedi”, “ofereci”, “comi”, etc. Normalmente os sentimentos que acompanham essa vergonha é desproporcional  à vergonha a que a pessoa se refere.

Há uma vergonha que deve ser preservada: aquela que conduz ao bom comportamento, à educação e a sociabilidade. Essa, preserva o sujeito da imbecilidade, da deselegância e da falta de civilidade.