sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A MÚSICA NAS INTERAÇÕES HUMANAS (4a parte)


4 AS APRESENTAÇÕES MUSICAIS NO HEAL 

“[...] Um universo em movimento cria e desfaz seres transitórios 
Deixando, no rastro de seu processo, aquilo que chamamos existência. 
E quando, numa benção, tocamos sua essência criadora 
Tudo que percebemos é Música.” 
   
 Marcelo Petraglia  

Considerando  o  que  foi  apresentado  nos  capítulos  anteriores  sobre  as  interações  e  a significação da música no sujeito e seu meio, serão expostas, aqui, as observações que foram feitas durante as apresentações musicais no HEAL. Para tal, utilizou-se como metodologia a observação   participante   para   descrever   o   comportamento   dos   ouvintes   durante   as apresentações e do ambiente como um todo, além de se mencionar alguns depoimentos que os ouvintes  e/ou  profissionais  do  hospital  espontaneamente  expressaram.  Serão,  também, relatadas  as  impressões  experimentadas  pelas  próprias  musicistas  quanto  aos  efeitos  da música nelas mesmas.   

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A MÚSICA NAS INTERAÇÕES HUMANAS (3a parte)


2.3 A música e o meio 

A música pode não ser uma invenção humana, é algo inato à natureza. No entanto, a criação musical sim é uma invenção humana. Somente os seres humanos são capazes de criar música que,  como  produto  da  cultura  e  está  interligada  ao  processo  dinâmico  e  energético  no universo. Como tal, a música proporciona condições para reflexão ao mesmo tempo em que promove a mediação entre os indivíduos e este meio.  

O ambiente, como visto no capítulo anterior, é constituído pelos seres vivos nele inseridos que interrelacionam-se, como sugere Tomatis e Vilain (1991, p. 114-5): 

O  ambiente  não  cessa  de  revelar  ao  homem  sua  pertinência  a  este  grande 
todo vibrante que se manifesta fora e dentro de cada ser humano, passando 
de um para outro, unindo num jogo permanente o finito da natureza humana 
e o infinito imóvel, limite de nossa concepção de mundo.  

Ao  interagir  no  meio  com  sua  frequência  vibracional,  como  sugere  Jenny  (1967),  as  ondas sonoras, independem da percepção ou até mesmo da audição de quem ou do que está exposto a  ela.  Mesmo  assim,  a  música  interage  com  as  unidades  celulares  ou  atômicas,  podendo modificar suas estruturas, de acordo com o tipo de vibração a ela exposto.  Para o autor, várias substâncias,  principalmente  as  líquidas,  são  bastante  susceptíveis  às  transformações.  Vale lembrar,  então,  que  o  corpo  humano,  na  fase  adulta,  como  postula  Macêdo  (2004),  é constituído de 70 à 74% de água.  Petráglia (2008) acredita que  a música pode atuar tanto no nível da matéria com suas ondas vibratórias em organismos e objetos, num caráter estrutural, quanto em processos cognitivos, acompanhados pelas sensações, percepções e emoções.