terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O SEXO, DROGA E ROCK AN'ROLL

"A barra do amor é que ele é meio êrmo. A barra da morte é que ela não tem meio-termo".
Eliz Regina

ALGUMAS CONSIDERAÇOES SOBRE O SEXO, DROGA E ROCK AN’ROLL

Maria Eliza Arreguy Maia

Trago como epigrafe a pequena história de Sid Vicious, baixista dos Sex Pistols, um conjunto inglês que, de meados da década de setenta até o fim de seus curtos dias, detonou o rock punk, dando projeção ao movimento pós-hippie, anti-hippie pode-se dizer, movimento difuso de uma juventude que se supõe cansada, farta, traída. Nada de grandes utopias, o bem estar proporcionado pela social democracia capitalista, como não podia deixar de ser, deixa restos. O movimento punk teve grande ressonância entre os filhos da periferia de uma “Londres apocalíptica, entre a monarquia e a barbárie”.[1]

O sonho acabou e bem no fim do século! Naqueles dias vivia-se um clima de ameaça fria das duas potencias mundiais e da possibilidade da 3ª guerra. “Meus heróis morreram de overdose e meus inimigos estão no poder...”, grita e clama o poeta que, anos mais tarde, na periferia do 1º mundo, ofertará seu corpo como ideologia quando não há uma pra viver. [2]

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O ENIGMA DA LOUCURA


Antônio Godiño Cabas

Certamente, pode parecer demasiado, despropositado, senão demasiado quixotesco o gesto que aqui nos propomos ao propormos dar razão à loucura, logo à loucura a quem a razão cartesiana empenha-se em situar o universo de sem-razão!

E, contudo, este empreendimento quixotesco não é senão a duplicação de um outro gesto, este de cunho teórico; concretamente, do postulado psicanalítico quanto às psicoses. Não havia dito Freud em sua análise das memórias do presidente Daniel Paul Schreber que o que interessa ao analista no relato do louco é precisamente seu método, sua lógica, enfim, sua inteligência? Ao adotarmos este como nosso ponto de partida, não será difícil esboçar a ideia de que a loucura desdobra e desenvolve “uma” razão lógica. Consequentemente, o delírio que a tradição psiquiátrica costumava descrever como torturado rompimento, como um pesadelo desgarrado e desgarrador se transforma em polemica, em dissertação, em suma, em debate.

Um debate, deve ser dito, cujas chaves parecem estar cifradas numa linguagem inescrutável e portanto de difícil leitura. Em nome desta dificuldade, a loucura se constititui em nosso enigma. Mas também devemos ser claros sobre este particular, porque o certo é que na abordagem desta questão, não se está em  posição de quem nada sabe. Sucede que o que a loucura coloca é um enigma relativo ao saber e justamente, quando se trata de saber, o analista nunca parte de um zero absoluto; quero dizer, não se move entre trevas, mas pelo contrário, dispõe de uma das mais luminosas premissas de que se possa dispor. Essa premissa é tão simples como elementar: advém da observação de que a loucura é eminentemente um fato humano de modo que, dizendo de outra maneira, as fronteiras da loucura são as da subjetividade.

Depois de tudo, quem poria em dúvida o fato de que somente um sujeito pode enlouquecer, assim como a recíproca, ou seja, que a loucura somente pode ocorrer no lugar onde está prescrita a existência de um sujeito?
Entende-se, é por esse lado (o lado do sujeito) que a loucura põe a teoria em situação de xeque. Um xeque que é acima de tudo pergunta que sempre demanda uma resposta. Eis aqui a razão pela qual a psicanálise é convocada para explicar aquilo que a loucura argumenta quando quem fala, fala sob forma de delírios.

Vê-se: a psicose entra em tudo isto em posição de esfinge.

Só nos resta deixar claramente estabelecido que no diálogo com a esfinge deve-se olhar a coisa como quem sabe algo de bilhar; não se deve esquecer, depois de tudo, que o delírio joga sempre com duas tabelas, ou, o que é o mesmo, discute em duas pontas enquanto não somente toca a questão do mais além (...da razão) , como também toca a questão de seu mais aquém ao tocar em cheio a questão do sujeito.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O desejo do analista na escuta dos pais na psicanálise com crianças.

Leda Guimarães
Resumo
A psicanálise é uma só, psicanálise do sujeito, seja com adulto ou criança. O fato da criança vir ao analista trazida pelos pais e se manter em atendimento apenas com o consentimento destes suscita questões ao analista:

·       Qual a implicação subjetiva dos pais no sintoma da criança?
     Como verificar se os pais franqueiam efetivamente uma intervenção psicanalítica no sintoma do filho?
·       Que transferência dos pais sustentaria uma demanda de atendimento ao filho?

Para responde-las, só há uma referência: o desejo do analista.

Palavras chave: desejo dos pais, desejo do analista, sintoma da criança.