domingo, 26 de junho de 2016

Papai,mamãe, a babá e eu


Bernard Nominê
Eu vou partir deste pequeno ritornelo que me surge não sei de onde: “papai, mamãe, a babá e eu”. Creio que é o refrão de uma cançãozinha medíocre do após guerra que não tem estritamente nenhum interesse a não ser, para mim, o de introduzi-los numa estrutura de quarteto que vou tentar desdobrar diante de vocês. Não é por acaso que entre papai, mamãe e eu, eu precisei incluir a babá. Neste quarteto há, eu penso, um ponto de estrutura.

A babá, no Littré é, “uma moça encarregada de cuidar das crianças”. Esta personagem que duplica o papel da mãe tem sempre um lugar importante no romance familiar.

Na maioria dos casos, ela duplica a mãe para a criança. Pensem na querida Nanie do “homem dos Lobos”. É frequente que seja através da babá que a criança aceite descobrir a sexualidade da mãe: é o caso para a babá do “pequeno Hans”. Às vezes esta babá faz o papel de uma verdadeira iniciadora: pensem em Fraülein Peter e em Lina, as duas governantas do “homem dos ratos”.  Além disso, a babá duplica a mãe diante do pai. Ela é então aquela com a qual o pai poderia se satisfazer em amores ancilares culpados, o que deu lugar a um certo número de nascimentos e inspirou mais de um romance.

Freud, em seus tratamentos, é sempre atento ao papel da governanta; fazia parte dos costumes da época. Hoje não faz mais! Mas sempre acontece esta necessária divisão da personagem materna que o papel da babá imaginarizava com perfeição.