As escolhas do sujeito no sexo, na vida, na morte
Antonio Quinet*
A psicanálise descobriu uma
determinação fora do indivíduo que, no entanto, faz parte de sua subjetividade.
Essa determinação, sentida como uma força alheia e estranha, não está inscrita
nos astros, nas cartas ou nos desígnios dos deuses e sim no Outro, lugar do
inconsciente. Trata-se da inscrição simbólica promovida pela linguagem que
situa o sujeito numa história, numa árvore genealógica, numa cadeia de gerações
que constitui seu desejo inconsciente como o somatório de desejos de todos
aqueles que desejaram a ele, por ele e para ele. É o que se chama habitualmente
de destino: o sujeito alienado aos significantes do Outro que historiam sua
sina de sujeito ao desejo. Essa determinação significante se manifesta nos
sintomas, sonhos, atos falhos.
A prática do inconsciente mostra que,
no entanto, o sujeito não é joguete do destino, e sim sujeito da escolha,
responsável por seus atos e decisões em tudo na vida. A escolha é sempre de sua
responsabilidade - é uma decisão ética da ordem do ser. A escolha enquanto tal
é sem volta e se, por um lado, abre uma via incalculável, por outro lado, ela
fecha diversas outras possibilidades perdidas para sempre. A escolha é abissal
- trata-se de um ato real que apresenta toda sua dimensão trágica. Em
contrapartida, a não-escolha joga o sujeito no jugo do Outro.