terça-feira, 30 de abril de 2013

A Transferência como base da relação professor-aluno e catalisador do aprendizado


Este artigo faz parte da  Modus: revista a Escola de Música da UEMG / Universidade do Estado de Minas Gerais - Ano 5, n.6 (maio de 2008) - Barbacena - MG: EdUEMG, 2008 ISSN 169-9003, p.41-54

A Transferência como base da relação professor-aluno e catalisador do aprendizado

Transfer as the basis of teacher-student relationship and catalyst of learning

José Antônio Baêta Zille e Eliana Olimpio


Resumo: O presente artigo abordará aspectos do desenvolvimento humano que estão diretamente relacionados à sua compreensão de forma a contribuir para a boa estruturação da relação educador/educando e que possa refletir de forma positiva na aquisição de conhecimento. Para dar cabo a essa proposta, inicialmente, será elucidado o conceito de afeto e afetividade, denunciando os maus entendidos que os envolvem. Em seguida, serão abordados esses conceitos frente ao desenvolvimento cognitivo humano e ao aprendizado. A partir dessa explanação, será trabalhado o processo instaurado na relação entre professor e aluno por meio do desenvolvimento do conceito psicanalítico de Transferência. Sob essa perspectiva será elucidado os aspectos da transferência na criança e no adolescente, cada qual com suas particularidades, pontuando esse processo na relação professor-aluno.

Palavras-Chave: Relação professor-aluno, transferência, desenvolvimento humano, afeto e afetividade

domingo, 21 de abril de 2013

Transtorno de comportamento antissocial


O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) compila toda espécie de comportamentos patológicos. Dentre eles, descreve o Transtorno de Personalidade Antissocial, também denominado psicopatia, sociopatia ou transtorno dissocial da personalidade como transtorno caracterizado por desprezo e violação dos desejos, sentimentos ou direitos dos demais em que os seus portadores frequentemente enganam e manipulam com intento de obter prazer ou benefícios pessoais. Pessoas portadoras desse transtorno iniciam os desvios de conduta na infância ou início da adolescência, mas o que o caracteriza é o fato do comportamento antissocial persistir pela vida adulta (DSM-IV-TR p.592). Estes indivíduos tendem a ter comportamentos que envolvem agressão a pessoas ou animais, destruição de propriedades, fraudes ou furtos, violação grave das normas sociais, desprezo pelas leis, podendo impetrar repetidamente atos que são motivos de detenção e ainda assim mostram indiferença pela responsabilização por seus atos.
Estudos[1] sobre o Transtorno de Personalidade Antissocial demonstram que o maior número de delinquências é cometido na adolescência, principalmente para indivíduos do sexo masculino, na idade em torno dos 17 anos, e decresce em 50% quando esta população atinge a idade de 20 anos diminuindo ainda mais em torno dos 28 anos.  Portanto, durante a fase da adolescência há uma prevalência do comportamento antissocial, mas este comportamento tende a desaparecer com a maturidade. Apontam, ainda, que crianças que possuem déficits cognitivos que atingem a memória, leitura, escrita, interpretação, verbalização, resolução de problemas e outras funções executivas possuem grande possibilidade de adotar condutas antissociais. Outros fatores neuropsicológicos também podem estar associados, como a hiperatividade, o déficit de atenção e a impulsividade.
Autores como Coie, Belding, & Underwood, 1988; Rodeio, Coie, & Brakke, 1982; Vitaro e outros, 1990, que tratam de indivíduos com comportamentos delinqüentes, ressaltam que crianças cujo comportamento é agressivo desde a infância naturalmente repelem oportunidades de adotarem comportamentos pró-sociais ou de adquirirem novos repertórios de comportamentos socialmente aceitáveis. Desta forma, são constantemente rejeitados por seus pares e por adultos, e, consequentemente trazem grandes transtornos para a escola.
A síndrome do comportamento antissocial persistente tem uma base biológica em deficiências orgânicas sutis do sistema nervoso, mas que não são determinísticas (Moffitt, 1990) e é ainda, associada a outros transtornos mentais. Os indivíduos com essa síndrome são impermeáveis a intervenção e adotam esse comportamento indiscriminadamente em qualquer situação. Servem ainda de modelo para os jovens adolescentes que os imitam e os idealizam, pois nossa sociedade acaba reforçando modelos agressivos.
Moffit (1990), realizou vários levantamentos bibliográficos e estatísticos do tema em questão e, dentre eles, analisando longitudinalmente uma amostra da população de crianças da Nova Zelândia, nos anos1972-1973, o autor pode nos apontar dois grupos de adolescentes com comportamentos antissociais, sendo que um grupo apresentou esse comportamento especialmente durante a adolescência enquanto outro grupo apresentou o comportamento desde a infância e permaneceu com o comportamento antissocial também após a idade adulta. Afirma que o comportamento antissocial possui uma preponderância no gênero masculino e comparando os dois grupos, o autor ressalta que “um corpo substancial da pesquisa longitudinal aponta consistentemente a um grupo muito pequeno de machos que indicam taxas elevadas de comportamento antissocial através do tempo e em situações diversas”.
O autor, ao longo do estudo ressalta que o ambiente interacional da criança, compreendido pela família na sua relação pais-filhos, escola e outros ambientes podem agravar as condições que promoveriam uma conduta antissocial no adolescente. Assim, a gestação em que a mãe faz uso frequente de álcool ou drogas comprometeria o desenvolvimento neuronal do feto e isso, se associado a negligencia dos familiares no cuidado da criança, maus tratos e outros abusos seriam fatores de contribuição para a formação de uma personalidade com comportamento antissocial que poderia inclusive, persistir no jovem ao longo da vida adulta.
Apesar de ser pequena a porcentagem da população que mantém ao longo da vida o comportamento antissocial, este indivíduo apresenta desde a infância indícios de comportamentos desviantes como fazer birras, morder, bater, cometer pequenos furtos, mentir, utilizar de ociosidade e que se agravam durante a vida adulta e que geram, ao mesmo tempo, uma reação muitas vezes agressiva do ambiente em que estão inseridos.
Mofitt (1993),  enfatiza que não é a gravidade das sanções e punições legais que inibirão o indivíduo com comportamento antissocial persistente a desistir do crime.  Avalia que estes indivíduos possuem traços com desordem de personalidade, déficit cognitivo e histórias de vida de privações que os impedem de buscar resultados pró-sociais e explorarem novos caminhos na vida.
Moffit (1993) cita autores como Oeste e Farrington (1977) que observaram que o prognóstico para o indivíduo com comportamento antissocial persistente é desolador, uma vez que muitas vezes o mesmo se vê envolvido com drogas e álcool, muda constantemente de emprego, é impulsivo e violento, contrai dívidas, agrava a pobreza, adota comportamentos de risco como dirigir bêbado, relacionamentos múltiplos e instáveis, promiscuidade sexual, imprudência, falta de capacidade para a lealdade e amizade, falta de empatia e falta de remorso ou vergonha, dificuldade para envolver-se afetivamente e outras características compatíveis com sintomas de doenças psiquiátricas.
O autor ressalta que pela apuração dos levantamentos longitudinais do comportamento do sujeito ao longo da sua vida efetuado através de relatórios judiciais, percebe-se que os psicopatas diminuem suas condutas ofensivas e criminosas em torno dos 40 anos, mas arrastam atrás de si uma constelação de traços antissociais da personalidade que poderiam ser confirmados através de relatórios escolares, relatórios trabalhistas e até mesmo em fichas policiais. Duvida-se que esse comportamento realmente se extinga em torno dessa idade, pois o que se hipotetisa é que a justiça acaba por ser mais conivente com criminosos idosos além de outros fatores que poderiam confundir os números estatísticos levantados.
O que é mais preocupante é que, conforme o autor, os indivíduos com comportamentos antissociais persistentes na vida adulta não desistem da delinquência e não são permeáveis a intervenções.
  


[1] Psychological Review, Vol 100(4), Oct 1993, 674-701, ADOLESCENCE-LIMITED AND LIFE-COURSE-PERSISTENT ANTISOCIAL BEHAVIOR: A DEVELOPMENTAL TAXONOMY, By Moffitt, Terrie E.
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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Mensagem do Frei Beto


Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do  Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. 
 
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam.
 
Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente.
 
Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'
 
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:
 
'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'.
 
Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'.
 
'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'
 
'Que tanta coisa?', perguntei.
 
'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa degarota robotizada.
 
Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!
 
 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

SEXUALIDADE HUMANA


A sexualidade até o início do século XX era concebida como um aspecto imprescindível para a reprodução da espécie. Não se podia fazer sexo com outros fins e era proibido fazê-lo sem a autorização da religião e da sociedade. As uniões deveriam ser monogâmicas. É claro que muitos homens e mulheres não cumpriam essas determinações, mas o prazer que decorria deste ato gerava sentimentos de culpa e neurose.

No Século XX, principalmente com o advento da pílula, a sexualidade teve uma ênfase no prazer e na performance. O importante era gozar. O importante era ser turbinado, esteticamente plastificado e desvincular o prazer do compromisso. O sexo foi desvinculado da gravidez, mas trouxe por outro lado a promiscuidade e a propagação da Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis.

Atualmente estamos vivendo a transição do abandono da performance e do imperativo de gozar a qualquer preço e com qualquer um e estamos rumando em direção ao sexo concebido com amor, carinho e respeito. Neste percurso, há ainda uma longa jornada a ser trilhada.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

REBELDE SEM CAUSA



Composição: Roger moreira
Meus dois pais me tratam muito bem
(O que é que você tem que não fala com ninguém?)
Meus dois pais me dão muito carinho
(Então porque você se sente sempre tão sozinho?)
Meus dois pais me compreendem totalmente
(Como é que
se sente, desabafa aqui com a gente!)
Meus dois pais me dão apoio moral
(Não dá pra ser legal, só pode ficar mal!)
MAMA MAMA MAMA MAMA
(PAPA
PAPA PAPA PAPA)
Minha mãe até me deu essa guitarra
Ela acha bom que o filho caia na farra
E o meu carro foi meu pai que me deu
Filho homem tem que ter um carro seu

Fazem questão que eu só ande produzido
Se orgulham de ver o filhinho tão bonito
Me dão dinheiro
prá eu gastar com a mulherada
Eu realmente não preciso mais de nada

Meus pais não querem
Que eu fique legal
Meus pais não querem
Que eu seja um cara normal

Não vai dar, assim não vai dar
Como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar
Não vai dar, assim não vai dar
Pra eu amadurecer sem ter com quem me rebelar