sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

As escolhas do sujeito no sexo, na vida, na morte
Antonio Quinet*
A psicanálise descobriu uma determinação fora do indivíduo que, no entanto, faz parte de sua subjetividade. Essa determinação, sentida como uma força alheia e estranha, não está inscrita nos astros, nas cartas ou nos desígnios dos deuses e sim no Outro, lugar do inconsciente. Trata-se da inscrição simbólica promovida pela linguagem que situa o sujeito numa história, numa árvore genealógica, numa cadeia de gerações que constitui seu desejo inconsciente como o somatório de desejos de todos aqueles que desejaram a ele, por ele e para ele. É o que se chama habitualmente de destino: o sujeito alienado aos significantes do Outro que historiam sua sina de sujeito ao desejo. Essa determinação significante se manifesta nos sintomas, sonhos, atos falhos.
A prática do inconsciente mostra que, no entanto, o sujeito não é joguete do destino, e sim sujeito da escolha, responsável por seus atos e decisões em tudo na vida. A escolha é sempre de sua responsabilidade - é uma decisão ética da ordem do ser. A escolha enquanto tal é sem volta e se, por um lado, abre uma via incalculável, por outro lado, ela fecha diversas outras possibilidades perdidas para sempre. A escolha é abissal - trata-se de um ato real que apresenta toda sua dimensão trágica. Em contrapartida, a não-escolha joga o sujeito no jugo do Outro.