Transtornos do sono e sonambulismo

Sono agitado, mexer muito ao ponto de cair da cama ou amanhecer nos pés da cama, conversar durante o sono, levantar da cama durante a noite e andar pela casa sem uma intenção consciente são queixas que aparecem mais comumente na infância e adolescência e são relatados pelos pais sem muita preocupação, ao que eles denominam como “sonambulismo”.  Muitas vezes ainda esses portadores apresentam dores de cabeça, sensibilidade à luz, sonolência diurna, falta de concentração, queda no rendimento escolar e irritabilidade.

Um sono mal dormido pode ter causas puramente orgânicas, como adenóide, rinite, sinosite ou outras obstruções do trato respiratório, má digestão, distúrbios na acuidade visual (escotomas), problemas neurológicos ou outros. Para tanto, é necessário uma avaliação médica.  Para a avaliação do sonambulismo é importante exames neurológicos específicos, como o EEG (Eletroencefalograma) e outros. Fenômenos de origem psíquica podem também estar presentes como ansiedades que se apresentam por mudança na rotina da família ou do ambiente no qual a criança está inserida, aumento ou diminuição dos membros familiares, perdas, cobranças excessivas, etc.

É preciso que queixas relacionadas ao sono, independente da idade do portador sejam avaliadas seriamente, porque poderão ser sinais que nos alertam para evolução de crises convulsivas ou outros problemas neurológicos ou psicológicos no futuro.

Fisiologia do sono:

A estrutura do sono adulto se divide em sono REM e sono NÃO-REM. O sono REM é o estágio mais importante do sono, porque, apesar de ter pouca duração temporal (de 7 a 15 minutos), permite a manifestação dos sonhos. Neste estágio ocorre o o aumento do fluxo sanguíneo, freqüência cardíaca, respiração, temperatura e pressão sanguínea, os olhos se movem rapidamente e atividade cerebral fica acelerada, apesar do sonhador estar totalmente inerte pois o córtex cerebral bloqueia as atividades motoras.

O estágio NÃO-REM se divide em quatro fases, sendo a 1ª e a 2ª leve,  e a 3ª e a 4ª são fases de sono profundo (restaurador).

A completa maturação do sono para que estes estágios se estabeleçam  se dá em torno dos quatro anos de idade. Os bebês possuem um comportamento durante o sono muito diverso de crianças e adultos. Assim, dependendo da idade, nem todos os comportamentos durante o sono podem ser considerados patológicos.

O sonambulismo é um distúrbio  que aparece em crianças na faixa etária entre 3 e 7 anos, é causado, na maioria dos casos, por alguma interrupção nos padrões regulares do sono ou por algum estado febril. Os episódios de sonambulismo são mais comuns na primeira metade da noite, nas fases 1 e 2 do sono Não-Rem  podendo durar poucos segundos ou até cerca de 40 minutos e ainda reincidir na mesma noite.

O sonambulismo na infância, de modo geral, é inofensivo e tende a desaparecer com a idade.

Tratamento

Na imensa maioria dos casos, o sonambulismo na infância e início da adolescência dispensa tratamento à base de medicamentos. Sonambulismo em adultos é importante avaliar. É importante, também, adotar medidas de segurança para proteger o sonâmbulo, como bloquear escadas, colocar telas de proteção em janelas, não deixar objetos pontiagudos espalhados pelo quarto e trancar as portas de saída da casa. Durante um episódio de sonambulismo, conduza a criança de volta à cama sem despertá-la, pois o despertar pode aumentar a chance de outras crises na mesma noite.

Outros distúrbios como dificuldade para começar a dormir, acordar várias vezes a noite, acordar de madrugada e ter dificuldade para retornar ao sono, ranger dentes, mexer muito na cama, insônia e outros sintomas que podem causar prejuízo na qualidade do sono é necessário procurar ajuda médica e muitas vezes, utilizar de medicação. O acompanhamento psicológico também é importante no sentido do alívio da ansiedade, elevação da auto-estima que muitas vezes fica comprometida e acolhimento das queixas do portador.

Todas essas medidas visam a qualidade de vida e um bom desenvolvimento neuropsicológico do indivíduo.