O trabalho é peculiar ao homem e é através do trabalho que o homem ajusta as relações humanas. Para o adolescente, o trabalho tem a função de promover o seu desenvolvimento psicológico, uma vez que confere um sentimento de produtividade, resultando no aumento da sua auto-estima e da auto-confiança. Para os adolescentes de classes menos privilegiadas, o trabalho freqüentemente é um meio de adquirir habilidades e contatos que podem ser valiosos para o seu futuro.
A educação cumpre um importante papel na preparação do individuo para o trabalho, oferecendo informações e promovendo situações para o desenvolvimento de comportamentos próprios que possam contribuir para a constituição da sua identidade profissional.
Porém, a sociedade brasileira não privilegia o ingresso do adolescente no mercado de trabalho como uma forma de inseri-lo na dinâmica do desenvolvimento psíquico e social. Muitas vezes, esse ingresso se dá por imposição das necessidades materiais vivenciadas por ele e sua família. Mesmo o trabalho intelectual que se faz através do estudo, normalmente não é valorizado como tal e qualquer outra atividade que o adolescente desenvolva é muitas vezes vista como entretenimento.
É necessário, porém, perceber que o adolescente quando está estudando ou desenvolvendo atividades acadêmicas está trabalhando no sentido literal do termo. Vincular a produção acadêmica à produção laborativa é essencial para que nessa fase da vida, o adolescente possa sentir-se contextualizado no sistema produtivo de forma a elevar a sua auto-estima e diminuir a sua vulnerabilidade.
É pensando nas várias dimensões da educação e do trabalho que buscaremos um sentido de proteção e resiliência para o adolescente, ampliando-lhe os horizontes e dissuadindo-o da alienação e vulnerabilidade que o consumismo, as drogas e a violência lhes impõe.