SENTIMENTO DE VERGONHA
Em séculos precedentes, era comum
a pessoa “morrer de vergonha” para preservar a honra. Morria-se literalmente,
porque a vergonha pela desonra era tanta que o sujeito preferia morrer de fato,
e se matava. Qualquer equívoco cotidiano poderia fazer o sujeito sentir-se
desonrado e, portanto, morrer de
vergonha.
Atualmente não se morre mais de
vergonha. O que seria desonroso, privado, íntimo, coberto de pudor deseja-se
que seja escancarado aos olhos dos expectadores e aplaudido por eles. E quanto mais
desavergonhado, melhor! Os índices de
audiência aumentam e o sujeito despudorado ganha fama, torna-se herói. É a
completa inversão de valores.
Mas, em contrapartida,
encontramos pessoas que são tomadas por intensa vergonha:
“Eu não ... porque tenho vergonha!”
O campo das reticências nessa frase pode ser
preenchida com várias palavras: “fui lá”, “me apresentei”, “olhei”, “falei”, “pedi”, “ofereci”, “comi”, etc. Normalmente os
sentimentos que acompanham essa vergonha é desproporcional à vergonha a que a pessoa se refere.
Há uma vergonha que deve ser
preservada: aquela que conduz ao bom comportamento, à educação e a
sociabilidade. Essa, preserva o sujeito da imbecilidade, da deselegância e da
falta de civilidade.