VIOLÊNCIA E A ADOLESCÊNCIA: ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES (*)
Introdução
Presenciamos uma era de intensas e velozes transformações nos diversos
segmentos da sociedade. O avanço tecnológico oferece produtos que prometem
acabar com as dores, aumentar o prazer e a longevidade, e até mesmo superar a
morte. O acesso a esses avanços, que se estendem por todo o planeta, cria
padrões de comportamentos e modifica a subjetividade, o que não se dá sem
consequências.
A violência, um desses aspectos “globalizados”, apresenta-se como um
fenômeno que, se não novo, pelo menos mais ameaçador do que já o foi em outras
épocas. A violência apropria-se das formas mais diversificadas e agiganta-se
por todo o globo gerando tanto para o indivíduo quanto para os grupos a incerteza,
a insegurança e o medo.
Convivemos continuamente com a violência, explícita ou implícita: aquela
que nos açoita o corpo e o espírito. Violência que vem pela palavra, pela
imagem ou pela intenção. Não é incomum deparamos com meios de comunicação e culturais violentando-nos diretamente com imagens ou impondo-nos ideias de formas sutis, mas que não deixam de ditar comportamentos e gerar preconceitos. Existe também, aquela violência que vem de forma menos disfarçada, como a facada ou o tiro.
Uma pergunta se faz: o adolescente é um sujeito em transformação que
caminha para a vida adulta e para a regência dessa sociedade violenta da qual ele é
herdeiro. Neste sentido, o que esperar do adolescente fruto de uma sociedade cujos valores
estão em declínio e em que também impera a lei do mais forte? É o adolescente violento ou é a sociedade que o rotula como violento? A violência é da sua “natureza” ou é
culturalmente adquirida? Refletir sobre essas questões é o que propõe esse
trabalho.