domingo, 21 de julho de 2013

ESQUIZOFRENIA: DIAGNÓSTICO

A esquizofrenia é uma doença mental que se caracteriza por uma desorganização ampla dos processos mentais com sinais e sintomas que se apresentam com alterações do pensamento, percepção e emoções.  A pessoa perde o sentido de realidade e é incapaz de distinguir a experiência real da imaginária. É um quadro complexo marcado por prejuízos nas  relações interpessoais, sociais, familiares, acadêmicas e ocupacionais.

            Geralmente, inicia-se no final da adolescência ou início da idade adulta antes dos 40 anos. O curso desta doença é sempre crônico com marcada tendência à deterioração da personalidade do indivíduo.
 SHIRAKAWA (2010), afirma que apesar de esta doença ser conhecida de longa data, ainda não se localizou um fator específico causador da esquizofrenia. Há, no entanto, evidências de que seria decorrente de uma combinação de fatores biológicos, genéticos e ambientais que contribuiriam em diferentes graus para o aparecimento e desenvolvimento da doença. Filhos de indivíduos esquizofrênicos têm uma chance de aproximadamente 10% de desenvolver a doença, enquanto na população geral o risco de desenvolver a doença é de aproximadamente 1%. 
            JASPERS (1911), afirma que os quadros de esquizofrenia podem variar de paciente para paciente, sendo uma combinação em diferentes graus dos sintomas. Descreve os sintomas da esquizofrenia que incluem delírios, alucinações, desorganização do discurso e do pensamento, alterações de comportamento e distúrbios na expressão das emoções. Durante o delírio o indivíduo é tomado por ideias falsas, irracionais ou sem lógica, cujo conteúdo, em geral, são temas de perseguição, grandeza ou místicos. Nas alucinações o paciente  percebe os estímulos da realidade distorcidos ou cria estímulos como ouvir vozes ou pensamentos, enxergar pessoas ou vultos, figuras bizarras ou animais, o que pode ser bastante assustador para o paciente. Seu discurso e pensamento são desorganizados e o paciente fala de maneira ilógica e desconexa. Não consegue expressar as emoções ou apresenta um afeto inadequado ou embotado à situação em que está presenciando. Não consegue demonstrar se está alegre ou triste, por exemplo, tendo dificuldade de modular o afeto de acordo com o contexto, mostrando-se indiferente a diversas situações do cotidiano. O seu comportamento inclui impulsividade, agitação ou retraimento.  Não sente inibição ou senso moral, podendo conversar sozinho em voz alta ou andar sem roupa em público. Muitas vezes apresenta comportamento agressivo ou de auto-agressão. o que inclui o risco de suicídio.
O diagnóstico é feito a partir da observação clínica cuidadosa das manifestações do transtorno. É importante a exclusão de outras doenças ou condições que produzam sintomas psicóticos semelhantes, como uso de drogas, epilepsia, tumores e distúrbios metabólicos. Também é importante classificar a esquizofrenia, de acordo com seu subtipo em:
  • Paranóide: predominam os sintomas positivos. O quadro clínico é dominado por um delírio paranóide relativamente bem organizado. Os doentes com esquizofrenia paranóide são desconfiados, reservados, podendo ter comportamentos agressivos.
  • Desorganizado: os sintomas afetivos e as alterações do pensamento são predominantes. As ideias delirantes, embora presentes, não são organizadas. Em alguns doentes pode ocorrer uma irritabilidade marcada associada a comportamentos agressivos. Existe um contato muito pobre com a realidade.
  • Catatônico: caracterizado pelo predomínio de sintomas motores e por alterações da atividade, que podem ir desde um estado de cansaço e acinético até a excitação.
  • Indiferenciado: apresenta habitualmente um desenvolvimento insidioso com isolamento social marcado e diminuição no desempenho laboral e intelectual. Observa-se nestes doentes uma certa apatia indiferença relativamente ao mundo exterior.
  • Residual: predomínio de sintomas negativos, os doentes apresentam um isolamento social marcado por um embotamento afetivo e uma pobreza ao nível do conteúdo do pensamento.
  • Herbefrênica: com incidência na adolescência, apresenta o pior dos prognósticos em relação às demais variações da doença, e com grandes probabilidades de prejuízos cognitivos e socio-comportamentais.
            Uma crise psicótica pode ser precipitada por vários fatores, como mudança de casa, perda de um familiar, rompimento amoroso, dentre outros. Neste tipo de doença, é raro o indivíduo ter consciência de que está realmente doente; o que torna difícil a adesão ao tratamento. Os antipisicóticos são eficazes no alívio dos sintomas da esquizofrenia em 70% dos casos. A Risperidona e a Olanzapina são utilizados como drogas de primeira escolha por pacientes psicóticos, exceto nos casos em que o fator sócio-econômico tiver peso dominante.
              Terapias devem ser associadas ao tratamento medicamentoso, como terapia ocupacional, arte-terapia e outras que possibilitarão a reintegração social do paciente que muitas vezes fica prejudicada pelas crises. Um trabalho conjunto entre a família e a unidade de tratamento é essencial para que o paciente conviva satisfatoriamente com a doença.

REFRÊNCIAS

ALMEIDA, Marcelo Machado de et al. Diagnóstico diferencial entre esquizofrenia, transtornos invasivos do desenvolvimento e transtorno obsessivo-compulsivo na infância. Revista psiquiatria Clínica, São Paulo, v.30, n.5, 2003.

DSM-IV - TR– Manual de diagnostico e estatística de distúrbios mentais – 4ª edição revista. São Paulo, Artmed, 2002 

JASPERS, Karl (1911) Psicpatologia geral. Tradução Samuel Penna Reis.2ª ed.  Volume I. Rio de Janeiro, Livraria Atheneu, 1987

SHIRAKAWA, Itiro. Aspectos gerais do manejo do tratamento de pacientes com esquizofrenia. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, 2010. 








Nenhum comentário:

Postar um comentário