A esquizofrenia é uma
doença mental que se caracteriza por uma desorganização ampla dos processos
mentais com sinais e sintomas que se apresentam com alterações do pensamento,
percepção e emoções. A pessoa perde o
sentido de realidade e é incapaz de distinguir a experiência real da imaginária.
É um quadro complexo marcado por prejuízos nas relações interpessoais, sociais, familiares,
acadêmicas e ocupacionais.
Geralmente, inicia-se no final da
adolescência ou início da idade adulta antes dos 40 anos. O curso desta doença
é sempre crônico com marcada tendência à deterioração da personalidade do
indivíduo.
JASPERS (1911), afirma que os
quadros de esquizofrenia podem variar de paciente para paciente, sendo uma
combinação em diferentes graus dos sintomas. Descreve os sintomas da esquizofrenia
que incluem delírios, alucinações, desorganização do discurso e do pensamento, alterações
de comportamento e distúrbios na expressão das emoções. Durante o delírio o
indivíduo é tomado por ideias falsas, irracionais ou sem lógica, cujo conteúdo,
em geral, são temas de perseguição, grandeza ou místicos. Nas alucinações o
paciente percebe os estímulos da realidade
distorcidos ou cria estímulos como ouvir vozes ou pensamentos, enxergar pessoas
ou vultos, figuras bizarras ou animais, o que pode ser bastante assustador para
o paciente. Seu discurso e pensamento são desorganizados e o paciente fala de
maneira ilógica e desconexa. Não consegue expressar as emoções ou apresenta um afeto
inadequado ou embotado à situação em que está presenciando. Não consegue
demonstrar se está alegre ou triste, por exemplo, tendo dificuldade de modular
o afeto de acordo com o contexto, mostrando-se indiferente a diversas situações
do cotidiano. O seu comportamento inclui impulsividade, agitação ou
retraimento. Não sente inibição ou senso
moral, podendo conversar sozinho em voz alta ou andar sem roupa em público. Muitas
vezes apresenta comportamento agressivo ou de auto-agressão. o que inclui o
risco de suicídio.
O
diagnóstico é feito a partir da observação clínica cuidadosa das manifestações
do transtorno. É importante a exclusão de outras doenças ou condições que
produzam sintomas psicóticos semelhantes, como uso de drogas, epilepsia,
tumores e distúrbios metabólicos. Também é importante classificar a
esquizofrenia, de acordo com seu subtipo em:
- Paranóide: predominam os sintomas positivos. O quadro clínico
é dominado por um delírio paranóide relativamente bem organizado. Os
doentes com esquizofrenia paranóide são desconfiados, reservados, podendo
ter comportamentos agressivos.
- Desorganizado: os sintomas afetivos e as
alterações do pensamento são predominantes. As ideias delirantes, embora
presentes, não são organizadas. Em alguns doentes pode ocorrer uma
irritabilidade marcada associada a comportamentos agressivos. Existe um
contato muito pobre com a realidade.
- Catatônico: caracterizado pelo predomínio de
sintomas motores e por alterações da atividade, que podem ir desde um
estado de cansaço e acinético até a excitação.
- Indiferenciado: apresenta habitualmente um
desenvolvimento insidioso com isolamento social marcado e diminuição no
desempenho laboral e intelectual. Observa-se nestes doentes uma certa
apatia indiferença relativamente ao mundo exterior.
- Residual: predomínio de sintomas negativos, os doentes
apresentam um isolamento social marcado por um embotamento afetivo e uma
pobreza ao nível do conteúdo do pensamento.
- Herbefrênica: com incidência na adolescência, apresenta o pior
dos prognósticos em relação às demais variações da doença, e com grandes
probabilidades de prejuízos cognitivos e socio-comportamentais.
Uma
crise psicótica pode ser precipitada por vários fatores, como mudança de casa,
perda de um familiar, rompimento amoroso, dentre outros. Neste tipo de doença,
é raro o indivíduo ter consciência de que está realmente doente; o que torna
difícil a adesão ao tratamento. Os antipisicóticos são eficazes no alívio dos
sintomas da esquizofrenia em 70% dos casos. A Risperidona e a Olanzapina são
utilizados como drogas de primeira escolha por pacientes psicóticos, exceto nos
casos em que o fator sócio-econômico tiver peso dominante.
Terapias devem ser associadas ao tratamento medicamentoso, como terapia ocupacional, arte-terapia e outras que possibilitarão a reintegração social do paciente que muitas vezes fica prejudicada pelas crises. Um trabalho conjunto entre a família e a unidade de tratamento é essencial para que o paciente conviva satisfatoriamente com a doença.
REFRÊNCIAS
ALMEIDA, Marcelo Machado de et al. Diagnóstico diferencial entre esquizofrenia, transtornos invasivos do desenvolvimento e transtorno obsessivo-compulsivo na infância. Revista psiquiatria Clínica, São Paulo, v.30, n.5, 2003.
DSM-IV - TR– Manual de diagnostico e estatística de
distúrbios mentais – 4ª edição revista. São Paulo, Artmed, 2002
JASPERS, Karl (1911) Psicpatologia geral. Tradução
Samuel Penna Reis.2ª ed. Volume I. Rio
de Janeiro, Livraria Atheneu, 1987
SHIRAKAWA, Itiro. Aspectos
gerais do manejo do tratamento de pacientes com esquizofrenia. Revista
Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, 2010.
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