Bernard Nominê
Eu
vou partir deste pequeno ritornelo que me surge não sei de onde: “papai, mamãe,
a babá e eu”. Creio que é o refrão de uma cançãozinha medíocre do após guerra
que não tem estritamente nenhum interesse a não ser, para mim, o de
introduzi-los numa estrutura de quarteto que vou tentar desdobrar diante de
vocês. Não é por acaso que entre papai, mamãe e eu, eu precisei incluir a babá.
Neste quarteto há, eu penso, um ponto de estrutura.
A
babá, no Littré é, “uma moça encarregada de cuidar das crianças”. Esta
personagem que duplica o papel da mãe tem sempre um lugar importante no romance
familiar.
Na
maioria dos casos, ela duplica a mãe para a criança. Pensem na querida Nanie do
“homem dos Lobos”. É frequente que seja através da babá que a criança aceite
descobrir a sexualidade da mãe: é o caso para a babá do “pequeno Hans”. Às
vezes esta babá faz o papel de uma verdadeira iniciadora: pensem em Fraülein
Peter e em Lina, as duas governantas do “homem dos ratos”. Além disso, a babá duplica a mãe diante do
pai. Ela é então aquela com a qual o pai poderia se satisfazer em amores
ancilares culpados, o que deu lugar a um certo número de nascimentos e inspirou
mais de um romance.
Freud,
em seus tratamentos, é sempre atento ao papel da governanta; fazia parte dos
costumes da época. Hoje não faz mais! Mas sempre acontece esta necessária
divisão da personagem materna que o papel da babá imaginarizava com perfeição.