segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Ajudando adolescentes a estabelecer uma imagem corporal saudável

Texto produzido por Tiago Azevedo, psicólogo


De acordo com a pesquisas nos Estados Unidos:

  1. 80% das meninas do ensino médio relataram que estavam acima do peso ideal – no qual seriam mais felizes (Fisher et al., 1991)
  2. As jovens adolescentes já estão conscientes do conceito de dieta
  3. 78% das mulheres adolescentes (13-19 anos de idade) estão insatisfeitas com seu peso (Eisele et al, 1986)
  4. A imagem corporal negativa é correlacionada com baixa autoestima e depressão

As dicas a seguir podem ser usadas ​​para ajudar as adolescentes no desenvolvimento de uma melhor aceitação de sua imagem corporal. 

Reconhecer a influência da mídia: Se você caiu na Terra depois de ter vivido toda a sua vida em outro planeta e seu único meio de aprender sobre as mulheres foi conseguido através de televisão e revistas, quais características atribuiria às mulheres? Elas são meros objetos de desejo? Como os homens supostamente devem tratar as mulheres? Que mensagens são transmitidas através da mídia? 

Anúncios de revistas adolescentes são projetados para vender produtos e, muitas vezes eles podem ser prejudiciais para a autoimagem das consumidoras.

Consciência de medidas irrealistas: A magreza exagerada dos outdoors é sinal de saúde? As modelos são realmente felizes? É interessante um olhar crítico quando observar publicidade. Nesse caso, é necessário lembrar de todos os sacrifícios feitos para manter um corpo excessivamente magro (felicidade, saúde, alimentação, relacionamento com família, etc).

Comparar menos: O que é a beleza? De primeira você pode tentar nomear características físicas, como um corpo magro ou olhos claros, mas é importante pensar além do que pode ser considerado beleza tradicional. As adolescentes, ainda em formação, necessitam ser guiadas para outras formas de pensamento a respeito de padrões de beleza. Talvez evitar fazer tantas comparações e focar nas singularidades  de cada pessoa.

Avaliar relacionamento com o próprio Corpo: Como você se sente sobre o seu corpo? Você costuma fazer declarações negativas sobre ele? Você está constantemente obcecada com a aparência? Já tentou quase todas as dieta da moda? 
Se você tem uma imagem corporal negativa e está constantemente criticando seu corpo, as chances são grandes de que as adolescentes influenciadas comecem a internalizar esses mesmos sentimentos e passem a exibir ações semelhantes. É importante remodelar a aceitação do seu próprio corpo, sendo que além de gerar satisfação individual, isso contribui para a satisfação coletiva aumentando a tolerância às diferenças.

Referências

Eisele, L., Hertsgaard, D., & Light, H. (1986).  Factor related to eating disorders in young adolescent girls.  Adolescence, 21, 283-290.

Fisher, M., Schneider, C., & Napolitano, B.  (1991).  Eating attitudes, health-risk behaviors, self-esteem, and anxiety among adolescent females in a suburban high school.  Journal of Adolescent Health, 12, 377-384.


Por Tiago Azevedo – Psicoativo.com

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

QUESTÕES SOBRE A BANALIZAÇÃO DE MEDICAÇÕES PARA A HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO


- Crianças agitadas e bagunceiras sempre existiram. O que tem despertado a preocupação da sociedade para essas crianças inquietas? O numero de crianças hiperativas aumentou?

É verdade que crianças agitadas e bagunceiras sempre existiram. A criança é curiosa e está numa fase de conhecer e se apropriar do mundo utilizando-se dos sentidos, por isso manipula os objetos, corre, pula, experimenta. Além disso, a criança dispõe de mais energia livre que o adulto, o que faz com que a mesma apresente-se inquieta.

Mas as transformações tecnológicas e os produtos eletrônicos  que são oferecidos para a nossa sociedade atual faz com que as crianças manifestem mais inquietação do que as crianças do passado.  O excesso de iluminação e cores, o movimento acelerado e inconstante excita os neurônios no cérebro em formação da criança, e obviamente, traz consequências. Dessa forma, parece que o número de crianças inquietas aumentou. A inquietude exacerbada pode ser indícios de um transtorno muito comum na sociedade atual, que foi denominada como hiperatividade, ou TDAH.

O metilfenidato (ou Ritalina) é uma estimulante, mas o efeito paradoxal do mesma é promover a concentração da criança ou do adulto em atividades menos interessantes, cuja concentração natural é dificultada. Essa medicação funciona como uma espécie de “camisa de força” impedindo a expressão corporal da criança.

Nas primeiras prescrições o seu efeito é imediato e dura em torno de 4 horas, mas a longo prazo, a tendência dessa medicação é diminuir o efeito. A preocupação maior é ao que se refere a esse uso a longo prazo, porque como todo estimulante que vai perdendo seu efeito, aumenta-se a dose e os efeitos colaterais podem apresentar-se de forma ainda mais acentuada.

A criança precisa ser analisada no seu todo. Muitas vezes a hiperatividade é devida à falta de limites. Pais que não impõe regras ou que delegam à escola ou outras pessoas educarem seus filhos. Neste caso, psicoterapia familiar é indicado. O ambiente em que a criança está inserida também precisa ser analisado. Retirar estímulos do ambiente de estudo, mudar o lugar da carteira em que a criança estuda para um local menos estimulante, oferecer reforço escolar são algumas das outras alternativas.


O diagnóstico para a hiperatividade e déficit de atenção depende muito de quem o elabora. Pais e professores nem sempre conseguem fazer o diagnóstico correto e muitas vezes são influenciados pelos sintomas divulgados pela mídia para dizerem que os filhos são hiperativos. O ideal é que a criança seja avaliada por um especialista (pediatra, psiquiatra, neurologista ou psicólogo). Outra questão que se coloca é que muitos pais, professores e até médicos preferem o uso da medicação para obter uma resposta imediata, independente do  diagnóstico estar correto.