terça-feira, 15 de março de 2011

Abuso sexual infantil

O abuso sexual infantil é definido como o envolvimento de uma criança ou adolescente em atividade sexual com um adulto que podem variar desde atos em que não exista contato sexual, como ter de se mostrar ou ter que olhar,  ou atos com contato sexual sem penetração  como toques, carícias e masturbação ou ainda, com penetração vaginal, anal e oral. Estas práticas eróticas e sexuais, muitas vezes são impostas à criança ou ao adolescente pela autoridade, força física, ameaças ou indução de sua vontade. Neste caso, a gratificação sexual é exclusiva para o adulto. Apesar das crianças e adolescentes possuírem curiosidades sexuais, seu corpo e sua mente não estão totalmente preparados para experiências sexuais, advindo daí o que podemos chamar de traumas por provocarem severas seqüelas emocionais, comportamentais, sociais e cognitivas.
A maioria dos abusos sexuais cometidos contra crianças e adolescentes ocorrem dentro de casa e são perpetrados por pessoas próximas, que desempenham papel de cuidador destas. Nesses casos, os abusos são denominados intrafamiliares ou incestuosos.  Em 42% dos casos, o abuso sexual de meninas é feita pelo pai ou padrasto.
                        A vítima infantil tende a se comportar como uma pessoa madura, assumindo muitos papéis de adultos, inclusive o de cuidar da casa. Há uma tendência nessas famílias de os membros serem muito fechados e socialmente isolados, dificultando a detecção do abuso. É comum as ameaças, subornos e violência serem usados também contra outros membros da família, especialmente a mãe, para impedi-las de falar sobre o ocorrido a alguém.
            Algumas formas de abuso mais intrusivas, como a penetração, duração e freqüência dos episódios abusivos e a falta de apoio social e da família quando da descoberta do abuso  resultam em conseqüências negativas mais graves para a vítima.  A literatura aponta que a maioria das  crianças se culpabilizam pela interação sexual, responsailizando-se por ter sido vítima, principalmente quando recebem algum tipo de recompensa pelo abuso ou quando não são acolhidas pela família, sociedade ou justiça.
            Em conseqüência, essas vítimas de abuso desenvolvem problemas psíquicos, comportamentais e de relacionamento, levando-os muitas vezes na idade adulta a portarem comportamentos violentos, criminosos ou transgressores.
            Se a criança revela o abuso à mãe e ela não acredita, dificulta a comunicação desse fato a outras pessoas.             Mudanças súbitas e extremas de comportamento, tais como distúrbios alimentares, do sono e afetivos, comportamentos agressivos ou de autodestruição, pesadelos, dificuldade de concentração, medos, choro freqüente, comportamento sexualizado e enurese podem ser considerados sintomas de abuso, e nestes casos, deve ser investigado.
            Medo, perda de interesse pelos estudos e brincadeiras, mau desempenho escolar, fugas, dificuldades de se ajustar, isolamento social, déficit de linguagem e aprendizagem, distúrbios de conduta, baixa auto-estima, fugas de casa, uso de álcool e drogas, ansiedade, piromania, múltiplas personalidades, somatização, fobias, traumas prostituição, idéias suicidas e homicidas, tentativas repetidas de suicídio, automutilação, agressividade e suicídio também devem ser considerados como possibilidades de abuso sexual.
            Meninos que sofram abuso sexual poderão apresentar maior risco de comportamentos autodestrutivos e tentativas de suicídio, mesmo em ausência de depressão ou sentimentos de desesperança, ao contrário das meninas. A tristeza e a ansiedade na infância que podem levar à depressão no adulto têm sido relacionadas ao abuso sexual.
            Alterações físicas como hemorragias vaginais e/ou retais, dor vaginal/peniana ou retal, corrimento, contusões, eritema ou sangramento, dores ao urinar ou evacuar, infecções genitais, vômitos e dores de cabeça sem explicação médica também devem despertar a atenção de pais, responsáveis, professores, médicos e outros profissionais de saúde.
            Uma criança que tenha sido abusada sexualmente será traumatizada por toda a vida, mas a ajuda especializada somente será procurada nos casos em que, futuramente, os traumas emocionais e psicológicos venham a se agravar. As seqüelas poderão variar quando relacionadas ao tipo de abuso: número de agressores, duração, relação com agressor, resistência, emprego de força, idade em que se iniciou participação e freqüência do abuso.
            Para investigar a possibilidade de abuso sexual, é preciso uma anamnese detalhada, feita com habilidade, sensibilidade e oferecendo apoio. O abuso sexual é crime e precisa ser investigado. Todas as vítimas de abuso sexual precisam de apoio psicológico. É essencial o apoio de uma equipe multidisciplinar envolvendo pediatra, psicólogo e psiquiatra que deverão trabalhar em conjunto tentando diminuir os danos causados na criança e à sua família.

2 comentários:

  1. Eu me sentia dessa forma: culpado, sujo e rejeitado.
    Boa parte da minha infância foi um inferno e foi bastante difícil superar determinadas coisas...

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  2. A criança abusada frequentemente sente-se diferente dos demais e diminuido. É como se pensasse assim: "Se ele me escolheu para abusar é porque eu sou diferente e eu "mereço". A autoestima da pessoa abusada fica comprometida e o sentimento de culpa, por qualquer que tenha sido a sua participação (por ter sido passivo, por ter sentido medo, por ter tido curiosidade, por ter sido inocente, etc...) exarcerba-se, principalmente se a vítima não consegue compartilhar com outras pessoa o que vivenciou ou se não tem a oportunidade de ter um acompanhamento psicológico. Lembre-se, a vítima é vítima, mas não precisa se portar eternamente assim.
    Um abraço.
    Eliana

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