Introdução
Este trabalho é uma breve compilação de estudos efetuados
para a disciplina As parcerias amorosas e o sintoma, ministrado pela Profa. Ilka
Franco, durante o 2º semestre de 2012, no curso de mestrado do Programa de Pós
Graduação da Puc Minas.
A finalidade deste
trabalho é a de concatenar as formas de parcerias amorosas que se organizam
considerando o diagnóstico estrutural do sujeito, segundo a teoria
psicanalítica. O diagnóstico estrutural é essencial para a prática
psicanalítica e faz parte dos pilares da teoria.
Para tanto, utilizei
o pensamento de Jacques Marie Émile Lacan para a fundamentação teórica e
acrescentei estudos de outros autores e anotações em sala de aula da disciplina
mencionada para o aprofundamento dos temas específicos.
Iniciei com a
importância do levantamento do diagnostico estrutural e do deciframento do
sintoma para a investigação psicanalítica. Em seguida discorri sobre o amor e
as estruturas psíquicas e no final fiz um breve percurso a partir de Lacan
sobre o amor nas posições feminina e masculina.
A expectativa é
que esse texto possa fazer emergir reflexões acerca do amplo campo abordado,
bem como delinear os horizontes do que ainda me é necessário rever, aprofundar e,
consequentemente, incentivar o constante estudo e discussão do tema.
1 – Investigação psicanalítica: diagnóstico estrutural e
sintoma
A
noção de diagnóstico é de suma importância para a prática clínica
psicanalítica, uma vez que fundamenta a abordagem teórica do funcionamento
tópico, econômico e dinâmico do inconsciente.
O inconsciente possui um determinismo particular que não se aplica as
generalizações. Ele é imponderável,
imprevisível e só existe para a psicanálise na relação transferencial
cliente/analista. O psicanalista utiliza
como referência clínica certos elementos estáveis das perspectivas estruturais
do sujeito para a condução do tratamento, ou seja, o que se denomina como diagnóstico estrutural, e que é feito
exclusivamente através da escuta do analista - única técnica de investigação
analítica.
O objeto de investigação analítica é o
inconsciente, que se apresenta através da linguagem e das diversas formações do
inconsciente. O sintoma, como uma das formações do inconsciente é tratado por
Lacan (1953,1998) ao longo do seu ensino, de diversas formas, sem deixar,
contudo, de ser visto como uma linguagem inconsciente. Inicialmente, Lacan (1953, 1998) afirma que o
sintoma é estruturado como linguagem, uma linguagem embaraçada: “O sintoma se
resolve por inteiro numa análise linguageira, por ser ele mesmo estruturado
como uma linguagem, por ser a linguagem cuja fala deve ser libertada” (Lacan,
1953, 1998, p. 270). O sintoma seria uma
metáfora, a substituição significante e abriga um sentido – o desejo
inconsciente, escamoteado, escondido e que precisa ser decifrado.
O sintoma revela não a verdade da doença, mas
a verdade do sujeito do inconsciente, que se apresenta através da “fala plena”
(Lacan, 1953, 1998, p. 248). Lacan acrescenta ainda: “O que chamo de sintoma é
o que é analisável... O sintoma apresenta-se sob uma máscara, apresenta-se de
uma forma paradoxal” (Lacan, 1957/58, 1999, p. 335). Assim, o sintoma só interessa
à análise na medida em que encobre o significante, o que está por trás dele.
Mais tarde, no seminário sobre A angústia Lacan (1962/63, 2005) esclarece
sobre o sintoma:
Por
natureza o sintoma não é um acting out,
que pede a interpretação, pois – esquecemos disso em demasia – o que a análise
descobre no sintoma é que ele não é um apelo ao Outro, não é aquilo que mostra
ao Outro. O sintoma, por natureza é o gozo ... ele se basta. (Lacan, 1962/63,
2005, p.140).
Lacan concebe o sintoma, não mais como uma
palavra a ser decifrada, porque sempre resta algo impossível de satisfazer. Não
há desejo satisfeito no circuito pulsional. A satisfação do desejo é um engodo,
pois ali se presentifica uma angustia. A
este resto Lacan denomina como gozo. O sintoma passa a ser uma solução, uma
forma do sujeito estar no mundo e um modo de organizar o seu gozo, sem
renunciar a ele. O sintoma seria a consequência da impossibilidade do sujeito
alcançar a satisfação plena.
Lacan (1957/58, 1999) percorrendo a questão
do desejo e satisfação em Freud, afirma que Freud indicou que “no próprio sintoma
há alguma coisa que se assemelha a essa satisfação, só que é uma satisfação
cujo caráter problemático é muito acentuado, uma vez que é também uma
satisfação às avessas.” (Lacan, 1957/58, 1999, p.331).
Lacan
trata na sua obra de três instâncias: o real, o simbólico e o imaginário que
são descritos como três elos que se entrecruzam. No final de sua obra, Lacan
incorpora mais um elo, que dá o nome de “Sinthome” (Lacan, 1975/76, 2005). O
sinthome constitui-se como mais uma letra e que viria a enlaçar o simbólico, o
real e o imaginário no que ele chamou de “nó borromeano”, e também, um dos
Nomes-do-Pai, enquanto metáfora. O sinthoma não se propõe a ser curado, pois
faz parte da estrutura do sujeito e articula o inconsciente e o gozo.
Jacques-Alain
Miller (2008), a partir das formulações de Lacan, propõe o conceito
“Parceiro-sintoma” ao tratar dos relacionamentos amorosos colocando a mulher
como sintoma do homem: ela faz com ele parceria.
Mas,
o mais importante é notar que o sintoma, tal qual o inconsciente só se prestam
à investigação psicanalítica e não podem ser separados da “presença do
analista”. (Lacan, 1990, p. 119).
2 – O amor e as estruturas psíquicas:
Um sujeito se
constitui no mundo através do que a psicanálise chama de processo edipiano ou função
fálica. O inconsciente do sujeito se forma a partir da cultura, inserida no
espaço/tempo, e é introduzido na fala da mãe que vai ensinando a criança o que
é ser humano naquele lugar e naquele momento. É à medida que os significantes
atravessam a natureza desse ser é que ele vai sendo introduzido na cultura e se
estruturando enquanto sujeito.
O
pai é o primeiro Outro do sujeito uma vez que a criança só reconhece o Outro a
partir da sua inserção no mundo simbólico, com a linguagem e a cultura.
O
pai é Pai Simbólico e é representado pela mãe no seu discurso como aquele que é
o portador do falo. Falo esse, que orienta o desejo da mãe (Lacan, 1957/58,
1999, p. 206). Basta que a mãe o
apresente através do seu discurso, de tal forma que a criança possa entender
que o desejo da mãe se encontra, referido a ele, o pai enquanto detentor do
falo – ou, em caso extremo, que o tenha estado, ao menos durante certo tempo (Dor,
1991, p.57). Ou seja, o pai como
portador do falo é aquilo que o discurso da mãe faz dele. O que é
estruturante para a criança é que ela possa fantasmar uma figura de um pai
imaginário, detentor do falo, a partir do qual ela dimensionará o pai simbólico,
independente do pai real. É nessa construção fantasmática que a criança se
identificará com esse objeto, o falo e procurará transformar-se nele, tornando-se
“assujeito” (Lacan, 1957/58, 1999, p. 208).
A
primeira identificação da criança é com o Pai, e é uma identificação que se dá
pela via do amor, o que sugere que o primeiro grande amor do sujeito é com o
pai, seu primeiro laço amoroso, mesmo que, nessa relação esteja presente a
ambivalência amódio[1].
Assim, o amor é um dos Nomes-do-Pai: uma metáfora, um significante que
possibilita a restauração do Outro. Nesse sentido, o que orienta o desejo
da criança não é que ela deseje a mãe, mas ela deseja o seu desejo.
Num segundo tempo,
conforme Lacan (1957-58, 1999) o pai participa como aquele que intervém
efetivamente no discurso da mãe com um “não”, mensagem de proibição. O pai é o
mediador que intervém no desejo da mãe pela criança e no desejo da criança pela
mãe. Este “não” precisa ser consentido pela mãe para que a interdição se faça
de fato. Assim, a proibição “é uma forma particular de mensagem sobre uma
mensagem.” (Lacan, 1957/58, 1999, p. 209).
É um código da cultura e não de um ditador, de um tirano. “De certo modo, a mensagem do pai torna-se a
mensagem da mãe, na medida em que agora ele permite e autoriza.” (Lacan
1957/58, 1999, p.211). O pai, com a conivência da mãe, autoriza que a criança
tenha o falo, não agora, mas mais tarde, quando poderá fazer suas escolhas,
inclusive amorosas e exercer sua sexualidade, na sua plenitude.
Nas
Duas notas à Jenny Aubry sobre a criança, Lacan situa o pai como aquele que
separa a mãe da mulher (Lacan, 1963, 1998). E ainda, conforme Miller (1998)
função do pai ligar um homem a uma mulher marcando ai uma posição sexuada,
apontando a não equivalência entre o homem e a mulher. A mulher se torna sujeito desejante e é
chamada a ocupar o lugar de objeto a, enquanto o pai seria aquele que
responderia ao seu desejo
Antes da interdição
paterna, a criança utilizava da linguagem para se dirigir ao outro (o
semelhante). Porém, à medida que a
criança se depara com o desejo materno, e mais tarde, quando desenvolve o
desejo do seu desejo, a criança torna-se sujeito. Ela passa a dirigir a
linguagem agora, não mais ao outro (o semelhante), mas ao Outro, cuja linguagem
já é portadora dos atos falhos, chistes e outras formações do inconsciente. Os
significantes ficam carregados do imaginário, da fantasia e da busca
sentido. A questão se apresenta: “O que
o outro quer de mim?” A não formulação dessa questão ou as elaborações que se
constroem para respondê-la é que orientarão os rumos da determinação da
estrutura psíquica, quais sejam: psicose, perversão ou neurose.
É
assim que o sujeito na sua particularidade fará suas escolhas amorosas e
sintomáticas balizado pela organização destas estruturas.
Na
psicose há um enlace especial, se não frágil, que se estabelecem nas ligações
que este sujeito desenvolve. Para o psicótico o amor costuma ser mortificante,
pois pode desencadear uma desestabilização ou uma desestruturação. Há a falta
de um terceiro mediador, fazendo com que o Outro invada o sujeito, através das
alucinações e delírios, tornando-o objeto. Segundo Lacan (1975) “a psicose é
uma espécie de fracasso no que concerne ao cumprimento daquilo que é chamado
‘amor’” (Lacan, 1975, p. 35).
Mas, todo
ensinamento freudiano, tal como Lacan esforçou-se para lembrar e elucidar
incita a tomar a exata medida do objeto de desejo da mãe, qual seja o falo é o
eixo de toda a dialética subjetiva.
(Lacan, 1957/58, 1999, p. 206). Há
de se considerar, porém, que a função paterna na contemporaneidade está em
franco declínio e o discurso que domina não é mais o discurso do Mestre, aquele
em que a autoridade do pai é que impera e sim o discurso do capital, dominado
pela lei do mercado e da técnica. Não pretendo, com este estudo responder, mas
há de se avaliar, então, quais outras estruturas podem estar sendo erigidas na
nossa sociedade, como se constituem as parcerias amorosas e como se apresentam
os sintomas?
3 – O amor e os seus enlaces
Na
sexualidade humana, há de se considerar o desejo e a relação com o Outro como a
base do amor. A sexualidade faz furo nos saberes se opondo aos discursos e é
sempre sintomática. Sintomática a medida que a sexualidade supõe um gozo que,
ao contrário do que se imagina, nunca está onde deveria estar. Nesse sentido,
“não há relação sexual” (Lacan,1972-73, 2008, p.20). O homem e a mulher são apenas significantes
e as posições masculino e feminino são suplências da relação sexual que não
existe. “O que vem em suplência à relação sexual, é precisamente o amor”
(Lacan, 1972-73, 2008, p.51).
O
amor é um fato cultural e que depende da cultura para se sustentar. Segundo
Lacan (1962/63, 2005) se não houvesse cultura nem se cogitaria de amor e as
pessoas nunca teriam ouvido falar do amor. É ele que favorece os vínculos entre
os humanos e é visto como uma promessa de felicidade. Felicidade essa que se
circunscreve em um nível excelente de satisfação, impossível de ser alcançada e
que, se excedida, transforma-se em gozo, gerando angústia no sujeito.
De
fato, Lacan (1969/70, 1992) afirma que “a felicidade, é preciso dizê-lo,
ninguém sabe o que é...não há felicidade a não ser do falo... “só o falo pode
ser feliz – não o portador do dito cujo.”
(Lacan, 1969/70, 1992, p. 76). Não se pode confundir amor com desejo e
desejo com prazer. O prazer que favoreceria
obter a felicidade cede ao desprazer, à dor, ao gozo.
A sexualidade é uma formação de
compromisso entre desejo e gozo. Para responder à não existência da relação
sexual, os parceiros amorosos teriam que se inovar enlaçando-se, então, no que Miller
(2008) denomina “parceiro-sintoma”. De
fato, no seu último ensino, Lacan considera a mulher como o sintoma do homem e
considera o homem como aquele que pode provocar a devastação na mulher. A
parceria sintoma seria aquela em que, homem e mulher se encaixam, segundo o sintoma
de cada um, para daí extraírem um gozo e, consequentemente, para fazerem
existir uma relação. O amor seria uma junção para dar “liga” nessa relação.
Lacan
percorre sua obra, em várias passagens teorizando sobre o amor e em uma delas
afirma “...o que eu digo do amor é certamente que não se pode falar dele”.
(Lacan, 1972-73, 2008, p.19).
E
ainda:
“Amar
é sempre dar o que não se tem, e não dar o que se tem. Não retomarei as razões
pelas quais lhes dei essa fórmula, mas estejam certos dela, e tomem-na como uma
fórmula chave, como uma pequena passarela que, a um toque da mão, os levará a
andar certo, mesmo que vocês não entendam nada, e é muito melhor que não
entendam nada. Amar é dar a alguém que, por sua vez, tem ou não tem o que está
em casa, mas é certamente dar o que não se tem. Dar, ao contrário, também é
dar, mas é dar o que se tem. A diferença está toda nisso.” (Lacan, 1957-58,
1999, p.218).
O
amor é dar o que não se tem à medida que o amor é a intenção de dar algo que
pudesse reparar a fraqueza original – a castração – e para isso o amor é
impotente. O amor funciona como uma suplência à falta a ser e a incompletude e,
de certa forma, obstrui a verdade - que somos castrados.
Mas,
ainda assim visa o encontro de dois sujeitos, dois inconscientes na tentativa
de estabelecer um diálogo em que não haja restos, não haja não-dito. Apesar
dessa ilusão, dessa utopia, é através do amor que se dá a fala plena. Para
Lacan (1999) a língua é constituída por um conjunto de convenções envolvidas na
comunicação, enquanto a fala é o ato de seleção, combinação e atualização dos
sons, fonemas e organizações gramaticais. Lacan distingue dois tipos de fala: a
fala vazia e a fala plena.
A
fala vazia é quando o homem, alienado no cientificismo esquece-se da sua
verdade fundamental que é ser castrado e, então, o seu discurso é uma “conversa
fiada”. A palavra assume o lugar de coisa e separa o sujeito do seu modo de ser
no mundo, tornando-o como mais um dos objetos.
A fala
plena, por outro lado, se fundamenta no diálogo que envolve dois sujeitos e se
dá quando o homem se compromete como sujeito. "A fala plena é a que visa,
que forma a verdade tal como ela se estabelece no reconhecimento de um pelo
outro. A fala plena é fala que faz ato." (Lacan, 1957-58/1999, p. 138). No amor, a
fala plena anuncia “o Outro como sendo seu”, mas é importante que haja
um consentimento desse outro em aceitar em ser do outro, ou seja, daquele que
lhe fala.
Sobre
isso, Lacan afirma:
A relação com o Outro
é essencial, uma vez que o caminho do desejo passa necessariamente por ele, mas
não porque o Outro seja o objeto único, e sim na medida em que o Outro é o
fiador da linguagem e a submete a toda sua dialética. (Lacan, 1957-58,
1999, p.145).
E
ainda diz que o amor, no uso fala plena está para além do sexo,
“Alguma coisa ocupou
o lugar da irrupção do sexo, coisa esta que é o amor – o amor denominado como
tal, o amor que chamaremos de amor ingênuo, amor inocente, o amor que une duas
pessoas jovens, em geral bastante insossas. O amor desempenha o papel de eixo
em torno do qual gira toda a comicidade da situação e assim continuaria até o
surgimento do romantismo, que hoje deixaremos de lado”. (Lacan, 1957-58,
1999, p.141)
Para
Lacan, os afetos, dentre eles o amor, se manifestam através do corpo e fazem
série com o acting-out e a passagem ao ato. O amor se dirige ao Outro e busca
no Outro o reconhecimento. As paixões surgem no momento em que o inconsciente é
trabalhado como falta a ser. O sujeito busca no outro o que acalma ou parece
preencher a falta a ser.
O
acting out é um endereçamento ao Outro que prescinde das palavras. Mas, para amar é preciso falar. O amor é
inconcebível sem a palavra, justamente porque amar é dar o que não se tem, e só
se pode dar o que não se tem pela palavra. Falando damos a nossa falta-a-ser,
aquilo que de fato não temos.
Considerações
finais
A questão da relação sexual e das
parcerias amorosas passa pela questão fálica: o falo, enquanto significante
primordial, é o que orienta a sexualidade humana dividindo o lado masculino,
como fálico, e o feminino como não-fálico ao mesmo tempo em que organiza as
estruturas psíquicas em neurose, psicose e perversão.
O falo é o semblante que faz com que
para os meninos existam as mulheres e para as meninas existam os homens. Assim,
o falo é o que organiza o Um, na posição masculina, ao passo que a posição
feminina se organiza pelo não-todo, pela falta. Por outro lado, no que concerne
ao real do corpo, não é apenas possuir um pênis o que garante a partilha entre
os sexos, uma vez que não é isso o que faz com que um menino se identifique com
o grupo dos homens.
Sobre o feminino, tanto Freud quanto Lacan percorreram a via da
lógica para responder à sua subjetividade. Aliás, Lacan concebe o feminino como
a falta de significante feminino correlativo do significante fálico,
considerando o feminino como falta fálica (–
Φ), diferenciando o gozo masculino do
feminino. É ai, então, que Lacan afirma que “do gozo feminino não se pode dizer
tudo”, já que na mulher a castração não opera completamente, permitindo-a “um
gozo a mais”, para além da linguagem e que o simbólico não abarcou. Lacan
define a posição feminina como A (Outro barrado).
Na parceria amorosa a mulher responderia
do lugar de sintoma do homem, formalizando o que se denominou
“parceiro-sintoma”. Nesta parceria, a mulher necessita ter constantemente a
confirmação de que é amada. É o homem que confirma a sua existência, nomeando-a
“sua mulher”. A sua demanda é de amor, de um saber suposto ao Outro, que
preencheria a sua falta.
O homem pode ser um parceiro-devastação
para a mulher, levando-a tanto ao arrebatamento místico, ao deslumbramento e
felicidade extrema quanto pode ser aquele que acentua o seu lado pior. Trata-se
de uma posição de assujeitamento em que a mulher se oferece como objeto de
desejo do homem compondo a sua fantasia e que, nas formas mais patológicas,
pode levá-la à devastação.
7 – Referências
Dor, Joël,
Estruturas e clínica psicanalítica,
Rio de janeiro: Taurus Ed., 1991.
Dor, Joël,
O pai e sua função em psicanálise,
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1991
Lacan, J. (1969). Duas notas sobre a criança (Ana Lydia
Santiago trad.). Opção lacaniana n. 21. abr-1998, pp. 5-6.
Lacan, J. (1975). Conférences et entretiens dans des
universités nord-américaines. Scilicet, Paris, n. 6/7, p.
32-37, 1975.
Lacan,
J. (1990) O Seminário 11: os quatro
conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de janrieo: Jorge Zahar
(Original publicado em 1964)
Lacan,
J. (1992) O seminário 8: a transferência.
Rio de Janeiro, Jorge Zahar. (Original publicado em 1969-1970).
Lacan,
J. (1998). Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Compilação de
vários textos publicados).
Lacan,
J. (1999). O seminário livro 5: as formações do inconsciente. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar. (Original publicado em 1957-1958).
Lacan, J. (2005). O Seminário 10: a angústia.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Original publicado em 1962-1963).
Lacan, J. (2005). O Seminário 17: o avesso da
psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Original publicado em 1969-1970).
Lacan, J. (2005) Le séminaire livre 23: le
sinthome. Paris: Éditions du Seuil. (Original publicado em
1975-1976).
Lacan, J. (2008). O Seminário, livro 20: Mais ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Original publicado em
1972-1973).
Miller, J. A. (2008),
El partenaire-sintoma. Buenos Aires:
Paidós, 2008.
Miller, J- A. (1998) A criança entre a mulher e a mãe (Ana
Lydia Santiago trad.). Opção lacaniana n. 21, abr.- 1998, pp. 7-12.
[1] Amódio (hainamoration), é um termo criado
por Lacan para discorrer sobre a tríade amor-ódio-ignorância, designando a
dualidade amor-ódio, presente no psiquismo.
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