Work: a
perspective of mental health for the adolescent
Abstract:
The activity to work is basic for the construction of the psychic
identity of the citizen. The work, comumente is a space where the citizen can
express its creativity, its feeling of productivity and belonging,
contributing, of this form, for the construction of social bonds. The work is
natural to the man and is determinative in the subjectivity and culture human
being. The adolescence, for its peculiar characteristics how much the changes
of the biological, psychic and social point of view need productive activities,
as art, the work and others for the construction of its identity. In this
direction, the work, especially for the adolescent, promotes a feeling of
productivity, autonomy and social insertion, resulting in the increase of its
auto-esteem and the auto-confidence. The objective of this article is, through
bibliographical survey, to discourse on some dimensions of the work, on the
adolescence and the importance of the work for the adolescent as possibility of
protection and resilience.
Key words: job, adolescence, identity, subliming.
Introdução:
O trabalho é peculiar ao
homem, distinguindo-o dos animais. O homem é essencialmente um ser voltado ao
prazer, enquanto os animais buscam pura e simplesmente a satisfação dos
instintos. É através do trabalho que o homem ajusta as relações humanas, bem
como afirma-se perante a natureza, dominando-a e transformando-a de acordo com
suas próprias necessidades e desejos.
O trabalho pode ser para o homem, apenas
uma forma de prover o seu sustento, exercido através de esforço repetitivo,
rotineiro e insuportável ou pode ser tomado como uma idéia de criação,
liberdade, transformação, exercido com prazer. Assim, ao longo da História, o
trabalho estará circunscrito à cultura e ao significado subjetivo que o sujeito
lhe atribui.
Etimologicamente, de acordo com o
Dicionário Dicmax Michaelis (2007), a palavra trabalho vem do baixo-latim tripaliu que significa exercício físico
ou intelectual pelo qual o homem atua, de acordo com certas normas sociais,
sobre uma matéria, a fim de transformá-la e ainda, ocupação em alguma obra ou
ministério. Porém, ao longo da história, o trabalho vai tomando um sentido
negativo e incorporando outras representações. Assim, na Roma antiga tripalium significa instrumento usado
para castigar os escravos.
CHAUI (1999) destaca que o trabalho,
na Grécia antiga, era representado por palavras que definiam seus vários
sentidos: labor, que tem um sentido
de trabalho manual, penoso, muitas vezes doloroso, exercido com o corpo do
homem para a sobrevivência, estando condicionado à vontade alheia ou às forças
da natureza; poesis que tem uma significação de trabalho artístico, criativo e o
homem pode concebê-lo com liberdade e dar a ele o destino que lhe convier; e
ainda práxis, que tem um sentido
pragmático e sugere ênfase no pensamento filosófico, na aplicação das idéias e
das conseqüências práticas de conceitos, conhecimentos e da aplicação da palavra.
História do trabalho:
Se remontarmos à pré-história,
no paleolítico inferior, através da arqueologia, encontramos a raça Neandertal,
com a presença do Homo Faber que fabricava armas e utensílios de pedra. Isso os
caracterizava como essencialmente caçadores. Recolhiam pedras com formato de figuras
inusitadas, produzidas pela erosão, que lhes estimulavam o instinto estético,
mas não possuíam ainda, a capacidade de produzir arte.
No paleolítico superior,
quarto período glacial, aparece o homem de CroMagnon e o Homo Sapiens, que
habita em cavernas e também constrói choças.
Há o aperfeiçoamento de armas e utensílios líticos com a predominância
ainda da função da caça.
No período neolítico,
mais ou menos 5 mil anos a.C. ocorre uma mudança benéfica no clima terrestre.
Em toda a Europa, norte da África até o extremo oriente aparece a presença do
homem sedentário. Começa o cultivo dos campos e diminui o nomadismo. Suas
atividades se vinculam principalmente aos ciclos naturais das estações. Constroem
choças e palafitas em lagos e terrenos pantanosos. Aprendem a domesticar os
animais e a modelar a cerâmica e a arquitetura. Nessa época não faziam distinção valorizando
mais uma atividade que outra, logo não havia nenhuma valoração do trabalho ou
do trabalhador.
No eneolítico, que inicia-se mais ou
menos no ano 3.000 a .C
e finda aproximadamente no ano 200 a .C., também chamada a
idade do metal, é que aparecem as civilizações históricas do mundo. O homem
começa a manipular metais como cobre, bronze e ferro para a fabricação de
utensílios domésticos e armas. Empregam esses mesmos metais associados a
madeira, barro e pedra para a construção de habitações. Iniciam a fundição de
ouro e bronze como arte decorativa e ornamental com simbolizações de conceitos,
coisas e seres para recobrir objetos e armas. São criadas rotas para comércio
de estanho e âmbar. No Egito, são erguidos monumentos gigantescos com
inscrições e relevos mitológicos, cujo significado imbrica-se com a religião, a
arte, a cultura. Nessa era já existe uma organização política e hierárquica,
com castas sacerdotais e faraônicas e a presença de trabalhadores: artesãos,
escribas, dançarinas, criados e escravos.
No Egito já aparece o conceito do
trabalho como desonra e como pena que cabe aos escravos e aos pobres. (CHAUI,
1999, p.11).
Na
Grécia e Roma antiga é introduzido a separação entre poiésis, que é o trabalho
mental, teórico e a práxis, que se expressa como ação do trabalhador comum, que mesmo
sendo habitante da cidade seu trabalho era fruto muito mais da técnica do que
do pensamento, e ainda os escravos que não
recebiam o título e as honras do cidadão, não podiam participar das decisões
políticas, estavam sempre subordinados às ordens de seus senhores e eram
considerados bens materiais e tratados como "coisas". Na Grécia e
Roma antiga, o trabalho era um mal físico que embrutecia o espírito ao qual os
indivíduos de maior valor não deveriam submeter-se.
Na Idade Média, a
princípio o trabalho era doméstico, destinava-se a atender às necessidades da
família do camponês e era realizada inicialmente no seio das próprias famílias
onde várias gerações coabitavam. Mas, foi ainda na Idade Média que a produção
começou a ser feita fora dos círculos familiares e organizou-se economicamente
sob o critério de corporações – associações de produtores semelhantes aos
sindicatos patronais de hoje.
Nessa época, boa parte do
ocidente era dominada pelos pressupostos do cristianismo que pregavam que além
do caráter de expiação do pecado, o trabalho também ajudava o homem a livrar-se
dos seus maus pensamentos. Para Lutero, o trabalho passa a ser um modo de
servir a Deus, tornando-se o caminho religioso da salvação. Calvino retoma a
idéia do trabalho como necessidade de uma ação racional e metódica sobre o
mundo, idéia que prevalece até os dias de hoje.
No sec. XIX o trabalho
passa a ter significado utilitarista. Apareceram na Europa as primeiras leis
que reconheciam e proclamavam os direitos dos trabalhadores. Os primeiros
sindicatos operários foram criados na Inglaterra em 1824. Crianças e
adolescentes trabalhavam nas fábricas. NASCIMENTO (2005, p.924) assinala que, como
medida protetora de trabalho excessivo ou insalubre que ocorria em todos os
países industrializados, no ano de 1802 Robert Peel, ministro inglês realizou
um manifesto tendo como lema "salvemos os menores". Ocorria que
crianças e adolescentes eram expostos a trabalhos forçados, sem o mínimo
cuidado quanto ao desenvolvimento saudável dos mesmos, seja em relação aos
aspectos físicos, sociais e psicológicos. É dessa época que iniciaram-se os manifestos
contra a exploração do trabalho infantil.
História do trabalho no Brasil
O Brasil, no período
colonial ficou submetido ao regime jurídico da lei portuguesa. Em 1824 a Constituição Imperial
limitou-se a assegurar a liberdade ao trabalho como direito inalienável do
homem, mantendo escravizada quase metade da população brasileira. Porém o
trabalho não era livre na realidade, visto que até 1888 o trabalho escravo foi
o esteio da produção agrícola que era praticamente a única produção brasileira.
Atualmente o Brasil, dentre
os países da América do Sul, ocupa posição de realce em relação à preocupação
com as leis do trabalho, tendo o seu primeiro Congresso Operário Brasileiro
realizado em 1906. No entanto, no final do século XIX e início do século XX, as
condições de trabalho eram muito precárias: os operários eram submetidos, em
geral, a jornadas de 16 horas diárias, e a semana consistia em seis e até sete
dias de trabalho.
A reforma constitucional
de 07 de setembro de 1926 auferiu ao Congresso nacional ditar as condições para
o trabalho, através de normas jurídicas. A Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), foi anunciada em 1° de maio de 1943.
A Constituição da
República Federativa do Brasil (Constituição Federal) de 05/10/1988 promulga os
direitos e proteção especial dos menores: idade mínima de 14 anos para admissão
ao trabalho com garantia de direitos previdenciais trabalhistas e acesso do
adolescente à escola. Proíbe trabalho
noturno, perigoso e insalubre a menores de 18 anos.
Em 16/12/1998, com a
Emenda Constitucional nº 20 houve aumento da idade mínima no trabalho para 16
anos, admitindo a aprendizagem a partir de 14. O aprendiz é um empregado que
tem direitos trabalhistas e previdenciários. Tem direito a ½ salário mínimo na
primeira metade da aprendizagem e 2/3 na segunda. É obrigado, enquanto trabalha
a freqüentar o ensino regular.
A lei 7854 de 24/10/1989
promulga a adoção de legislação que disciplina o mercado de trabalho em favor
de pessoas com deficiência física. Somente após o decreto nº 3298 em
20/12/1999, artigo 36, a empresa com 100 ou mais funcionários é
obrigada a preencher de 2 a
5% de seus cargos com portadores de deficiência física.
Discussões teóricas acerca do trabalho:
Filosoficamente,
conceitos diversificados do trabalho são defendidos por alguns teóricos.
Conceitos esses, muitas vezes dicotômicos e conflitantes. Por um lado, as concepções idealistas
preocupam-se com o trabalho como possibilidade de transformação e
desenvolvimento do ser humano, enquanto as concepções materialistas visam o
nível socializante e humanizante do trabalho. Tais efeitos se perdem à medida que o trabalhador é submetido ao
sistema capitalista e sua força de trabalho é vendida para a garantia da sua
sobrevivência, sem possibilitar ao trabalhador refletir sobre suas ações ou mesmo
escolhê-las.
Como
representante da concepção idealista conclamamos LUCKÁKS (1979), que concebe o
trabalho como atividade essencialmente humana. Ele observa que na ação
instintiva dos animais não se compara às ações dos homens que se orientam de
forma consciente. O homem é aquele ser capaz de construir sua própria história
e fazer-se através do seu trabalho, sendo portanto, mutável, dinâmico, em
processo de construção e reconstrução. Para Luckás, dentre as atividades que os
homens realizam em sociedade e que interferem diretamente sobre sua existência,
nenhuma pode ser considerada tão importante quanto o trabalho, pois é através
do trabalho que o homem pode intervir no mundo. Foi entorno do trabalho que as
sociedades mais simples se organizaram demonstrando que o trabalho foi
essencial para se estabelecer a vida em grupo. Ele afirma que as outras formas
do humano se apresentar, como a linguagem, a arte e outros meios de significar
e representar o mundo só se tornarão possíveis a partir de realizações diretas,
mediatizadas pelo trabalho, o que lhe confere uma importância singular.
Mas, mesmo que pelo
trabalho os homens se distinguem dos animais ao pressupor uma consciência
repleta de decisões e escolhas, ainda assim, muitas vezes o homem se coisifica,
afastando-se da condição de sujeito. É que o sistema social pela produção de
objetos construídos pelos homens passa a adquirir vida própria e impõe regras
ao homem, eliminando suas possibilidades de escolha.
Assim, MARX (1896-94),
observando e refletindo sobre a condição concreta da vida dos trabalhadores do
seu tempo, concebeu o trabalho como atividade inseparável do próprio
desenvolvimento humano e também destacou a alienação do homem reduzido à
condição de mercadoria. Para ele, o ser humano é constituído pela sua
capacidade de produzir e pelo modo que ele utiliza dessa capacidade. Marx denuncia a distorção do trabalho na
sociedade capitalista que coincide com a própria deformação do homem, ao que
ele chamou de alienação.
DEJOURS (1988) encontrou nas organizações trabalhadores
adoecidos e designou a psicopatologia do trabalho como os fenômenos psíquicos
que acontecem com o trabalhador que se adapta forçosamente ao ritmo da tarefa
mecânica, repetitiva e automatizada. Este tipo de atividade produz no trabalhador um pensamento desafetado,
repetitivo, estereotipado, alienado e reprimido. Cabe às organizações
considerarem não mais somente a produtividade, mas também a saúde do
trabalhador, buscando alternativas para suprimirem esses efeitos patológicos.
Mas DEJOURS (1986,1992) também reconhece o trabalho como fonte de saúde para o
desenvolvimento psíquico do sujeito. Ele afirma que “ [...] quando as pessoas
não fazem nada e podem manter-se num estado de inatividade total, é sinal de que
estão muito doentes”. (DEJOURS, 1986, p.10). Seu pensamento coincide com o
pensamento freudiano, que enfatiza que o trabalho serve como um mecanismo de
deslocamento das pulsões sexuais para atividades valorizadas socialmente, o que
caracterizaria a sublimação dos instintos.
FREUD (1908-1913-1930)
declara que dois mecanismos atuam no homem desde a mais tenra infância: o
princípio do prazer e o princípio de realidade. O princípio do prazer busca a
satisfação de todos os impulsos e desejos, gerando, justamente por causa dessa
busca incessante de satisfação, o sofrimento. Já o princípio de realidade é um
mecanismo que gera motivação e prazer, justamente por dar um limite ao impulso
desenfreado do princípio do prazer, fortalecendo assim a identidade e todos os
elementos psíquicos do sujeito. O mecanismo de realidade aproxima o sujeito do prazer, uma vez
que possibilita a subversão do
sofrimento gerado pela busca incessante do prazer, através da sublimação. A
sublimação, então, é uma forma de extravasar através de produções socialmente
aceitas, a energia libidinal contida pelo princípio de realidade.
A sublimação pode existir
em qualquer atividade humana que conduza a transformação de pulsões sexuais em uma
ação construtiva. Desta forma, o uso do conceito de sublimação ajusta-se perfeitamente
para a atividade do trabalho.
Se para a saúde do homem,
por um lado, a psicanálise enfatiza a necessidade de sublimação, o marxismo
enfatiza a necessidade de uma atividade construtiva e não alienante. Essas visões não são antagônicas pois o trabalho
criativo e não sistematizado é uma das fontes de saúde e fundamental para o
desenvolvimento psíquico do sujeito. Daí consideramos que o trabalho é natural
ao homem e é determinante na subjetividade e cultura humana, necessária também,
ao adolescente.
Trabalho e adolescência:
Na
realidade brasileira, o adolescente ingressa no mercado de trabalho por
imposição das necessidades materiais vivenciadas por ele e sua família e não
como uma das formas de potencialização do desenvolvimento psíquico e social. Ao
trabalhador é exigida certa maturidade psicológica para lidar com autoridade,
responsabilidade, relações interpessoais, cumprir regras e uso do tempo. Essas
são questões extrínsecas ao produto do trabalho, mas fazem parte do ato de
trabalhar. Tanto que, quando se fala em adaptação ou em não adaptação ao
trabalho, incluem-se aí tanto a relação com a tarefa propriamente dita quanto a
relação com o ambiente, isto é, com os outros.
O adolescente, muitas
vezes não sabe lidar com essas questões, porque ainda não está preparado
psicologicamente ou organicamente para tal. Destaque-se que a adolescência se
caracteriza por uma série de mudanças, tanto do ponto de vista biológico quanto
psicológico, com passagem da vida infantil para vida adulta e também de um
estado de dependência para um de relativa autonomia.
As mudanças físicas que
se processam no corpo do adolescente se fazem de forma rápida e intensa. A
construção da identidade psíquica, que se inicia na infância e se consolida na
adolescência juntamente com a auto-imagem, tem que ser reformulada: agora já
não está presente mais um corpo infantil ou a identidade infantil. A identidade juntamente com a auto-imagem é a
possibilidade do adolescente se ver ao longo da sua história, integrando
passado e presente e se projetando no futuro.
A identidade é a combinação de características da personalidade e estilo
social, pela qual o indivíduo se define e é reconhecido. É nessa fase de
transição que ocorre o amadurecimento psíquico do sujeito possibilitando-o
inserir-se na vida adulta.
O trabalho em todas as
classes sociais promove responsabilidade, sentimento de ser útil, apreciação do
valor do dinheiro, da educação e aspirações ocupacionais elevadas. Podemos
dizer que atividades produtivas, como o trabalho, a arte e outras têm
importância fundamental para que o sujeito desenvolva e construa a sua
identidade. Para o adolescente, a produtividade é a possibilidade de
contribuir, de realizar algo e criar alternativas e soluções às problemáticas
que se apresentam para a criação de um mundo mais habitável e mais justo.
O impacto do trabalho do
jovem depende da natureza dessa experiência: o trabalho dirigido ao
adolescente, desde que dê a ele certa autonomia, tem resultados positivos,
aumentando a auto-estima do jovem, a auto-confiança e o envolvimento com a sua
produtividade. Trabalhar diminui a ansiedade e o sentimento de insegurança além
de oferecer valores ocupacionais e sociais intrínsecos. Para os adolescentes de
classes menos privilegiadas, o trabalho freqüentemente é um meio de adquirir
habilidades e contatos que podem ser valiosos para o seu futuro.
É fato que um adolescente engajado
em uma atividade produtiva, seja ela voluntária ou não, se beneficiará com o
resultado desse amadurecimento. O que se percebe é que esse jovem por este
amadurecimento é mais resistente às drogas, a violência e a uma gravidez não
planejada. SIQUEIRA (1987), no seu livro Liturgia do Amor Maior, referindo-se
ao trabalho para menores diz que o "Trabalho é um estímulo constante para afastar a ociosidade que amesquinha e
gera todos os vícios".
Porém, existe um debate
constante, sobre benefícios e custos do trabalho do jovem. Os argumentos do
lado negativo, entre outros, são: o adolescente terá de adquirir
prematuramente; terá menos tempo de lazer; freqüentemente não tem um adulto
responsável para seu monitoramento no trabalho. Vários estudos mostram que longas
horas de trabalho diminuem o envolvimento com a escola levando a piores
resultados acadêmicos.
A
proibição do trabalho noturno, perigoso ou insalubre também se relaciona com a
proteção a saúde do adolescente. Cabe a sociedade de forma geral a
implementação de políticas públicas que assegurem a saúde do adolescente e compensem
essas desvantagens.
Assim,
a criação de oportunidades de trabalho para os adolescentes, voltadas para as
intervenções sociais nos problemas que marcam a sociedade brasileira devem ser
levadas em consideração na elaboração de políticas públicas e de ações
educativas, dada sua importância para a construção de uma sociedade mais
solidária, a consolidação da democracia e o fortalecimento da cidadania.
Entre
as várias intervenções protetoras e de resiliência que levam ao sucesso, uma
delas, muito importante, é prover habilidades para a vida: envolver ativamente
os jovens e profissionalizá-los.
Conclusão:
Desde que MARX (1844),
escreveu os "Manuscritos econômicos-filosóficos", conhecidos como
seus escritos da juventude, o estudo do trabalho e sua forma de organização
tornaram-se decisivos para uma nova compreensão do homem como artífice da
cultura e da história.
Se levarmos em
consideração a proporção da população jovem que hoje chega a cerca de 1,2
bilhões de jovens, os países em desenvolvimento que reúnem 85% da população
mundial, necessitam de um projeto de vida para os jovens. As nações Unidas, em 1985, em comemoração ao
Ano Internacional da Juventude, produziu um documento que estabelece
orientações para que os países construam bases para uma política de juventude e
que reconhece que os jovens são uma força positiva e têm enorme potencial para
contribuir para o desenvolvimento e progresso social.
Na
redação da Emenda Constitucional nº 20/98, o artigo 7o, XXXIII,
cuida especificamente da proteção à saúde do adolescente trabalhador;
determinando a "proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito anos e de qualquer trabalho aos menores de dezesseis anos,
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos".
O
trabalho como atividade eminentemente humana pressupõe que quem o exerce ultrapassou
as etapas necessárias à sua consolidação psíquica e apresenta-se como quem pode
oferecer sua força de trabalho.
Se pensarmos o trabalho pela via da escolha, iremos
concluir que na verdade ele é para a maioria dos adolescentes brasileiros mais
uma contingência do que uma escolha, e mais ainda, não é uma escolha livre,
porque há leis e regras para escolher e há limites e níveis de escolha. A
maioria dos jovens brasileiros terão que aprender a viver em um mundo
globalizado, dominado pela tecnologia e informática e terão ainda que
sobreviver a pobreza, a falta de acesso a uma educação de qualidade e a
exclusão social, impeditivos estes para as oportunidades de trabalho saudáveis
e bem remuneradas neste início de século.
Por
isso é que o trabalho pode, ao mesmo tempo, possibilitar a vida, mas também o
desgaste e o adoecimento.
Neste século, as
possibilidades de participação social, e especialmente, de acesso a emprego
estarão cada vez mais dependentes do domínio do conhecimento científico e
tecnológico disponível. A prática da solidariedade e da cooperação, o exercício
da cidadania plena e a garantia de ampliação dos direitos básicos exigem
mudanças profundas de atitudes e valores, para que a juventude supere os
obstáculos ao seu desenvolvimento pleno. O trabalho é uma das formas de participação
social e engendra novas articulações nas relações de poder. É pelo trabalho que o jovem irá integrar-se
nos processos coletivos, aumentar sua auto-estima e tornar-se sujeito de sua
própria história.
Nós, profissionais que
estamos envolvidos com os adolescentes, devemos estimular à procura, a
profissionalização, a adaptação para o trabalho em todas as classes sociais e, respeitando
e conhecendo a individualidade de cada jovem, orientá-los para a construção de
um mundo mais solidário para hoje e para as futuras gerações.
Referências
Bibliográficas:
Boletim de Novidades Pulsional, ano X,
no. 100, agosto de 1997 – O mal-estar no trabalho, Flávio Carvalho Ferraz.
CHAUÍ, Marilena.
Introdução. IN: LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. São Paulo:
Hucitec; Unesp, 1999; p.12
DEJOURS Christophe, Abdoucheli E. Itinerário
teórico em psicopatologia do trabalho. In:
Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C, organizadores. Psicodinâmica do
trabalho. São Paulo: Atlas.
_________. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré;
1987.
FREUD. As Pulsões e suas Vicissitudes.
_____ O mal estar na civilização.
HOBSBAWM, Eric
J. A Era do Capital (1848-1875). 9ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1996;
__________________.
Os trabalhadores. Estudos sobre a História do Operariado. 2ª edição. São
Paulo: Paz & Terra, 2000;
LUKÁCS, G. Os
princípios ontológicos fundamentais de Marx. Cap.IV da Ontologia do ser
social. Trad. de Carlos Nelson Coutinho.
São Paulo: Livraria de Ciência Humanas, 1979. p. 12
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos
escolhidos. 5 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991;
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 20ed. São
Paulo: Saraiva, 2005. 1221 p.
PAIS, Marco Antonio de Oliveira. O Despertar da
Europa: a Baixa Idade Média. 12ª. Edição. Atual 24
SIQUEIRA, Liborni. Liturgia
do Amor Maior. Ed. Liber Juris, 1987. 89p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário