“Ficar” é a forma que os adolescentes encontraram para se
aproximarem do outro sem o compromisso do encontro sexual propriamente dito. O “ficar” é uma
espécie de treinamento para o “saber fazer”,
ao mesmo tempo que alivia a angústia de ainda não ter experimentado o
sexo.
Os adolescentes sabem bastante sobre prevenção a gravidez e
a doenças sexualmente transmissíveis. Sobre esses temas eles possuem muita
informação. Sobre o que eles não sabem é como se relacionar, como conquistar, não sabem sobre a
questão da paquera, da sedução, como envolver o outro, como agradar e ser
aceito.
Mas não há como aprender se não for “fazendo”.
Por mais que eles pesquisem na internet, perguntem aos amigos ou escutem
as palestras na escola, ainda assim é necessário que eles tenham um espaço, e
de preferencia monitorado por um adulto de confiança, para que eles possam ir
se relacionando com o outro, conhecendo a si mesmos e elevando a autoconfiança
para a aproximação.
Uma boa oportunidade para isso é quando a família oferece
uma “sessão de cinema” em casa, em que alguns colegas são convidados para ver
um filme que tenha um tema polêmico, comer pipoca e beber um refresco. O
adulto, depois então poderá conversar sobre o filme, procurar compreender
o que eles entenderam do tema para, sem moralismo, ir conhecendo os amigos/as
dos filhos e assim, permitir que os mesmos tenham uma aproximação saudável.
Muitas outras formas podem ser oferecidas, por exemplo,
pela escola, que pode fazer os “matinês” com espaço de dança, música, show, gincana,
apresentação de talentos e outras programações. Seria no espaço da escola e sob
a supervisão dos profissionais que ali trabalham.
A sexualidade humana é aprendida – ela não é instintiva,
como o é nos animais. Houve um tempo em que a sociedade exigia a performance sexual,
o perfeccionismo, o desempenho e isso assusta! Mesmo que esse perfeccionismo não seja exigido, o sujeito exige de si mesmo. É possível cometer erros e para
isso é preciso ensaiar. O “ficar”, então,
funcionaria como esse ensaio, como um treinamento para mais tarde, quando o
adolescente se sentir pronto, possa partir para o encontro sexual
propriamente dito.
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