quinta-feira, 28 de abril de 2011

Relação Pais e Filhos

Ola leitores,
Compartilho com voces, esquema que preparei para uma palestra ministrada para pais de filhos adolescentes. Trata, especialmente, da importância da autoridade, afetividade e sabedoria para lidar com os mesmos.
Um abraço
Eliana
1.      A primeira coisa que devemos delimitar é o conceito de adolescência – adolescência é um conceito novo, mas sua etimologia é antiga e remonta ao latim, que significa crescer, desenvolver-se. Ocorre por intensas mudanças físicas, em que o corpo deixa de ser infantil e toma um aspecto que ainda não é adulto, mas está a caminho dessa maturidade. A adolescência envolve aspectos como a maturidade sexual, que é a possibilidade de gerar filhos, a construção de uma nova identidade – o adolescente começa a se ver e ser visto de um novo jeito, com um estilo próprio e isso gera grande expectativa nele mesmo e nos familiares. Por outro lado a adolescência gera autonomia: assim ele não quer mais a proteção acentuada dos pais, necessita de maior liberdade, maior confiança, ao mesmo tempo que deverá ser exigido dos mesmos maior responsabilidade. A adolescência é fase também para a produtividade: o jovem quer sentir-se ativo, presente, construindo historia, com sentimento de ser util. A maior produtividade da juventude esta em se rebelar com a intenção de construir um mundo melhor. É assim que se processam todas as revoluções no mundo. As revoluções, as transformações partem dos jovens. Nós, os velhos queremos manter o status quo, manter aquilo que tem dado certo. Dificilmente nos arriscamos. Ao jovem cabe arriscar, a a nós orientarmos para que eles se arrisquem sem correr riscos.
1.      É Freud como um grande pesquisador,  postulou  a adolescência como um momento em que a familia e o meio em que o adolescente vive podem contribuir significativamente para a sua estruturação. Freud enfatiza a importancia da família, a mãe ou os cuidadores que virão com as suas regras, seus limites e mesmo seus tabus delinearem a organização familiar e consequentemente, a organização psíquica do sujeito. Freud diz que os pais organizam a estrutura psíquica da criança, e essa organização será reeditada na adolescência.
2.      Para Freud,  Pai e mãe sai funçõe cuidadoras – não importa se a função mãe, que é alimentar/amamentar, trocar as fraudas, dar banhos, dar beijinhos, balbuciar aquelas palavras doces que essa pessoa normalmente faz enquanto está fazendo a maternagem deo bebê seja desempenhada pela mãe, pela avô ou pela babá ou mesmo pelo tio. O importante é que tenha alguém, de preferencia uma pessoa constante que desempenhe esse papel com zelo e carinho.  A função pai, por outro lado pode ser desempenhada pelo próprio pai, ou pela mãe, ou pelo avô ou qualquer outra pessoa que de certa forma venha impôr algumas regras naquele ambiente. Assim , quero enfatizar que os cuidadores constituem papéis que não necessariamente tem que ser realizado pela mulher ou pelo homem, mas por alguém faça o papel de cuidadora e outra que imponha as regras, a lei.
3.      Assim, Freud utiliza da relação mae/filho desde os primeiros contatos para a estruturação psíquica. No complexo de édipo a mãe ou cuidadora ocupa lugar essencial para a criança, haja visto que é através dela que o bebê experimenta os primeiros afetos amorosos e rancorosos, é através dela que ele cumpre seu papel social e é inserido no espaço humano. É através desse contato que a mãe frusta a criança, quando não atende seu desejo de uma mamadeira docinha na hora que o bebê deseja, mas atrasa, ou dá  a mamadeira na hora que ele está chorando, sem entender que ele está precisando é que troquem as fraldas. É através da mãe que ele vai conhecendo os outros membros da familia, ensinando-o o quem é a titia, ou mostrando-lhe que o papai chegou. Ela vai socializando a criança. O complexo de Édipo é essa relação da mãe com a criança e o mundo. É essa mãe tão amada  que vai mostrando a criança que existe um mundo além dela, um mundo que ela participa, que ela se submete às suas leis e que ele deverá se submeter também. É a mãe que mostra ao bebê que ela tem que sair as tantas horas para trabalhar, que ela só pode ficar o dia inteiro com ele no domingo, que ela tem outros filhos também para cuidar, que ela gosta do seu marido além dele, que as outras pessoas também tem desejos e que esses desejos a limitam os desejos dos outros de alguma forma. O complexo de édipo é a relação em que a criança percebe que não é a única pessoa na vida da mãe. É no complexo de édipo que por mais que os pais amem a criança, não permitirão que ela viagem no banco da frente do carro, porque eles a amam mas também obedecem as leis do trânsito, mesmo que seja para ir só ali no supermercado, pertinho de casa. É o complexo de édipo que limitam a criança dizendo que os pais a amam, mas que ela tem que dormir na caminha dela, que a cama de casal é do casal e que ela é dona da casa também, mas tem alguns lugares nessa casa que não são reservados para ela. São esses pequenos limites, essas pequenas regras que vão estruturando o sujeito, castrando-o da sua onipotência e tornando-o humano. O que não se deve fazer é negociar com a criança: “Faça isso e fique bem bonitinha porque vou trabalhar e trago um docinho para você!” – Isso não é impor regras, mas é negociar com a criança, estabelecer uma relação de troca. O que não pode, não pode,  e não se deve fazer para ganhar um docinho, mas é porque não pode! É claro que se pode explicar a criança o por que que não pode. É bom lembrar que é na tenra infancia, quando a mãe diz que não pode colocar a mão no fogão quente porque queima o dedinho, inicia-se, através do corpo, o que pode e não pode. É a falta de limites que vai delineando o contorno psíquico da criança. A palavra Não!  É a primeira frase  completa do bebê. Quando ele diz não ele já manifesta um desejo e já tem em si a simbolização do desejo do outro, que vem através da função paterna – é a função paterna que impõe as regras de castração e a  mae não deve destituir a lei. Mais tarde, na adolescência a criança reeditará esse complexo, não mais na sua relação pai/mãe/filho, mas Eu, o Outro e as Regras Sociais.
4.      Bem, até aqui falamos da estruturação do sujeito. Cada familia pega um bebê que tem inicialmente uma conformação difusa, como as nuvens, e vai dando-lhe um formato, que pode ser quadrado, triangular, estrelado... não importa. O que sabemos é vários fatores estão imbricados nessa conformação: a própria individualidade da criança, os valores familiares e, inclusive,  a genética, que afirma que muito das características individuais e psíquicas do sujeito estão determinados pelos genes. Mas sabemos que a família, principalmente, tem papel preponderante nessa estruturação.
5.      Na adolescência, temos o que Freud denominou como Reedição do Édipo. O jovem, já crescido transfere para o meio social sua relação vivenciada com a familia. Assim, a relação afetiva, a relação com a autoridade e a relação com o conhecimento vai ser experimentada agora, sob nova conformação. Não mais no mundinho familiar, mas na ampliação para o grupo, para os amigos. Lembremos das características listadas por Knobel, sobre tendência grupal, necessidade de ser aceito, etc. Estará em jogo aqui aquelas características para a formação da identidade do sujeito. É aqui que inicia-se de fato a cristalização da personalidade daquela pessoa. Assim, é nova oportunidade para que a sociedade, não mais apenas a familia, mas a sociedade de forma geral participe na construção desse sujeito. O saber agora é geral, e o adolescente tem muito mais condições de estabelecer para si o que é certo e errado, e não está tão a mercê mais das regras familiares. Ele inclusive pode ditar novas regras através das suas atitudes reivindicatórias. Ele pode se rebelar, ele pode construir novo mundo. Ele sabe: pode ser criativo ou destruidor.
Ele manifesta sua afetividade através dos seus contatos sociais: pode ser extremamente carinhoso, amoroso, como pode ser rancoroso, desconfiado, indiferente. É momento de ser aceito e aceitar. O grupo a que pertence, seja na escola, no clube, no judô contribuirá efetivamente para a cristalização das suas manifestações  afetivas, dependendo de como será aceito ou rejeitado.
E é o momento dele manifestar suas regras, impor autoridade, liderar,  ou submeter-se as autoridades, as leis e as regras. O equilibrio nesses aspectos é de extrema importância. O sujeito não deve se sentir o sabe tudo, não deve ser amorosamente bobo, inocente, não deve ser o autoritário. Deve haver uma harmonia entre esses pilares, fundamentados principalmente com base na auto-estima.
6.      A auto estima tem muito a ver com o afeto. Se a criança se sentiu amada ou rejeitada, se ela sentiu que suas produções foram bem aceitas, reconhecidas ou rechassadas, se ela sentiu que ocupava um lugar de respeitabilidade naquela familia ou não tinha voz alguma, nenhuma autoridade, nenhum poder.
7.      Assim, pais, professores e líderes deverão representar para o adolescente, aquela figura reeditada, mas que encarnam esses três pilares: saber, poder e afeto.
8.      A autoridade é um poder. A autoridade faz com que o liderado aceite o que lhe é ditado supondo que quem o dita sabe e o ama. Essa a chave: A autoridade é diferente do autoritarismo porque supõe que quem o exerce seja afetuoso e sábio. Diferente daquele que é rancoroso e egocêntrico, que usa o saber em benefício próprio.
9.      Assim, pais, professores e líderes devem impor os limites, amorosamente e com sabedoria.
10.   Devem estar atentos à individualidade de cada um. O jeito de ser. O mais bonzinho não significa que seja o mais saudável. O mais bonzinho pode estar massacrando seus próprios desejos para ser amado. O mais danadinho pode estar querendo chamar a atenção com a mesma intensão do bonzinho – para também ser amado. Precisamos observar e acolher.
11.   É importante observar os vários ângulos, se colocar no lugar do outro. Lembrar da sua própria adolescência. Acolher sem ser conivente, sem ser omisso. Posicionar-se amorosamente.
12.   Não podemos nos enrijecer, congelar.
13.    Precisamos buscar informações (isso que estamos fazendo agora), adotar atitudes positivas (sermos exemplares), com consciência.
14.   Sermos farol, iluminarmos, conduzirmos, orientarmos.
Tudo isso com Amor, cuidado, envolvimento e comprometimento.

2 comentários:

  1. meu filho sempre escondia as coisas de mim, falava q ia em um lugar mais ia em outro. Foi então que eu resolvi instalar o www.brunoespiao.com.br no celular dele, agora não tem como mentir para mim

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  2. Tenho muito medo do meu filho se envolver com drogas ou amizades ruins, por esse motivo sempre monitoro o celular dele com esse programa espião recomendo pois é muito bom! https://www.syncsoft.com.br/

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