domingo, 17 de julho de 2011

Automutilação: a forma dolorosa de falar

A sociedade contemporânea é definida como a era da comunicação e da abundância de bens materiais.  Estamos inseridos num mundo onde existe muito barulho e, muitas vezes, fazemos barulho para evitarmos o silêncio. Preenchemos com os objetos e com o barulho as lacunas que nos sugere falta, não presença, solidão. Ora, onde existe o barulho e acumulo de objetos não é possível a partilha, o diálogo, o entendimento, a humanidade. 

Para que haja humanidade é preciso que haja encontro, e os encontros se dão quando um espera do outro algo. Para que haja encontro é necessário demandar. É comum as pessoas fugirem do encontro com os outros e consigo mesmas, fugirem da possibilidade de falar. Por outro lado, quantos necessitam falar e não lhes é dado a palavra, ou não têm como dizer – não encontram palavras. 

A automutilação seria uma dessas formas de gritar, tentativas de se comunicar, de dizer da dor e do sofrimento apesar da falta de palavras ou da falta de escuta. Se por um lado, faltam palavras, talvez,  por outro, hajam excessos que devam ser cortados.


Etimologicamente, de acordo com o Dicionário Dicmax Michaelis (2007), a palavra mutilação vem do baixo-latim mutilatio que significa “ato de mutilar, de cortar um membro” e ainda  “ação de truncar, cortar,  abreviar as palavras” . O verbo mutilare, designa “truncar as palavras, diminuir, reduzir, encurtar” ou mutilaloqui, que significa “pronunciar algumas frases truncadas, comer as palavras”. 

Se reportarmos às designações em  inglês,  o  termo  cutter  pode  ser  traduzido  como “cortador”,  ou  “pessoa  que  se corta”.  Resta interrogar que o que o “cortador” corta? Talvez o “cortador” corte a dor. Assim, automutilar-se seria uma tentativa de diminuir a dor, torná-la reduzida, aliviada. Ocorre que diante do flagelo, o cérebro produz endorfinas para aliviar a dor do corpo e esse alívio é sentido pelo sujeito como um alívio da ansiedade. Logo, para cada pico de ansiedade o sujeito recorre ao corte para sentir o alívio produzido pelo cérebro, tornando a automutilação com isso, um ciclo vicioso. O início do quadro ocorre na adolescência, geralmente entre 13 e 15 anos, num momento em que o jovem vivencia intensa raiva ou angústia, e pode perdurar por muitos anos, pois a pessoa sente-se incapaz de parar com tal prática.

Em muitos dos relatos das pessoas que se cortam, o que se vê é que não conseguem expressar através das palavras a sua dor física ou emocional. As frases saem truncadas, abafadas, mutiladas, faltando algo.

A automutilação, segundo MENNINGER (1934), se organiza em torno de três elementos: (1) autoagressão decorrente do sentimento de culpa devido a um sentimento ambivalente de amor-ódio dirigido a um dos pais; (2) autoerotismo que é gerado por uma descarga libidinal cujo prazer pode ser obtido especialmente através da dor; (3) necessidade de “expiação”, em que a pessoa procura compensar atitudes ou pensamentos com conteúdos sexuais ou agressivos se autopunindo. O sujeito na tentativa de aliviar sua angustia, sua ansiedade, se automutila para atenuar o desejo de morte, buscando um meio de se autopreservar e sentir-se melhor. Assim, para não cometer o suicídio o sujeito vai se automutilando com a intenção de ir escapando da aniquilação total do sujeito.

A automutilação, então, é uma forma primitiva de comunicação em que o sujeito marca no corpo, através do sangue, das cicatrizes e da dor a sua incapacidade para verbalizar a angústia que ele sente. É uma fuga do real da dor de viver.

Mas de que angústia se trata?  MILLER (2005), comenta que segundo Lacan (Seminário 10),  tanto para o neurótico quando para o psicótico, o que causa a angústia é a falta da falta. Assim, o que causa a angústia para o neurótico é não faltar. O neurótico sabe lidar com a falta, com a castração, e sente-se bem com ela. A sua busca de plenitude no Outro o apazigua. Quando não há o que buscar porque não falta ou porque não lhe é permitido demandar, ele se angustia. É necessário que haja o silêncio para a escuta e o espaço para o desejo. Não se deve abundar de barulhos ou de objetos. O excesso adoece.

Já o sujeito psicótico preenche o que seria a falta com seus delírios e alucinações. No seu imaginário não há falta e essa “presença”  massificante do objeto também o angustia. 

A automutilação seria uma forma de aliviar essa angústia, cortando na pele o que sobra, os excessos. Para a psicanálise a automutilação seria uma tentativa de introduzir uma falta, uma castração.

É fácil observar que os automutiladores apresentam-se socialmente superficiais, com certo distanciamento, são naturalmente retraídos, introspectivos e raramente permitem que outras pessoas compartilhem da sua intimidade. Mostram-se por vezes alegres e descontraídos, mas também instáveis e deprimidos. Eles têm dificuldade de fazer contato através do toque com outras pessoas, seja um toque agressivo ou carinhoso. Na sua maioria, tentam esconder as suas marcas e têm vergonha do seu ato de autoflagelo. Sabem que as pessoas reprovam essa atitude e sentem-se excluídos do grupo dos “normais”. Raramente pedem ajuda.

O tratamento da automutilação deve ser feito de forma interdisciplinar. É importante o  cuidado médico, uma vez que determinados cortes podem exigir intervenção cirúrgica ou medicamentosa, mas também necessita do atendimento psiquiátrico e psicológico.  A psicoterapia é essencial porque é o espaço em que ele é autorizado a falar das suas dores físicas,  emocionais e da sua angústia. É onde ele será acolhido na sua individualidade, com toda sua subjetividade. Espera-se que através das palavras que inicialmente surgirão cortadas,  posteriormente se farão inteiras e quem sabe, poderá advir daí o real alívio para o “corte da dor”.

Referencias bibliográficas:

MENNINGER,  Karl.  Man  Against  Himself.  (Originally  published  in  1938).  New  York:

Harcourt Brace Jovanovich Publishers, 19661

MILLER, J.-A. Introdução à leitura do Seminário da angústia de Jacques Lacan. In: Opção Lacaniana nº 43. São Paulo: Eólia, 7-91, maio de 2005..




55 comentários:

  1. eu sou uma automutiladora, eu sou muito extrovertida, alegre, mas qualquer coisa que as pessoas me dizem já é motivo para eu me cortar. Perdi uma amiga por causa disso, ela não queria que eu me cortasse, mas eu fiz mesmo assim. É um vicio.

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    1. Nossa, igual a mim, sou muito alegre com minhas amigas, mas em casa eu me tranco no quarto e me auto-mutilo pelo mesmo motivo, ou por achar que as pessoas não gostam de mim, mas principalmente por meu irmão, que briga com meus pais mais do que o normal.

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    2. eu sou iguas voces.... as vezes eu nem preciso ter motivos ,apenas o vicio ja faz eu querer isso,e eu nao quero parar

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    3. Eu tbm sou assim .. No dia uma coisa anoite no escuro do meu quarto, o pesadelo acontece.

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    4. ...pesadelo te incomoda, mas você sente que não tem controle sobre ele. Gostaria de ter?

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    5. Queridas, existe alguem que pode ajuda-las, esse alguem se importa muito com vcs, tanto que morreu por te amar de mais, não façam mais isso com vcs, pois quando vcs fazem o entristecem tanto.. esse alguem é JESUS...ELE AMA VCS INCONDICIONALMENTE, SABE QUEM FICA FELIZ?
      O DIABO... PORQUE QUER VER VCS TOTALMENTE DESTRUIDAS, MAS LEMBREM-SE JESUS VEIO PRA TE DAR VIDA E VIDA EM ABUNDANCIA.. JESUS TE AMA.. PENSE NISSO.

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  2. ..."Qualquer coisa que as pessoas te dizem te faz se cortar"... você acha que se você disser para elas o que você pensa sobre o que elas disseram para você fará com que elas também se cortem? Diálogo supõe o não corte das palavras e as palavras substituiriam os cortes no corpo. Pense nisso!

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    1. Minha amiga se corta eu e as minhas amigas queremos que ela pare mas não adianta eu acho que ela se corta por conta de um anime que a personagem que ela mais gosta e a Yuno que se automotila pode me ajudar a ajudar minha amiga ???

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    2. Tente escutar a sua amiga e peça a ela para procurar a ajuda profissional: um psicólogo, um médico, um psiquiatra... todos podem acolhê-la, orientá-la, dar a ela uma medicação, se for necessário.

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  3. Eu tb me automutilo, as vezes nem sei o porque. De vez enquanto sentimentos estranhos e que eu não sei exatamente o que são tomam conta de mim. Dai pego uma gilete e transformo td aquilo num unico sentimento: Dor

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  4. eu comecei a me mutilar tbém por que meus pais brigam cmg as amizades não vão bem e no amor tbm e sem falar que sofri bulliyng !! ai tudo me fez fazer isso de dia sorrio tento se feliz de noite me corto ao mesmo tempo sinto uma alivio mas depois eu chorro ñ consigo parar é um vicio e nimguem se importa !! :(

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  5. Ei!!! e você também não se importa com você??

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  6. Há dores que devem ser sentidas quando palavras não são compreendidas, um mundo de dor, é claro, uma mensagem direta, impossível de ser confundida, me faço escultar com alto mutilação, sintam minha dor, compartilhem de minha agonia. Por que só eu que me machuco?

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  7. Sua dor é dirigida a quem? Por que as palavras não seriam ouvidas? Qual o sentido de compartilhar dor e agonia? Qual o sentido de não compartilhar outros sentimentos?

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  8. Bom tenho 16 anos e me auto mutilo por uma série de motivos ,ja tentei várias vezes parar mais infelismente nunca consegui.
    Comecei 2anos atras por sofre bullying na escola , meus cortes eram leves com gilete e sangravam pouco depois de 2 meses comecei a usar agulhas e intesificar os cortes . Lembro q chegou um ponto q eu nao tinha mais amigos e comecei a me cortar todos os dias. Seis meses depois comecei a usar tesouras e passei a cortar nao só os pulsos mas também os tornozelos . Fiquei assim por mais ou menos um ano , até descobrir as laminAs . Comecei à usa-las quando descobri do divorcio dos meus pais. Além disso desenvolvi anorexia . Finalmente mudei de escola e fiz vários amigos porem nao consegui parar com o vício de me cortar , não sei mais o q fazer pois ninguem nunca viu as minhas marcas pq sempre uso relogio e mangas compridas além de bastante maquiagem nos pulsos e nos tornozelos . Nenhum amigo nunca soube . Graças a deus parei com a anorexia só mesmo porém ainda como muito pouco e controlo o meu peso, para falar a verdade atualmente peso 39 quilos e messo 1,65 sei q estou mto abaixo do peso mais gosto assim . Não sei o q fazer e temo q o pior aconteça . Não vou a uma psicologa até mesmo q não acredito em psicologia pois a minha mae é uma e jamais persebeu nada de errado comigo , ela nunca soube do bullying ou da anorexia. Queria uma forma de resolver isso sozinha , seria possível? Sem ajuda , o q posso fazer para parar? Vc pode me ajudar? Por favor !! Me chamo alessandra , mto obrigada pelo seu tempo

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  9. Alessandra, é verdade o que você diz: mãe, mesmo sendo psicóloga nem sempre consegue acessar o sofrimento dos filhos. Eu sempre acreditei no poder das palavras para o alívio das nossas ansiedades, das nossas dúvidas, da nossa dor. Observe como as vezes, quando você "desabafa" com alguém, depois sente um alívio! O problema é que justamente com quem queremos falar, nem sempre conseguimos: a mãe, por exemplo. Mas você já conseguiu falar sobre isso com a sua psicóloga? Utilize o espaço que você tem para dizer tudo. O que você tem a perder? Fale, fale, fale e depois me diga o que sentiu. Me diga se aconteceu um alívio à medida que você pode contar as suas coisas. Acredito muito nisso e é a fala, o diálogo que tenho indicado às pessoas.
    Se cuide. Um beijo.

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  10. Obrigada pelo seu tempo mais ñ tenho contato a um pisicologo e se eu recorrece a um minha mae descobriria de todas essas farsas . Seria possivel resolver esse problema sozinha? Tem alguma coisa q posso
    Fazer com a automutilaçao ou com a anorexia . Na verdade a anorexia ja foi controlada pois parei de vomitar porem ainda como pouco para controlar o peso. Eu chegei a ponto de comer apenas 3 ou2 vezes na semana porem estou controlando isso . Mais eu queria muito parar com a automutilação pois estou me cortando com maior intensidade e as vezes nao me controlo temo q as pessoas persebam as marcas ou me julguem por elas , desculpa estou desesperada e queria muito ajuda sem q as pessoas saibam entende? Obrigada pela ajuda e pelo tempo /essandra

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  11. Alessandra,
    vou divulgar um ambulatório médico, psicológico e psiquiátrico que atende adolescentes, gratuitamente, e é um espaço onde faço atendimentos voluntários, em Belo Horizonte. Não sei se você poderia ir até lá, mas é só agendar por telefone. Ocorre que os atendimentos se reiniciarão em fevereiro de 2013, então somente estarão atendendo ligações a partir do dia 21 de janeiro. Se te interessar, o telefone é (31)3221.9656 - Fuliban - Fundação Libanesa de Minas Gerais.

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  12. Obrigada pela a ajuda mais seria mto dificil entrar em contato sem q meus pais descubram nda . Nenhuma das pessoas q perguntei conseguiram responder a minha pergunta , por isso acho q ñ tenho mais saida e agora ñ sei o q fazer por q 3 minutos atras eu estava me cortando e agora me sinto culpada. Será q realmente nao existe nenhuma maneira de controlar isso sozinha? Sem nenhum atendimento , ou médicos , apenas com a minha conciência? Estou perdendo esperanças , por favor !! Me ajude , temo q as pessoas logo logo descubram e comecem a me recriminarem por esse ato, li q a maioria das pessoAs pensam q as pessoas fazem isso apenas para chamarem atençao , e temo q é isso q vai acontecer logo logo se eu ñ me ajudar. Vc tem alguma sugestão? O q eu posso fazer para me ajudar? Eu sozinha? Obrigada mesmo por ter se dado o trabalho de me ouvir , mais é q eu
    Preciso mesmo da sua ajuda , ñ sei se vc me entende mais obrigada assim mesmo! - além da automutilação a anorexia voltou antes de ontem por q eu vomitei d novo infelismente :( mais eu estou apenas preocupada com a mutilação , e obrigada mais uma vez / Alessandra

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  13. Alessandra, você sabe que a melhor maneira de você superar esse transtorno é adquirindo uma vontade de se cuidar, acima de tudo. Isso você já está fazendo, tentando se ajudar, mas não é fácil cuidarmos de nós mesmas, sozinhas, por isso sempre buscamos a ajuda de alguém. Eu gostaria muito mesmo de te ajudar, mas não me ocorreu como. Mas eu gostaria que você entrasse em contato comigo pelo email. Aguardo o seu contato. Um abraço e se cuide.
    Eliana

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  14. ola! tenho 16 anos e me corto mais ou menos a 4 anos. na realidade nao consigo explicar por que faço isso, só sei que dói muito! Sinto uma sensação muito estranha quando vejo as cicatrizes,vontade de chorar mais as lagrimas não saem,uma dor que simplesmente não sou capaz de explicar!só sei que não consigo parar de fazer...

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  15. Oih!Tenho 17 anos,me corto a mais ou menos 7-8 anos, tbm não sei muito bem por que faço,não consigo explicar,é uma dor,e fora isso já é tanto tempo que virou vício e meus cortes não são mais superficiais, tentei parar após ter ido a um psicologo, e fiquei 2 meses sem fazer, mas recai e foi quando aprofundei os cortes muito mais!não sei mais o que fazer,já pensei se não seria melhor se eu terminasse com tudo!será que alguém poderia me ajudar?

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  16. oi tenho 16 e me corto a quase 4 anos, ja tentei parar mais não consegui, então desisti.Agora percebo q so existe uma saída para mim. E sinceramente, me sinto feliz por finalmente ter coragem de tomar essa atitude. CHEGA! não aguento mais essa angustia, os cortes ja não são suficiente. não vejo nenhum sentido para continuar.

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  17. um amigo meu tem tendencias para o auto flagelo e tem muita raiva de uma pessoa em especifico. chegou até a escrever histórias nas quais causa muita dor a essa pessoa. nao sei qual é o problema em termos psicológicos e queria saber como o ajudar

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    1. Incentive-o a escrever o que sente, escrever o que pensa. As histórias que ele cria são importantes porque é uma forma dele desabafar. Muitos escritores fazem sucesso porque colocam suas mágoas, seus sentimentos e suas fantasias nas histórias que se transformam em best-seller.
      Outra forma é indicá-lo uma psicanálise.
      Seja paciente, mas não se esqueça de se cuidar também .
      Abs

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  18. Oi, eu me corto há um bom tempo, já tentei parar várias vezes mas eu sempre acabo desistindo. Eu controlo (ou tento controlar) uma compulsão alimentar que eu tenho desde sempre com os cortes o que me faz cair em um quase anorexia porque eu como mais por ansiedade do que por fome e, se eu controlo essa ansiedade, eu fico sem comer. Eu tenho bulimia desde antes de começar a me cortar. Resumindo: eu comecei a embolar uma coisa na outra e se eu tento lutar contra tudo de uma vez eu surto e se eu pegar uma coisa de cada vez pra tentar eu sempre acabo caindo na outra. Tipo ta tudo misturado. Eu tenho medo de contar pra alguem e pedir ajuda porque eu tenho medo de recaída depois, eu não quero que ninguém saiba que eu falhei, sem falar que eu tenho medo do meu pai não me aceitar depois disso (da minha mãe eu nem espero que ela aceite). Sem falar que eu nem sei COMO contar, já fiz uma carta para o meu pai porém, alem de ter ficado horrível, eu não tenho coragem de entregar... eu não sei o que eu faço.

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    1. Parece que você tem tanto medo de não parecer perfeita que nem consegue entregar a carta ao seu pai. E fica escondendo seus medos, seus anseios, suas falhas. Ninguém é perfeito, por mais que "pareça" perfeito. A perfeição não existe... sempre falhamos e isso não significa que somos piores.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  19. olá...bem eu tenho 27 por abuso psicológico com meu pai nunca fez nada que conclui-se o ato em si....mais eu sempre me senti culpa...me senti muito suja...e demorou para eu poder parar sentir isso o tempo todo... em fim...bem eu jamias falei isso abertamente a ninguém a não ser para o meu marido..eu dei a entender....eu sou uma pessoa simpatica converso bem com as pessoas..me relaciono bem....mais nos meus 17 anos eu comecei a me auto fragelar...posso dizer que o que me levou a isso foi uma profunda dor..a dor da alma....eu tenho cicatrizes no pulso decorrentes desse ato....sabe o que me fez parar....eu fiquei gravida e esse minusculo ser me deu vontade de viver de novo pois na época pensei até em suicídio....não tinha vontade de viver.....mais não é facil o sentimento de dor esta sempre presente uma dor tão profunda que chego a sentir fisicamente....chega a me faltar o ar....como se tive-se um pano tampando o meu nariz....e uma pressão na garganta muito forte....muito mesmo...gosto de contato fisico só com as minhas filhas e com o meu marido...não sou de abraçar e beijar as pessoas nem parentes e amigos me sinto incomodada...e converso mais não sobre meus sentimentos....e as vezes me da esse vontade forte de me cortar de transcender a dor emocional com a dor fisica...mais ai eu me lembro delas....e paro...mais hoje quase que eu fiz novamente pois me sinto só sinto muita solidão...posso estar fisicamente com as pessoas mais me sinto deslocada e muito so tipo quando mesmo estando com as pessoas vc se sente so....sei que é um texto longo mais é a primeira vez que consigo passar um pouco disso adiante....obrigada.. pela oportunidade. pois pode parecer insano mais pessoas como nós que ja nos cortamos ou que se cortam ainda nos sentimos incompletos defeituosos....

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    1. Oi. Tenho lido os depoimentos. Li o seu. Os depoimentos confirmam que o texto que escrevi tem fundamento: Os cortes acabam por substituir as palavras. Por isso tenho incentivado as pessoas a falarem, escreverem, se colocarem de alguma forma, mesmo que seja através do anonimato. Melhor se a pessoa pudesse falar com as pessoas que lhe causam o mal. Outra forma seria falar ao analista, num processo psicanalítico. Falar é importante. Você conseguiu uma superação através da maternidade. Continue se cuidando, se puder, procure uma dessas formas de falar. Falar sobre sua vida, seus medos, seus anseios, seus desejos, seus traumas e decepções. Se cuide, porque as meninas vão precisar do seu exemplo para guiarem as próprias vidas. Um abraço.

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  20. O que mais acho curioso é que em todas as pesquisas que fiz sobre automutilação não achei nenhuma pessoa como eu que faz isso desde os 4 anos de idade. Eu não sei dizer o porque faço isso pq eu era muito criança quando comecei. Eu mordo meus lábios, o interior da bochecha ate sangrarem, ate fazerem feridas e já estou com 31 anos ja tentei parar muitas vezes e so reconheci que isso era um problema quando comecei a namorar e ele reparava isso, pois antes ninguem nunca falou nada. Também gosto de unhar meus dedos polegares, ou enfiar clips... Adoro a dor que isso causa me da muito prazer. As minhas cutículas são deformadas de tanto fazer isso, meus lábios vivem com ferida, vivo com batom. Quanto ao jeito de ser, sou exatamente quanto a descrição. Sou mto extrovertida mas minhas amizades são superficiais nao deixo as pessoas se aproximarem, nao gosto de conviver. Mas depois fico depressiva por nao ter amigos. Queria saber se procuro um psiquiatra, psicólogo ou psicanalista pq tenho isso desde a infância. Abs

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  21. Você deve procurar um desses profissionais. O psiquiatra poderá te prescrever medicações, mas tanto o psicólogo quanto o psicanalista poderão também te atender. Se cuide.

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  22. devo ser automultiladora pois qnd fico nervosa, ansiosa, irritada, magoada, fico me cutucando até formar ferida mas ja fui em psicologos e todos eles disseram para eu procurar uma forma de me distrais com coisas q eu goste...mas não esta ajudando...não sei mais o q fazer...

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    1. Deixar de se automutilar não é apenas uma questão de se distrair. Penso que o lazer e a distração são muito importantes para a vida, para a saúde mental, mas não são receitas eficazes contra tudo. a automutilação exige muito mais do que isso. Procure psicólogos, até que encontre um que de fato te compreenda.

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  23. Olá. Inicialmente, não saberei exatamente explicar através de palavras o que eu sinto. A mais ou menos um ano, minha vida tem se tornado difícil em relação a minha mãe ! Eu tento me "colocar" no lugar dela, mas mesmo assim não tem justificações para seu tal comportamento. Acho que seja inadmissível para uma mãe se comportar como tal ! Ultimamente ela tem criado um ódio tão exagerado de mim. Isso mesmo, um ódio, porque as formas em que ela me trata não são normais. O jeito em que ela fala comigo, não é aceitável. Eu posso ver em seus olhos um traço de ódio. E com isso, ela tem me ameaçado de morte, me batido e me falado coisas extremamente absurdas.
    Como ela não tem uma boa relação com nossa família, tem me proibido de falar com eles, até mesmo nós todos morando na mesma casa. Isso é um absurdo. Tenho quase 16 anos e não gosto de festas, bebidas alcoólicas, não tenho problemas com drogas. E ainda não namoro. Não sou perfeita, nem santa ou algo assim. Mas acredito que não tenha motivos para tanta humilhação, tanta frieza e maldade. Alguns meses atrás o comportamento dela tinha se tornado ainda mais agressivo, e ela estava ultrapassando todos o limites. Me xingava, batia por coisas besta. Me proibiu até mesmo de falar um simples "oi" com minha tia, prima ou amigos. Vou lhe contar uma das histórias ! Em uma noite, minha tia havia chegado em casa e sentou-se na porta com uma vizinha, eu saí para fora de casa assim que percebi que ela tinha chegado, juntando-me a elas. Então minha tia disse: _"você quer hot-dog ?" "_Sim." -respondi. Então ela me convidou a ir comprar com ela. Minha mãe ouviu e imediatamente me ordenou a entrar. Assim me xingando e me batendo com objetos e um fio, me ferindo, cortando. Então já não suportava mais e acabei expondo minha raiva, falei tudo o que vinha na cabeça. Falei o quanto eu não suportava mais morar com ela, e que preferia mil vezes morrer do que continuar naquela vida. E sinceramente, eu realmente preferia a morte. A partir daí as coisas tem ficado pior. Eu entrei em começo de depressão ! Só não entrei exatamente em uma profunda e exagerada depressão, porque tenho uma prima super conselheira, madura e me apóia. Essa minha história, é muito longa, não dá pra contar por inteira aqui. A partir daí, comecei a me cortar, normalmente corto meu braço. Começo de perto da junta do cotovelo ao pulso. É como uma maneira de aliviar, de gritar... Mas isso não é normal, eu sei disso ! Torno isso em um desafio. Cada vez vou aprofundando mais os cortes. E penso muito em suicídio ! Todo dia é a mesma coisa, vou pra escola e lá, na frente dos amigos sou uma pessoa muito alegre. Mas quando chego em casa, entro no quarto e me perco nos meus livros (adoro ler). Tento sempre encontrar um refúgio, tento não trocar palavras com ela. E ela sempre acha um jeito de implicar comigo. E aquilo me destrói por dentro, acabam comigo. E essa é a hora, a hora em que eu começo a me cortar. As lembranças de momentos piores voltam, e... Por favor, há algum jeito de me ajudar com isso ? Uma forma que ninguém saiba ? Agradeço por sua atenção. Me chame de Víh.

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    1. Víh, quando você me descreveu sua mãe fiquei pensando se ela não tem algum distúrbio mental. Alguns diagnósticos psiquiátricos constam comportamentos agressivos, antissociais, com antipatia, intolerância e desconfiança persistentes dirigidos a pessoas sem nenhuma causa aparente. Não sei se esse é o caso da sua mãe, mas considere que ela possa estar doente, precisando de ajuda. Pessoas assim normalmente são muito autossuficientes e não aceitam ir a médicos, já que não acreditam que estejam doentes. Neste caso, o melhor que você faz é procurar evitar conflitos, procurar estar próxima de pessoas que te queiram bem e ao mesmo tempo, procurar fortalecer sua autoestima. Lembre-se que o comportamento dela com você é dela. Te atinge muito mais a medida que você permite que as agressões dela firam a sua autoestima e o gostar de si mesma. Se cuide.

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  24. Auto-mutilação é o meu alivio minha porta de saída da angustia mais ultimamente mesmo eu sendo feliz,alegre,animada se eu fico muito tempo parada sem me distrair com algo eu só sinto volta de chorar ou me corta ou dois,isso é normal para as pessoas que praticam auto mutilação?

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    1. Sim. Essa vontade de sentir dor no corpo para aliviar a dor da "alma" é sinal de uma doença que chamamos de automutilação. Você precisa se cuidar.

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  25. eu corto me ha mais de um ano, tenho 15 anos nao consigo parar, eu quero mas nao paro de pensar nisso, estou viciada na dor ,a minha mae ja sabe e estou a ser acompanhada em psiquiatria, tomo mais de 10 antidepressivos e ansioliticos por dia e nunca mais fico bem. estou farta de ser forte, a minha vida já nao faz sentido, sinto me sozinha, nao consigo ir a escola, perdi todos os meus amigos e nao sei como vou voltar a ser a pessoa que era.
    acho que ja nao ha solução e so penso em tomar 30 dos comprimidos que tenho em casa e dormir para sempre, sou um peso para todos, a minha mae esta sozinha com 3 crianças e desempregada e gasta mais de 500 euros por mes comigo em consultas e medicamentos. era melhor se desaparecesse. todos ficam melhor sem mim.

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  26. O que é ser forte? Você está farta de ser forte como?

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  27. oi, eu tenho 13 anos e comecei a me mutilar tem duas semanas. Quando estou com raiva,triste,magoada ou algo do tipo vem uma vontade enorme de me cortar,na verdade tenho vontade de morrer,mas ainda nao tomei coragem o suficiente. Minha mae nao esta nem ligando pra mim,nao me da carinho,so usa palavras grosseiras comigo e isso faz eu pensar que ela nao me ama,como eu disse tem duas semanas que me corto e minha mae nao viu ate hj (ela nem presta atençao em mim),meus pais sao separados e tenho muita gente falsa perto de mim e que me querem mal,isso ,a correria do meu dia a dia e outras coisas que me decepcionam me fasem ter mais vontade de morrer,entao me corto pra descontar a raiva e a dor que sinto por dentro,na hora e aliviante e me deixa melhor,mas depois eu sinto um pouco de dor,mas a dor das palavras da minha mae e de outras pessoas doem mais do que os cortes e arranhoes.Eu quero parar de me cortar mas ja virou um vicio, toda hora que fico sozinha começo a chorar e vem a vontade de me cortar,nao sei oque fazer. Acho que se eu morresse seria melhor,assim minha mae nao teria que me ter como um encosto na vida dela,nao teria que se preocupar com o seu objeto de faser oque ela pede e eu nao tenho muitos amigos de verdade entao ninguem iria sentir falta. Eu estou indo no psicologo mas nao sei como contar a ela,tenho medo dela julgar como outras pessoas ou contar a meus pais e eles me chingarem ou julgarem tbm.

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  28. eu postei o ultimo comentario e esqueci de dizer que mesmo estando mal e me cortando,quando estou perto das pessoas eu finjo que estou bem,na verdade eu me destraio um pouco,mas ainda fico pensando em tudo e quando fico sosinha que me corto

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  29. Esse texto que postei trata justamente sobre "a forma dolorosa de falar". Muitas vezes, pela dificuldade em ser escutado, pela mãe, pelos amigos, e até mesmo pelos disfarces que se utilizam para parecer que está tudo bem faz com que muitas adolescentes, e principalmente as meninas, se automutilem. É uma forma dolorosa de falar. Mas procure falar com a sua psicóloga. Encontre um jeito. Falar também alivia.

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  30. Não consigo demonstrar meus sentimentos, por grande maioria ruins. Sou péssima nisso, é como se tivesse um bloqueio em mim,. Não me permito chorar, acho ridículo, não digo os outros. Mas não suporto chorar, nem na frente das pessoas e nem sozinha. Apago as luzes para não me ver chorando. A não ser com séries, novelas aí choro sem problemas com o quê está ao meu redor, mas quanto às outras coisas, não consigo. Então, para que isso não aconteça me arranho e quero parar mas não sei como.

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  31. Chorar é uma forma de expressar... também é uma forma de falar. Talvez, em algum momento da sua vida você tenha sido tolhida de demonstrar esse sentimento. Às vezes o comentário de alguém te fez paralisar seu choro. Procure se libertar dessa prisão.

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    1. Okay! Vou procurar algum meio, espero que o encontre. Obrigada!

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  32. SÓ EXISTE ALGUEM QUE PODE TE SOCORRER QUANDO NINGUEM MAIS PODE... JOGUE SOBRE ELE TODA A SUA ANSIEDADE TODAS AS SUAS DORES, POIS ELE SE IMPORTA COM VC, MESMO VC ACHANDO QUE ELE ESTA TÃO LONGE, MAS NÃO... SINTA ELE AO SEU LADO, POIS ESTA COM VC EM TODOS OS MOMENTOS, ELE SO QUER QUE VC CHAME POR ELE..JESUS TE AMA

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  33. Acredito que cada um tem seu motivo para a automutilação. Eu nem sei bem o pq eu faço isso, tento parar , mas as vezes a agonia fala mais alto. E o pior que eu sei que estou machucando as pessoas que me amam e isso só me faz querer me machucar ainda mais... Acho que já sou um caso perdido

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  34. Olá, ás vezes eu me corto, tenho 25 anos mas já faz um tempo desde que comecei, não sei porque faço isso, não acho q tenha alguma dor interna ou algo assim, mas qdo eu me sinto triste e não consigo controlar essa tristeza eu sinto vontade de me ver sangrar, é como se minha pele pedisse para ser cortada, ás vezes tbm vomito depois de comer (mas tenho total controle, e não é bulimia pq eu nao vomito por culpa, eu simplesmente como pq sei q posso vomitar depois), queria falar sobre isso com alguém, mas não tenho coragem =/

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  35. ola tenho 17 anos e descobri que estou com depressao num nivel medio. estou ja tomando os remedios. hoje comecei a me sentir super triste do nada e me deu vontade de ir la pegar uma faca e me cortar, porem nao me cortei profundamente apenas machuquei por cima a pele... isso é normal? varias pessoas acham qye é pra chamar atenção... mas eu nao quero isso. eu só senti uma imensa vontade de fazer isso! teve um dia esse ano que eu estava numa festa com uns amigos e estava bebada, quando fui no banheiro comecei a chorar muito muito e tive a horrivel vontade de me matar, estava bem bebada mas me lembro que foi uma das piores sensaçoes que senti. ja estava deprimida, mas foi essa foi 1 vex que senti a vontade de nao viver mais. e hoje quis pegar a faca e me machucar. tenho muito medo qey isso piore! ja faz alguns dias que estou bem melhor mas do nada varias vezes fico deprimida de novo...

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  36. Continue com a medicação, pois ela é importante para o seu tratamento e continue se cuidando. Cada vez menos você terá esses sentimentos de tristeza profunda e vontade de morrer. Espero que você fique bem.

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  37. Eu me corto a um bom tempo (5 anos). Sofro de TOC, o que torna coisas um pouco difíceis, pois não consigo viver de as coisas não estiverem organizadas.Ja tive vários ataques de comportamento, fiquei num estado caótico, querendo me acalmar Estou tentando fazer psicoterapia, mas tenho muita dificuldade para ir ao local, pois é em outra Cidade. Não gosto de desabafar com os meus pais, eles só ficam mais testes comigo, o que me motiva a me corta. E os poucos amigos que eu tinha, perderam a paciência, já nem sabem o que dizer. Sou extremamente ansiosa, e quando alguma coisa da errada, eu me puno. Só consigo seguir em frente de eu me castigar, é como se eu apagasse meu erro com os cortes. Ultimamente não estou estudando. Não consigo me concentrar. Não saio da minha cama. Sinto vontade de chorar, mas nem consigo mais. Pensei em me matar, mas não quero que seja a única solução, mas não tenho motivos para continuar viva. Eu não sei o que fazer. Não quero viver assim pra sempre, quero mudar. Tenho vontade de sumir e tentar me encontrar, me sinto perdida. (Sei que escrever aqui não ajudar, mas... Não estou falando con ninguém, é por pra fora o que nos aflinge [me perdoe caso eu tiver atrapatrapalhado alguma coisa]) por: Elis Ama (18 anos)

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    1. Os erros de escrita não foram proposital. Me desculpe.

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  38. Me automutilo muito, minha mae ja sabe mas ela nao se importa, so fica com raiva. Eu escrevo frases no meu corpo com a lamina, cm se eu estivesse "falando cm me sinto". Tenho medo do meu estado piorar, mas nao a nd q eu possa fzr ;-;

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