segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mecanismos de defesa: Mito 6 -Cupido e Psiquê - Isolamento

Isolamento: o sujeito isola um pensamento através de comportamentos que serviriam para quebrar suas conexões com outros pensamentos (geralmente pensamentos de infortúnios), mas que como conseqüência, geram um isolamento na vida do sujeito. Ex.: rituais do compulsivo-obsessivos, como lavar a mão dez vezes para não lhe acontecer uma desgraça, ou contar determinado objeto para não enlouquecer, ou adotar comportamentos como enamorar-se de com uma mulher que ele idolatra mas não sente atração sexual, enquanto faz sexo com outra mulher que considera uma puta. Na preocupação de atender o comando da execução desses rituais, o sujeito se afasta das pessoas, isola-se, vivendo quase que a mercê dos pensamentos/comportamentos. (ex.: o filme: “Melhor Impossível”).

Mito: Cupido e Psiquê

Cupido era filho de Vênus, a deusa da beleza. Vivia a partir os corações com a ponta certeira da sua flecha. Assim, não pensava em nada, ou se pensava, substituía o seu pensamento por ações. Ações nem sempre benvidas, porque sua flecha incomodava a todos. Cupido não crescia. Era um menino que fugia de viver.

Sua mãe Vênus o chama, e pede-lhe para ferir Psiquê, uma das filhas de um rei, que mesmo sendo humana, era tão bela que quem a conhecia esquecia-se da beleza de Vênus para admirar a bela mortal. Cumpria a Cupido flechá-la de forma que ela se apaixonasse por um ser baixo, indigno do amor dela, com o objetivo de que ela sofresse.

Cupido preparou-se para obedecer as ordens maternas e entrou no quarto de Psiquê, enquanto esta dormia. Enganado, pingou sobre ela as gotas do desdenhar dos homens, mas quando iria desferir a flecha envenenada com a paixão, Psiquê acordou e olhou na direção de Cupido, que mesmo estando invisível assustou-se, ferindo-se com sua própria flecha e, para completar o desastre, derramou sobre os cabelos da jovem, sem querer, gotas balsâmicas da alegria. Psique permaneceu bela, alegre, mas desdenhava os homens. Suas irmãs se casaram, menos a belíssima Psiquê, que alegre, não se preocupava com seu destino. Cupido, por sua vez, doente de amor pela humana Psiquê, é reprovado por sua mãe e permanece isolado e enfermo por longo tempo, vítima de sua própria flecha.

Enquanto isso, na Terra, um oráculo prediz o casamento de Psiquê com um Deus, um ser invisível deixando seus pais desolados. Psique, porém, resoluta, vai em direção ao seu destino. Sobe à montanha dos Deuses e aguarda seu desfecho.
Um anjo a conduziu suavemente a um castelo e lá ela foi recebida por seres invisíveis que a serviam com toda fartura e riqueza. À noite, Cupido, no papel de marido, dormia com ela, mas mantinha o quarto escuro, e era condição que ela não o visse. Ele era carinhoso e atencioso, e Psiquê era feliz. De dia desaparecia do castelo e de sua vida e Psiquê nada sabia.
Porém, um dia, Psique em visita às suas irmãs, estas a convencem a levar uma vela e acender quando seu marido dormia, para vê-lo. Psiquê assim o fez, se encanta com a beleza e juventude de Cupido, mas este acorda e desaparece.
Psique se vê novamente na casa dos pais, e chora seu amor perdido. Cupido novamente adoece, e Psiquê peregrina pela terra, a procurá-lo. Vênus, a mãe, não mais resistindo à dor do filho, permite que Psique, submetida a uma condição quase que impossível,  novamente se una a Cupido, tornando-se deusa. Psiquê com ajuda dos deuses cumpre as condições impostas por Vênus, menos uma: de posse da caixa da beleza, não abrí-la e nem olhar seu conteúdo.

Psique abre a caixa, borifa-lhe um pouquinho do pozinho de beleza para si mesma ficar mais bela aos olhos do marido, mas ao fazer isso, percebe que o que havia na caixa era o sono, que repara a juventude e o vigor. Psiquê cai em sono profundo, e é preciso que Cupido saia do seu isolamento e salve a amada, conduzindo-a até a mãe e suplicandoa que interceda por ela. Psiquê é feito deusa, e simboliza a alma, que é imortal. Psiquê é a alma humana, purificada pelos sofrimentos e infortúnios e preparada assim para gozar a pura e verdadeira felicidade. Com Cupido teve uma filha que se chama Prazer.

Este mito coloca Cupido como neurótico obsessivo, que utiliza sua flecha para cumprir rituais, não amadurece, não se assume diante do seu amor, coloca a mãe como intermediária na sua relação com a amada... isola-se.

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