A neuropsicologia estuda as relações entre cérebro e comportamento e tem como objetivos:
a) localizar a lesão em termos de um modelo de correlação estrutura-função e modelo de processamento de informação.
b) Obter informações sobre o perfil de funções comprometidas e preservadas para orientar o processo de reabilitação.
Cognição – trabalha com modelos de processamento de informação (analogia entre cérebro e computador).
Etapas:
a) atenção e percepção dos estímulos,
b) representação e interpretação na memória,
c) acesso e avaliação das respostas possíveis,
d) tomada de decisão,
e) implementação de respostas, modificando o ambiente ou os estados mentais.
Exigências para atuar com neuropsicologia:
a) conhecimentos de medicina, nas áreas de neurologia, psiquiatria e epidemiologia clínica,
b) conhecimentos específicos sobre correlação estrutura-funcao e modelos de processamento de informação,
c) conhecimentos sobre ciências sociais, comportamentais, desenvolvimento humano e reabilitação.
O cérebro em desenvolvimento se difere do cérebro adulto em pelo menos seis aspectos:
1) mudanças maturacionais;
2) potencial para reorganização funcional,
3) limitação intrínseca dos modelos de correlação estrutura-função;
4) diferenças nos quadros clínicos e etiologias;
5) variabilidade situacional do desempenho,
6) sensibilidade ao contexto social, cultural e familiar.
A neuropsicologia do desenvolvimento consiste de subárea da neuropsicologia que enfoca os aspectos da correlação anatomoclínica e da reabilitação a partir de uma perspectiva do desenvolvimento.
Avaliação cognitiva:
1. Realização da história clínica sem a presença da criança com os pais. Em adolescentes, entrevistas conjuntas.
2. Sessões de exame – testes.
3. Preparação do relatório.
4. Comunicação dos resultados.
A história clínica serve principalmente para levantar hipóteses diagnósticas. O restante da investigação serve para testagem de hipóteses.
Testes/instrumentos de avaliação:
a) Observação do comportamento durante a anamnese, interação com a família e durante a realização das tarefas propostas,
b) Realização de tarefas neurocognitivas pertinentes às hipóteses levantadas,
c) Utilização de escalas respondidas pelo cliente, familiares e educadores,
d) Eventualmente observar o comportamento do cliente em outros ambientes em que se insere, além do consultório,
e) Manter contato com outros profissionais que lidam com o cliente,
f) Finalmente, os dados são integrados em um modelo cognitivo de correlação estrutura-função no cérebro.
ASMOCPLIMAC – significa:
Atenção
Sensopercepção
Memória
Orientação
Consciência
Pensamento
Linguagem
Inteligência
Motricidade
Afeto
Comportamento
O modelo de processamento de informação facilita a tarefa de localização lesional, uma vez que sugerem modos de analisar as tarefas mentais em componentes cuja localização é mais fácil e contribui para a caracterização do perfil do desempenho do paciente em termos de funções comprometidas e funções preservadas, o que tem conseqüências para a reabilitação e orientação do processo educacional.
Projeto de vida tem que considerar:
Déficit de cognição à projetos ligados ao exercício sexual irresponsável.
Diagnóstico de localização - é feito com base em um sistema espaço cerebral.
Eixos: Vertical-Arousal
Eixos cerebrais:
Arousal - vertical ( do tronco para o córtex)
Subcortical Cortical –
Liberação Deficit
Latero - lateral (lateral esquerdo para o direito)
Motor sensorial
Executivo representacional
Antero - posterior (da nuca para a fronte)
Verbal espacial
Seqüencial simultâneo
Analítico holístico
Rotinas contexto
Comprometimentos:
- Corticais – síndromes como afasia, apraxia e agnosia.
- Desenvolvimento – dificuldade de aquisição da linguagem oral e de aprendizagem de leitura (dislexia).
- Condições psiquiátricas envolvem disfunções subcorticais, de estrutura, gânglios de base e regiões do prosencéfalo basal.
Hiperatividade = disfunção em circuitos dopaminérgicos dos gânglios de base com alterações de comportamento (impulsividade, impersistência e agitação), com incidência de disfunções maiores no hemisfério direito.
O eixo látero-lateral do diagnóstico diferencia as doenças do hemisfério esquerdo das doenças do hemisfério direito.
O eixo Antero-posterior diz respeito às síndromes disexecutivas e as síndromes representacionais.
Disexecutivas = regulação do comportamento ou função executiva, ou seja, funcionamento não automático ou não rotineiro da mente.
Representacionais = percepção e representação do conhecimento.
Neurotransmissores: dopamina, noradrenalina e serotonina.
Síndromes neuropsicológicas do desenvolvimento:
Transtornos do desenvolvimento (TDs) podem ser definidas como quaisquer entidades nosológicas ou eventos de origem genética ou adquiridos até os primeiros meses de vida, que comprometem o desenvolvimento cerebral do individuo, podendo causar deficiências físicas ou mentais, bem como restrições à funcionalidade e à participação social.
Síndromes do desenvolvimento:
1. Deficiência mental (QI abaixo de 80) é diferente de inteligência rebaixada.
2. Transtornos de aprendizagem: comprometimento seletivo de determinados domínios do funcionamento mental, com domínios circunscritos à leitura ou aritmética, por exemplo.
3. transtornos disexecutivos – impulsividade e dificuldades de auto-regulação (TDAH, por exemplo).
4. Atraso de aquisição de linguagem oral.
5. Dislexia específica de evolução – dificuldade nas habilidades fonológicas de segmentar mentalmente as palavras nos seus fonemas constituintes, de modo a estabelecer correlações com os grafemas na escrita.
6. Transtorno não-verbal de aprendizagem: dificuldades de coordenação motora, habilidades viso-espaciais, aritmética, na cognição sócia e na capacidade de fazer inferências.
7. Discalculia específica de evolução – dificuldades de processamento numérico e operações aritméticas.
8. Autismo e Síndrome de Asperger – caracterizados por sintomas nas áreas de interação social, comunicação e restrição do repertório comportamental/dificuldades com o comportamento lúdico e imaginativo.
Reabilitação – é a área da saúde que trata da prevenção terciária que diz respeito à independência funcional, qualidades de vida e adaptação psicossocial.
- Restituição funcional (neuroplasticidade) para restabelecimento do nível prévio de funcionamento.
- Compensação – estratégias cognitivas e comportamentais que visam suprir os papéis funcionais dos sistemas neuronais afetados.
O pressuposto da terapia de indução de restrições consiste em forçar o uso do sistema lesado.
O planejamento de um programa de reabilitação envolve uma consideração do perfil do cliente (seus pontos fortes e fracos), da sua família e dos recursos disponíveis na comunidade.
Estratégias na neurorreabilitação:
1) Advocacia – organização e lutas por direitos.
2) Cognitiva – desenvolvimento de habilidades e promoção de crenças, atitudes e valores mais adaptativos.
3) Comportamental – modificação de contingências que controlam comportamentos desadaptativos, substituindo-as por outras, mais adaptativas.
Técnicas de reabilitação:
Aconselhamento ao cliente e à família, de preferência não diretivo. O profissional deve discutir com o cliente e a família quais são as opções, considerando as peculiaridades individuais e da situação, bem como os recursos da família e a comunidade.
O processo de reabilitação pode consistir tanto de esforços para melhorar o padrão de desempenho do cliente quanto de medidas para reduzir ou modificar as exigências e expectativas.
O que é uma deficiência? Falha, carência, defeito.
Deficiência passou a se denominar “estrutura e função do organismo”,
Incapacidade foi denominada de atividades,
Desvantagem tornou-se participação.
O modelo indicava uma cadeia de relações causais que começava com a deficiência, passava pela incapacidade e terminava na desvantagem.
Tendo um pé na medicina e outro na psicologia, mas desenvolvendo seus próprios conceitos e métodos, a neuropsicologia do desenvolvimento mantém um olho na mente e outro no cérebro, um no individuo e outro na família, um olho na natureza e outro na criação.
É intrinsecamente interdisciplinar, biopsicossocial e evolutiva.
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