segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

NEUROPSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: UM ENFOQUE CLÍNICO

Este trabalho trata do resumo do capítulo 15 do livro Aspectos Biopsicossociais da saúde na Infância e Adolescência – Prof. Vitor Geraldi Haase.

A neuropsicologia  estuda as relações entre cérebro e comportamento e tem como objetivos:
a)     localizar a lesão em termos de um modelo de correlação estrutura-função e modelo de processamento de informação.
b)     Obter informações sobre o perfil de funções comprometidas e preservadas para orientar o processo de reabilitação.
 
Cognição – trabalha com modelos de processamento de informação (analogia entre cérebro e computador).
Etapas:
a)     atenção e percepção dos estímulos,
b)     representação e interpretação na memória,
c)     acesso e avaliação das respostas possíveis,
d)     tomada de decisão,
e)     implementação de respostas, modificando o ambiente ou os estados mentais.

Exigências para atuar com neuropsicologia:
a)     conhecimentos de medicina, nas áreas de neurologia, psiquiatria e epidemiologia clínica,
b)     conhecimentos específicos sobre correlação estrutura-funcao e modelos de processamento de informação,
c)     conhecimentos sobre ciências sociais, comportamentais, desenvolvimento humano e reabilitação.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Encerrando Mecanismos de Defesa - Mito Pigmaleão - Sublimação

Para encerrar as postagens sobre mecanismos de defesas, deixei para o último dia aquele mecanismo que segundo Freud, é o mecanismo de defesa mais eficaz, uma vez que é saudável para o indivíduo e para a sociedade. Todos os seres humanos utilizam desse mecanismo em maior ou menor grau, já que todos sonhamos, temos devaneios e sublimamos. Porém, os sábios, os artistas e os cientistas o utilizam em alto grau através da sublimação, uma vez que colocam toda a sua pulsão em favor da produção intelectual e da arte. Vejamos:

Defesas bem sucedidas - são impulsos transformados pelas influências do ego em atributos socialmente aceitos. Assim, esses impulsos são descarregados de forma adequada e sem bloqueios, cessando aquilo que  poderia vir a gerar um incômodo.

Algumas formas de defesas bem sucedidas:

Sonhos, devaneios, fantasias, religião, ciência e arte.

Sonhos: a função principal do sonho é guardar o sono do sonhador, ao permitir a realização alucinatória dos desejos inconscientes, e desta forma, criar condições psíquicas para que o sujeito elabore suas pulsões inconscientes. Os sonhos se expressam através de cenários pictóricos, numa linguagem arcaica, primitiva e carregada de simbolismo. Quando interpretados corretamente adquirem sentido para o sonhador.

Os devaneios e as fantasias são formas de “sonhar acordado”, onde muitos dos desejos conscientes e inconscientes estão presentes.

A religião e a ciência são respostas culturalmente aceitas e são expressões dos mitos e desejos daquele povo.

A arte que se expressa através da sublimação aparece após a remoção de certa repressão dos impulsos originais e incidem angularmente.  Daí uma resultante em que se unificam a energia instintiva, pulsional,  e a energia defensiva com liberdade para atuar. Assim, por exemplo, um fotógrafo poderia ser um voyer que utilizou o prazer escópico (ver por uma fresta e que seria socialmente repudiado), transformando esse prazer em arte. Ele satisfaz o desejo do “ver” ao mesmo tempo que realiza sua arte, colocando-a a serviço da sociedade.

O mito de Pigmaleão reflete o quanto um desejo pode ser transformado em arte:

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mecanismo de defesa: Mito 11 - Aristeu - Projeção

Projeção: operação em que o sujeito, inconscientemente, expulsa de si pensamentos e afetos e os projeta no outro, recusando essas características que de fato estão em si mesmo. Esse mecanismo é comum entre os neuróticos, mas no seu caráter extremo, transforma-se em patologia, com sentimentos e idéias persecutórias, próprias da paranóia. O paranóico é, comumente, um sujeito desconfiado, ciumento e pouco sociável. Não aceita as opiniões ou conselhos alheios.

Mito Aristeu, apicultor

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Uma Casa

Recebi esse poema de uma pessoa que ao longo do tempo se tornou uma amiga - Anabela. Gostaria de compartilhá-lo com voces:

"Uma casa pode ser moldura para muitas histórias, abrigo para muitos afetos, atalho para muitos achados.
A casa traçada pela minha imaginação é assim: cúmplice clandestina dos meus absurdos, desejos surdos, meus cantos escuros. Uma casa em que eu possa escancarar meus quartos secretos, instalar minhas coisas do passado e minhas idéias descabidas.

Mecanismo de defesa: Mito 10 - Formação Reativa - Fedra

Formação Reativa: Este mecanismo se apresenta quando o sujeito utiliza de um comportamento, ação ou pensamento oposto a um desejo recalcado. Por exemplo, a homofobia pode ser um comportamento que o sujeito adota para rechaçar de si um desejo homossexual inconsciente. 

Mito: Fedra

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mecanismo de defesa: Mito 9 - Formação de sintomas - Prometeu

Formação de sintomas: Mecanismo neurótico em que o sujeito transfere para o corpo suas pulsões inconscientes. Neste sentido, o corpo adoece e cria sintomas, cujas causas, muitas vezes são desconhecidas pela medicina. Ex.: Gastrite, úlceras, etc...
Mito: Prometeu

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Mecanismo de Defesa: Mito 8 - Identificação com o Agressor - Niso e Sita

Identificação com o agressor: neste mecanismo de defesa, o sujeito inconscientemente identifica-se com o agressor, imitando-o física ou moralmente, ou assumindo a agressão como sua. É comum em casos de crianças que têm professoras muito bravas, imitarem a professora sendo brava com as bonequinhas, ou criança que apanha dos pais baterem nos coleguinhas... Ainda casos de seqüestro, em que o seqüestrado mesmo sendo vitimizado pelo agressor, o perdoa e o libera da punição.

Mito: Niso e Sita

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mecanismo de Defesa: Mito 7 - Cupido - Regressão

Regressão: neste mecanismo o sujeito inconscientemente retorna a um ponto já atingido no percurso do desenvolvimento psíquico ou a um ponto anterior a este. É muito comum nos casais enamorados que utilizam um com o outro uma linguagem infantilizada, ou em filhos, que tendo ganhado um irmãozinho regridem a comportamentos regredidos, como voltar a fazer xixi na calça, engatinhar, etc,  tais quais o bebê.

Mito: Cupido

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mecanismos de defesa: Mito 6 -Cupido e Psiquê - Isolamento

Isolamento: o sujeito isola um pensamento através de comportamentos que serviriam para quebrar suas conexões com outros pensamentos (geralmente pensamentos de infortúnios), mas que como conseqüência, geram um isolamento na vida do sujeito. Ex.: rituais do compulsivo-obsessivos, como lavar a mão dez vezes para não lhe acontecer uma desgraça, ou contar determinado objeto para não enlouquecer, ou adotar comportamentos como enamorar-se de com uma mulher que ele idolatra mas não sente atração sexual, enquanto faz sexo com outra mulher que considera uma puta. Na preocupação de atender o comando da execução desses rituais, o sujeito se afasta das pessoas, isola-se, vivendo quase que a mercê dos pensamentos/comportamentos. (ex.: o filme: “Melhor Impossível”).

Mito: Cupido e Psiquê

domingo, 16 de janeiro de 2011

Mecanismos de defesa: Mito 5 - Clítia - Inversão contra o eu.

Inversão contra o eu: o sujeito apresenta pensamento ou o afeto que deveriam ser dirigidos para o exterior e que são invertidos contra o próprio sujeito. Assim, qualquer coisa que aconteça o sujeito sente-se culpado, dirigindo contra si mesmo a responsabilidade e a culpa. Este é um comportamento típico de sujeitos masoquistas e depressivos.

Mito de Clítia: (gira-sol)

sábado, 15 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Mecanismos de defesa: Mitos 3 - Teseu - Introjeção


Identificação: é um processo psicológico através do qual o ego se constitui, em grande parte, na medida em que se torna igual a uma propriedade, atributo ou função de um outro. O sujeito se individualiza abarcando uma série de identificações com outros sujeitos.

Mito: Teseu

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Mecanismos de defesa: Mitos 2 - Faetonte - Introjeção

Introjeção: é um mecanismo de defesa em que o sujeito, inconscientemente faz passar  de um modo fantástico, atributos que ele adquiria por portar um objeto especial ou introjetar qualidades inerentes a esses objetos ou pessoas. O sujeito acredita que se usar determinada roupa, marca, cigarro, etc se sentirá mais adequado, mais forte, mais sensual, etc. Também apropriam atributos de outras pessoas, imitando-as, inconscientemente. Os super-heróis representam essa categoria de sujeitos que utilizam de objetos como anéis mágicos, capas que lhes permitem voar, pedras, estatuetas, etc em que introjetam os atributos de fora para dentro de si. 

Mito: Faetonte

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Os mecanismos de defesa a luz dos mitos gregos: Mito do Édipo Rei - Recalque

Escrevi um texto longo, enumerando os mecanismos de defesa e exemplificando cada um deles através dos mitos gregos. Por esse motivo, estarei postando separadamente, dia a dia um mecanismo de defesa e seu respectivo mito. Iniciarei pelo mito de Édipo, que trata do mecanismo de recalque ou rejeição, próprio da neurose. Espero que elucidem como estes mecanismos se apresentam nas pessoas, no dia a dia.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Psiquiatria, Psicanálise e Psicologia

Vejamos quais são as diferenças ou semelhanças entre esses três segmentos da ciência:
A Psiquiatria é o ramo da medicina que se ocupa com distúrbios e doenças mentais. É uma especialidade médica e o tratamento psiquiátrico pressupõe o uso de medicamentos. O médico psiquiatra pode fazer uma formação psicanalítica, tornando-se também, psicanalista. Existem Psiquiatras que são só médicos e os que são Psiquiatras e Psicanalistas.
A Psicanálise caracteriza-se por uma visão dinâmica de todos os aspectos da vida mental, conscientes ou inconscientes do sujeito, mas salienta, principalmente, o papel dos processos inconscientes. A técnica de tratamento se dá pela observação das expressões das falas, atos falhos, chistes, do relacionamento emocional evidenciado na transferência analista-paciente, pela análise dos sonhos, análise das memórias e desejos inconscientes. O tratamento se dá ao tornarem conscientes os significados inconscientes causadores das desordens mentais e que constituem a estrutura das neuroses e psicoses.
A formação psicanalítica é ministrada nos grupos e círculos psicanalíticos. Pessoas com formação superior, fora da área médica ou psicológica, também podem tornar-se Psicanalistas. Não há uma formação acadêmica em Psicanálise. Nas universidades o que é oferecido são disciplinas com a abordagem psicanalítica ou cursos de especialização em psicanálise, o que não constitui, porém, a formação psicanalítica. No Brasil a Psicanálise não está regulamentada como profissão.
A Psicologia é a ciência da natureza, funções e fenômenos da mente humana, (psiquê), expressos através do comportamento. É por isso também chamada a ciência do comportamento. Atualmente ela abrange
Áreas como: clinica, escolar, educacional, social, jurídica, esportiva, psicodiagnóstica, hospitalar, do trânsito, etc..
Os Psicólogos Clínicos, geralmente passam de 5 a 6 anos na faculdade aprendendo sobre aspectos comportamentais, diagnósticos, aplicação de testes e tratamento. Na grade curricular dos cursos de Psicologia entra o ensino da teoria psicanalítica, da fenomenologia, do behaviorismo, da sistêmica, da gestalt e da existencial humanista.
O psicólogo clínico avalia e trata de pacientes com problemas psicológicos sem se utilizar de psicofármacos.

O Tempo e o cérebro humano.

Por Airton Luiz Mendonça -

(Artigo do jornal o Estado de são Paulo)


O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.

Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio... você começará a perder a noção do tempo.

Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.

Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.

Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:
Nosso cérebro é extremamente otimizado.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Psicologia do Desenvolvimento segundo Anna Freud

Anna Freud, nascida em Viena, 1895, filha caçula de Sigmund Freud, se dedicou mais que seu pai a descrever a dinâmica do adolescente. Atribuiu à puberdade como fator marcante na formação de caráter. O processo fisiológico de maturação sexual, com o funcionamento das glândulas sexuais influencia diretamente a esfera psicológica, acentuando as relações entre o id (impulsos instintivos) e o ego (que é governado pelo princípio da realidade) e o superego (consciência). Esta interação resulta no redespertar instintivo das forças libidinais que, por sua vez, ocasionam o aparecimento do desequilíbrio psicológico. Assim, um dos aspectos da puberdade é o esforço para se restabelecer o equilíbrio interno.

Durante o período de latência, o superego da criança se desenvolve através da assimilação dos valores e princípios morais que lhe são apontados pelas pessoas com as quais ela se identifica. Esse processo substitui o medo infantil do mundo exterior pela ansiedade produzida pelo superego ou consciência. Desenvolve o senso do certo e do errado e experimenta sentimentos de culpa, quando seu comportamento discorda do código moral. Assim, a ansiedade do superego resulta da identificação com seus pais ou outras autoridades importantes e da interiorização do sistema de valores morais destes.

Durante a infância a inibição dos impulsos do id, no mais das vezes, se deve ao medo do castigo, originado no ego, e aparece quando o comportamento inspirado pelo id se materializa. O comportamento é também controlado pelo poder parental de recompensar, física ou psicologicamente. Durante a pubescência, o ego, cedendo aos impulsos do id, entra em conflito com os padrões morais já interiorizados do superego. A criança experimenta a frustração interna quando uma figura de autoridade interfere na obtenção do objeto almejado. O pubescente, por outro lado, experimenta frustração interna uma vez que a obtenção do objeto visado é dificultada por inibições internas originárias da consciência. O superego possui também o poder de dar recompensa através do ego ideal. Durante a pré-pubescência, a quantidade de energia instintiva começa a crescer e pode estar ligada a qualquer impulso do id e não somente aos impulsos sexuais. Esta mudança no mecanismo de controle, de externo para internos, leva as faculdades mentais a um estado de desequilíbrio. Assim, pode-se observar a intensificação das tendências agressivas, perversidade, preocupação com a sujeira ou desordem, brutalidade e tendências exibicionistas.

O advento da maturidade sexual cria um aumento perturbador da influência libidinal sobre a esfera psicológica; há um redespertar temporário ou uma regressão aos estágios anteriores de desenvolvimento.

Anna Freud afirma que um segundo complexo de Édipo ocorre no início da pubescência, onde os impulsos edipianos se tornam totalmente conscientes e são usualmente gratificados ao nível da fantasia. O superego recém-desenvolvido entra no conflito, produzindo ansiedade, e assim provoca o aparecimento de todos os métodos de defesa de que o ego dispõe, segundo a extrutura neurótica.

Anna Freud trata principalmente do desenvolvimento desviado ou patológico e dá pouca atenção ao ajustamento sexual normal, mas descreve claramente dois perigos possíveis para o desenvolvimento normal:
a)     o id pode suplantar o ego e a entrada na fase adulta da vida será marcada por um tumulto na satisfação desinibida dos instintos;
b)    o ego pode sobrepujar o id e confiná-lo numa área limitada, mantendo-o constantemente refreado por numerosos mecanismos de defesa.

Dentre os muitos mecanismos de defesa que o ego pode fazer uso, Anna Freud considera dois como típicos da pubescência: o asceticismo e a intelectualização. Ambos existem antes da pubescência, mas se tornam especialmente importantes neste período. O asceticismo do adolescente é devido a desconfiança generalizada de todos os desejos instintivos. Esta desconfiança vai muito além da sexualidade, incluindo a alimentação, o sono e até mesmo os hábitos de se vestir. O aumento dos interesses intelectuais e a mudança dos interesses concretos para os abstratos são tidos como mecanismo de defesa contra a libido. Isto naturalmente enfraquece as tendências instintivas quando na vida adulta, e novamente a situação torna-se “prejudicial ao individuo”. Anna Freud considera que as “instituições do ego, que resistem ao massacre da puberdade sem ceder, geralmente permanecem inflexíveis por toda a vida; inabordáveis e insuscetíveis de correção, que a realidade em mudança exige”.

 (Resumo elaborado para aula sobre o tema).


2011

Nestas duas propostas me esforçarei:
 1) buscar sabedoria para acertar mais do que errar,
 2) ter humildade para reconhecer os meus erros.
(E quem sabe, se possível, corrigí-los).
Eliana

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Projeto de Vida: questão de cidadania!

Apesar de darmos ênfase na importância do exercício da cidadania pelo  adolescente, não lhes possibilitamos a realização de todas as suas capacidades ou seja, sua auto-realização. Como esperar sua participação efetiva na sociedade, enquanto protagonista e cidadão, se o destituímos do que ele tem de melhor que é a sua identidade, quando os denominamos aborrecentes, inconsequentes, incoerentes e dependentes? É na construção  da identidade do jovem que se articulam os aspectos psíquicos, sociais e políticos  e emergem daí o sujeito cidadão para criar a história. O crescimento do jovem tem base no desenvolvimento da auto-estima, do auto-conceito e auto-confiança, que se entrelaçam em sentimentos positivos em relação a si mesmo, se compreender e se aceitar, se reconhecer e se sentir reconhecido, ser aceito, confiar no mundo e nas pessoas. A visão destemida do futuro é o primeiro passo na construção da cidadania e em conseqüência, de um projeto de vida.