Adolescência: fase propícia ao desenvolvimento do estresse

Cada vez mais percebemos que as pessoas têm enfrentado diversas pressões: da falta tempo para desempenhar as diversas tarefas que lhe são atribuídas, constantes mudanças sociais e econômicas, dificuldades de relacionamento, enfrentamento de situações de violência, falta de segurança e, como conseqüência, vemos pessoas extremamente tensas, angustiadas, com rostos preocupados e prontos para “explodir” por qualquer motivo.

Segundo Kaplan & Sadock, o “estresse pode ser definido como qualquer exigência ao organismo que não possa ser dominada ou englobada dentro de um período de tempo razoável. O estresse em si não é sinal de doença. Num certo sentido o estresse faz parte da vida de todo ser humano e é a indicação de que algo não vai bem, de que o corpo necessita de um equilíbrio ou de reagir diante de um perigo eminente, real e externo.

Sinais e sintomas do estresse.

Sinais como aumento de glicose, aumento do colesterol, hipertensão arterial, aumento na freqüência respiratória, contração da musculatura, dificuldade de digestão são sinais que o stress dispara no corpo para que o organismo volte ao seu estado de homeostase e encontre seu estado de equilíbrio.

Pode provocar agitação, ansiedade, diminuição da memória, dificuldade na coagulação sangüinea, exarcerbação ou diminuição do apetite, palpitação cardíaca, insônia, inapetência sexual, oscilação do humor, falta de concentração, fadiga, etc.  

O estresse é uma preocupação de saúde pública que, além de excluir pessoas de atividades produtivas também gera aumento no número de consultas, exames e hospitalização afetando a economia do país.

No que tange à adolescência, seu corpo nesta fase possui uma atividade mais exacerbada do sistema hormonal e pode ficar afetado por um descompasso no seu funcionamento. Também a sua personalidade está passando por transformações a que chamamos de Síndrome Normal da Adolescência. Essa Síndrome é o conjunto de sinais comportamentais que caracterizam esta fase da vida própria do adolescente e que muitas vezes pode ser confundida com patologias, mas que podem gerar stress no adolescente.

São elas:

- Busca da identidade que corresponde a fase de adaptação ao seu novo corpo, busca dos iguais e lidar com sua sexualidade de forma adequada;

- Tendência grupal que se mostra pela necessidade de acolhimento nos grupos, o que lhe dá sentimento de pertencimento e mais segurança;

- Necessidade de fantasiar e intelectualizar – é uma defesa contra os lutos e perdas próprias dessa fase;

- Crises religiosas que vai da falta completa de ligação religiosa ao místico fervoroso. É uma maneira de lidar com a própria morte e a perda dos pais;

- Deslocamento temporal com dificuldades para lidar com o tempo, pois tudo é para depois ou precisa ser feito urgente;

- Atitude reivindicatória em que há uma oposição à família e que posteriormente é transferida para o meio social, onde são projetadas as raivas e as condutas destrutivas (rebelde sem causa),

- Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta buscando uma melhor adaptação;

- Separação progressiva dos pais, que se estabelece pelo sentido de maturidade que o adolescente sente e pode  ser facilitada ou dificultada pelos pais;

- O processo da adolescência é acompanhado pela depressão e ansiedade, uma vez que nem sempre a realidade satisfaz as aspirações dos indivíduos, advindo daí constantes flutuações do humor;

- Evolução sexual desde o auto-erotismo até a heterossexualidade que inicia-se com a masturbação, sendo esta uma atividade com características exploratórias e de auto-conhecimento. É uma forma de descarregar as tensões, assim como o roer unhas, gagueira, torcer cabelos, o uso de palavrões, indiferença com a limpeza. O estar apaixonado é uma das características importantes nesta fase, podendo evoluir para o amor maduro.

Todas essas vivencias são extremamente necessárias para que o jovem atinja a maturidade. O jovem vive as pressões do cotidiano com muita intensidade e sofrem as pressões do meio ao qual pertence para que estabeleça novas relações com os pais e com o mundo.

O estresse não é necessariamente ruim. A falta de adequação do sujeito para lidar com isso é que o torna ruim.

O que fazer para lidar com o estresse?

É importante que as pessoas busquem um maior entendimento da complexidade do fenômeno do stress e o seu envolvimento biopsicossocial na etiologia de várias enfermidades. Concomitantemente, é necessário que se criem estratégias de enfrentamento e desenvolvam meios efetivos de recuperação, promoção da saúde e melhoramento da qualidade de vida.

O que se sabe é que as mudanças dos hábitos adotando uma boa nutrição, atividade físicas, técnicas de relaxamento e respiração, estruturar horários regulares para o sono e outras medidas beneficiarão em muito a reestruturação do equilíbrio do corpo. Ao adolescente deve-se orientar manter uma agenda diária com espaço para o laser, o descanso e para os relacionamentos interpessoais, que para eles é fundamental. Medicamentos contra a ansiedade, a depressão ou disfunções cerebrais também devem ser considerados como estratégias para a melhoria da qualidade de vida.

O que se objetiva, ao final, é que cada pessoa, adolescente ou não tenha uma vida saudável, com contentamento, energia e harmonia.